domingo, 22 de junho de 2008

QUESTÕES, OPINIÕES E REALIDADES


















Escrevi no preâmbulo deste “Blog” que o objectivo de o fazer “nascer”, passaria por impor a mim próprio, restrições e condições fundamentais á prestação de um “serviço” de informação, que embora muito pessoal e muito limitada, não pretende ser mais do que dar a minha opinião sobre determinados assuntos que penso, serem minimamente dignos de serem expostos à opinião daqueles que queiram fazer o esforço de abrir o “Lufada de ar puro” e sintam um pouco a “curiosidade” de saber o que vai na cabeça deste simples mortal. Essas condições, digo eu, são as de não deixar que o “Blog” caia num “marasmo” estático, e possa transmitir uma imagem de que o seu “criador” sofre de inércia, o que seria normal dentro do panorama de uma “Portugalidade autóctone” de que o país se ressente e que começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, que se preze.
Mas não é nada disso! Por mais que me tenha custado “não dar sinal de vida”, não tive qualquer possibilidade, pelo fluxo acumulado de obrigações que me invadiram todos os “timing’s” da agenda e me retiraram qualquer tentativa de dizer “olá” neste espaço que considero meu. Excluindo as horas diurnas semanais, aonde tenho a obrigação de justificar a “ajudinha financeira” (fiz um esforço para não dizer esmola), que me é atribuída por tabela, imposta por quem nos obriga a fazer magia para conseguir que ela se torne elástica, e que chegue no mínimo para cobrir as nossas “modernidades” (telemóvel, tv cabo, net, etc), tive também as noites superlotadas com os “afazeres” dos Resultados de Exploração Cinegética e Resultados Financeiros, que tinham obrigatoriamente de ser entregues até 15 de Junho, além da realização dos Planos Anuais de Exploração para o próximo ano venatório.
É um trabalho rigoroso que tem de se efectuar e que exige atenção e concentração de quem o realiza, para que não haja revezes, e para que não tenha de ser efectuado novamente. Não contabilizo os fins-de-semana e feriados que são “sagrados” para prepararmos as jornadas cinegéticas nas nossas Zonas de Caça. Este trabalho não pode ser “descuidado”, correndo-se o risco dos animais não “querenciarem”, pois o alimento é fundamentalíssimo para que estes tenham boas condições de reprodução, e não tenham que “emigrar” para fora do nosso raio de acção.
A partir de agora, tudo farei para abdicar de algumas noites em qualquer esplanada, a saborear umas “loirinhas” para poder dar animação a este “espaço” na Internet.
No entanto, gostaria de ver comentados alguns artigos ou fotos (agradecendo desde já, aos poucos “corajosos” que já comentaram), não para que possa ganhar incentivo e estímulo, que também necessito como qualquer ser humano, mas para poder aferir se “estou a escrever para o boneco” (como se costuma dizer), se há visitantes neste local, ou se estou somente a escrever um diário, aonde só eu entro. Até porque não existe ninguém que leia alguma coisa e não pense algo acerca disso. No mínimo, se está ou não de acordo. Então porque não colocar um comentário? Porquê deixar que eu pense que estou certo, se por acaso houver quem pense o contrário?
Eu sei que nós Portugueses, temos o hábito de falar quando não está o protagonista da nossa conversa, por um lado, e por outro gostamos de fazer heróis antes de se ganharem as guerras, e se as ganharem, temos a tendência de vulgarizar esses mesmos heróis.
Posso referir como exemplo a nossa Selecção, que partiu de Portugal já com o Campeonato da Europa ganho, e até mais que ganho! A única dúvida, consistia no adversário da final. Cada português, com a ajuda da comunicação social, criou e alimentou expectativas que excederam todos os parâmetros do bom senso da realidade e até do respeito para com eles próprios e com os próprios atletas. Porquê?
Porque essa “onda”, gerou um clima de vaidade e arrogância nos 23 elementos que teriam de ter a humildade e modéstia de não aceitarem essa euforia, e perceberem que no campo de “batalha” é que tinham de mostrar os actos heróicos. Mas não! Eles assumiram-se como heróis, e depois aconteceu o que toda a gente sabe!
Quem parece terem ficado bastante preocupados, foram os nossos governantes, principalmente um deles, que não tem conseguido sair á rua (com os seus infinitos guarda-costas), sem ser apupado, vaiado e assobiado. Até agora, enquanto as bandeiras desfraldadas ao vento “baloiçavam” nas janelas e se gritava “Viva Portugal” o Povo estava ocupado, distraído e “feliz”. O problema é que agora com o “desastear” delas voltou a lembrança de que o combustível tem vindo a aumentar quase diariamente e que o único culpado é o Governo, por manter os impostos do mesmo elevadíssimos e ter “liberalizado” sem restrições, deixando que os “lobbies” do sector, do nosso País (que todos sabemos quem são), tomassem de assalto as nossas carteiras, para poderem alimentar meia-dúzia de “magnatas” que estão na sua gestão e que tiveram como estágio o próprio Governo, aplicando agora os vícios aprendidos em todo o seu esplendor, fazendo eles os seus próprios ordenados (multi-milionários) e escolhendo as suas mordomias sem qualquer tipo de ressentimentos.
…. Mas o que eu estou a fazer? Estou a desviar-me do objecto proposto para este “blog”? Descuidei-me um pouco, e peço desculpa! Pois só as Actividades e Eventos realizados em sintonia com a natureza, merecem referência e a minha atenção, sejam eles na forma escrita ou visual (fotografia). Então deixem-me dizer-vos que ontem de manhã antes de entrar no meu local de trabalho, passei por um quiosque (como faço muitas vezes), para ler os títulos dos jornais. Só mesmo os títulos, porque o meu trabalho não permite que eu leia o seu conteúdo (pelo menos a mim), por isso não os compro, como outros nem precisam de comprá-los para os lerem no mesmo local, mas como se compreende estamos em Portugal e o estatuto de cada funcionário é atribuído conforme conveniência, pelas “competentes” chefias. Mas pronto! Li na primeira página de um jornal local que os grifos e abutres no parque Natural do Tejo estão a atacar os rebanhos. O quê? Pensei com todo o direito que me assiste! A atacar os rebanhos??? Meu Deus; Este mundo está voltado do avesso?
Já não bastam os galos deixarem de cantar só ao nascer do sol e passarem a cantar a qualquer hora do dia, as aves migratórias que há milhões de anos faziam as suas rotas em busca do alimento “sazonal” ou para nidificarem com condições de temperatura e humidade, deixarem de fazer essas migrações ou desviarem-se dessas rotas milenares, para agora, também as aves necrófagas atacarem animais vivos??? O que se passa? Eu pensava que a “mãe natureza” tinha adaptado “morfologicamente” cada animal ao seu tipo de alimentação, habitat, etc., mas afinal parece que não é assim! Como pode uma ave dotada de um bico para puxar as entranhas em putrefacção dos animais, conseguir imitar uma águia, que a natureza lhe quis proporcionar um bico “mortífero” em forma de “adaga”, garras fortes e afiadas como punhais, além da coragem para investir sobre animais de grande porte?
Pois é! Se pensarmos um pouco, reparamos que além disto, os animais também estão munidos de um instinto de sobrevivência, e esse, não permite que em caso de fome extrema, simplesmente, fiquem no seu canto para desfalecer e morrer. Pelo contrário! Diz-lhes que tudo devem fazer e dá-lhes uma coragem e força suplementar, para arranjarem o alimento para se manterem vivos. Agora eu pergunto? Como apareceram ali os grifos e abutres? Concerteza não vieram directamente do Egipto! Claro que não!! Estas aves foram introduzidas na zona, com pompa e circunstância, protagonismo desmedido e incoerência saloia das nossas forças de Protecção Ambiental, que disso só têm o nome, com o apoio e subsídios Governamentais, que povoaram a Zona do Tejo internacional e outras zonas do País. Mas basta introduzir? Basta povoar? E o alimento? Quem o fornece?
Por várias vezes já ouvi e vi estas “forças” Ambientais a contestarem, a reclamarem, a exigirem e a acusarem os caçadores de tudo e por tudo, mas jamais os vi colocarem alimento quer para os animais que são comprados com o nosso dinheiro (abandonados no campo por eles), quer para os animais silvestres que após um fogo “deambulam” em agonia pelo monte. Este trabalho tem sido realizado por aqueles que eles acusam.
São as Associações de Caçadores os verdadeiros amigos dos animais, com algumas excepções, como se entende, mas que de uma maneira mais ou menos generalizada, após o Ordenamento do Território, que deitam a semente á terra para sustentar esses animais e assim possam sobreviver e reproduzir-se.
A mim dá-me imenso prazer, produzir alimento para os animais e sinto-me recompensado pelas sensações e imagens únicas que tenho o privilégio de sentir, causadas pela “cumplicidade” que se gere entre os animais e quem trabalha para eles. Sentir que necessitamos deles como eles necessitam de nós e poder conviver com eles hoje e com os filhos, amanhã, são sentimentos que infelizmente nem todos podem usufruir, e muitos há que podem mas não têm vocação.
Eu quero que o Portugal real de hoje, seja somente uma caricatura do Portugal de amanhã, mas para isso, temos todos que fazer um esforço para conseguirmos pensar num colectivo, como se esse colectivo fosse cada um de nós!
Até já!

NOTA: As fotos apresentadas neste artigo, referem-se a trabalhos de alimentação e criação de condições alimentares, realizados por mim e pessoas que pensam como eu. As fotos dos animais e aves que “ladeiam” e “enfeitam” este “blog”, são a minha recompensa!
Manuel António