sábado, 27 de dezembro de 2008

JÁ NÃO SINTO O NATAL



É com muita tristeza que confesso, que já não sinto o Natal!
Cada ano que passa, piora o meu sentimento em relação a este dia, que pelos tempos fora foi um marco comemorativo do nascimento de Jesus e “carregou” uma força de fraternidade, união e amor. Amor e respeito pelo semelhante!
Sempre compreendi o Natal, como sendo uma reflexão pessoal, aonde cada Ser Humano (Cristão), faz uma “arrumação” interior e arranja um “cantinho” para meter lá a paz e o amor necessário até conseguir o sentimento maravilhoso de uma limpeza espiritual. Era mágica a palavra “Natal”! Aqueles que tal como eu, sentiram os “Natais” de há trinta e tal anos, compreendem o sentido das minhas palavras.
Três décadas constituem somente o período, desde que uma pessoa nasce até ser homem ou mulher (ainda jovem), no entanto, classifico este período de tempo (os últimos 30 anos da história da humanidade), como sendo o que mais modificou o mundo em todos os sectores. Quem ousaria pensar (há 30 anos), que brevemente todos dependeríamos de umas “coisas” como os telemóveis e a internet? Ou que iríamos todos utilizar a mesma moeda em vários Países da Europa? Que após 30 anos, não seriam necessárias tantas escolas? Quem ousaria pensar que essas mesmas escolas iriam banir os livros e substituí-los pelo “brinquedo” (Magalhães) que irá ensinar as crianças a deixarem de pensar? Além destas mudanças, poderia referenciar mais um milhão delas, mas a formação e a educação dos nossos filhos e a forma como eles a interiorizam e aceitam, para mim é a mais “chocante”, porque faz deles adultos com ideologias e modos de vista tão diferentes que acabam por “chocar” com os padrões do bom uso, compreendidos pela maioria dos pais.
Por isso o mundo está a mudar! As ideias e os sentimentos são diferentes e já não se coadunam com a minha ideologia nem sentimentos. Sinto-me “FORA DE PRAZO”, por isso, o Natal já não é meu!
Não é só a missa do galo que deixou de ser celebrada á meia-noite, e passar a ser às 5h da tarde, por um Sr. que sendo mais pecador do que eu, faz de padre em troca de uns euros e afasta os crentes. Também não é pelo facto de as crianças, não conseguirem sentir emoção no momento da abertura de uma prenda que os pais se esforçaram para lhe conseguir dar. Tão-pouco é o facto de os verdadeiros sentimentos de amizade e boas-festas que eram ditos com voz e coração, terem sido substituídos por frases de sentimento (virtual), lançadas para os telemóveis e internet pelas operadoras (multimilionárias) que enchem a “carteira” á custa da falta de sentimento das pessoas que não têm coragem de o fazer de outro modo. Nem sequer é pelo facto de relacionar o sentimento de Natal das pessoas, com o acto de "enforcarem" o Pai Natal nas varandas e janelas, deixando-o a balançar na ponta da corda.
Não é só por isso, mas é também por isso! O Natal para mim é triste e de imensa SAUDADE! Passar um dia destes a fingir que tudo é como dantes e que estou adaptado, é muito angustiante para mim. Prefiro calçar as minhas botas gore-tex e sair logo pela manhã para o monte, como faço amiúde e partir o gelo, pisar a geada e sentir o “picante” do frio nas minhas mãos e na cara, enquanto distribuo alimento aos sobreviventes da época cinegética.
Faz-me falta o contacto com o campo e com os animais. Ali, liberto-me de todos os vícios humanos e …consigo RECORDAR O NATAL!
Manuel António

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

AONDE ESTÁ O MEU TEMPO?



Eu sei!
Estou irremediavelmente em falta com os compromissos assumidos, aqui, neste Blog, que me propôs “alimentar” .
O problema está no tempo e não em mim! Ele é demasiado escasso e muito veloz! Lembro-me quando o tempo ainda era abundante, se esgotava ao ritmo das minhas brincadeiras e sempre em proporcionalidade com os meus afazeres. Era eu uma criança! Difícil, era conseguir aproveitá-lo no seu “expoente máximo”. E agora? Nem quero pensar!
Não consigo acompanhar o ritmo a que se esgota e dou comigo a “dar cabeçadas na parede” para me lembrar do que não consegui “encaixar” dentro do “timing” que se esvanece sem piedade, desprezando os meus objectivos e ambições.
Já tentei (e tento) enganá-lo, reduzindo o sono, Mas sempre acabo com o sentimento de que o tempo “encolheu”.
Por isso corro, mas nunca chego! Por isso a angústia (que anda em sentido contrário ao do tempo) facilmente me encontra e me lembra o quão insignificante é a minha “massa molecular” neste Universo viciado por agentes nocivos aos valores fundamentais. Por isso a vontade de desistir vai ganhando força, dentro de mim e querendo que baixe os braços e me deixe “afogar” na corrente que segue no sentido do acaso, para que apague de vez o sentimento de que nasci “fora de tempo” e a sensação de que nesta Sociedade só “encaixam” os “bacharéis” do “logro”.
O tempo é proporcional á facilidade ou dificuldade que as pessoas encontram para viverem ou sobreviverem. Sobrevivem os que lhes falta tempo e vivem os que, o tempo lhes sobra.
Resta refugiar-me, para me encontrar e poder continuar a ser quem sou. É no campo que me sinto bem, por isso, tento sempre que possível usufruir da chuva, do sol, do vento, do frio e do calor, como se fossem dádivas de Deus, por serem fundamentais á renovação de todos os elementos naturais (vegetais e animais). A Natureza me atrai! É extasiante a sua beleza e os seus encantos. A luxúria das suas cores e dos seus perfumes embriagam-me os sentidos. Quero estar perto dela e respeitá-la até á morte.
Tenho tido o privilégio de estar muitas vezes com ela, longe da maldade dos homens para encontrar a paz de espírito, a força e a coragem para enfrentar os momentos em que não posso estar só.
É isso que quero! Estar só, tentar entender e usufruir do tempo!

Manuel António