sábado, 29 de março de 2008

NATUREZA...humana



Quando criei este “blog” apontei os objectivos do mesmo, os quais, estão dirigidos para as actividades realizadas em sintonia com a natureza. O presente artigo, poderá suscitar alguma estranheza em relação ao seu conteúdo, por este não estar directamente relacionado com um evento ou uma actividade. Mas se repararmos melhor, pretendo falar da natureza humana, e neste caso concreto, a maneira como (pessoalmente) analiso o modo de vida actual da nossa sociedade, não querendo, obviamente, generalizar todos os portugueses e todos os habitantes do planeta, mas somente transmitir a minha opinião em relação ao modo como eu sinto essa natureza.

Não é novidade para ninguém que este novo modelo de vida a que todos nos adaptámos “pacificamente”, nada tem a ver com o do tempo que há trinta anos imperava.
Não há dúvida que estas três décadas, formam o número mais restrito de anos que mais modificaram e alteraram o mundo durante os largos milhares de milhões de primaveras e épocas glaciares que este jovem planeta já gozou.
Lembro-me ainda perfeitamente, das estações do ano que integravam o programa escolar da minha infância, as quais: Primavera, Verão, Outono e inverno estavam perfeitamente definidas, cumprindo cada uma delas, os “timings” seculares estipulados para a sua longevidade. Recordo-me que nesse tempo além das inevitáveis redacções sobre o tema, onde era sempre a Primavera a estação mais bonita, havia em cada aldeia uma escola, e em cada escola o número suficiente de alunos para a encher.
Posso ainda ouvir os galos ao romper da madrugada (nesse tempo, só cantavam ao nascer do dia), enquanto lavava os “olhitos” com água aquecida numa panela de ferro que a minha mãe ponha ao lume, antes de me acordar para ir para a escola.
Consigo ainda sentir nas minhas papilas gustativas, o sabor daquele leite (ordenhado no dia anterior), acabado de ferver, que depois de bebido me desenhava um bigode de nata espessa, que “lambia” num ápice.
Recordo-me de tanta, tanta coisa, que hoje não são mais do que isso; Recordações!
Meu Deus! Como o mundo mudou, como mudaram as mentalidades, como tudo é tão diferente.
Ainda trago nos ouvidos a doce melodia do “bom dia” que ía saindo de todas as bocas que eu ía encontrando enquanto me deslocava livremente para todo o lado, e ver as portas abertas das casas, que recebiam com alegria qualquer “transeunte” que nelas quisesse fazer uma pausa para conversar e saciar a sede.
Nunca consegui compreender muito bem, como o mundo sofreu tão forte “mutação” em tão pouco tempo. Como os filhos daqueles pais, que eu ainda conheci adquiriram uma personalidade e pensamento, que em nada se coaduna com a formação “primária” que lhes foi transmitida pelos seus progenitores e aperfeiçoada pelos seus professores.
No tempo dos meus avós, filho de sapateiro, era sapateiro, de carpinteiro era carpinteiro e todos sentiam orgulho em continuar a profissão da família. A honra, era a mais nobre das acções, e a palavra, a senha que abria todas as portas.
Honra e respeito, são agora palavras “nostálgicas” para quem ainda conheceu a essência do seu poder.
Por vezes, dou comigo a pensar que mudei de mundo sem ter mudado de lugar. Não consigo reconhecer actos que hoje são considerados legítimos, nem tão pouco compreender acções efectuadas tão “levianamente” e impossíveis de acontecerem há trinta anos, como a falta de respeito pelo semelhante, ou a mentira, usada nos dias de hoje como um “ás de trunfo” por muita gente para atingiram mais rapidamente os objectivos, e utilizada amiúde pelos Políticos e Governantes.
Os “valores fundamentais” extinguiram-se a partir do momento que as pessoas se cansaram de respeitar e serem respeitadas e de amar e serem amadas, para se entregarem a um modo de vida “plastificado”.
Há trinta anos não existia tanta tecnologia e as pessoas conseguiam viver e fazer as suas próprias descobertas (caseiras), e transmiti-la aos filhos que, se desenrascavam perfeitamente a fazer um bico mais forte ao pião, a fazer uma “forcalha” mais bonita para a “fisga”, a construir um carrinho de rolamentos com travões de solas de sapatos ou a construir um papagaio de papel com jornais, canas e trapos. A relação entre pessoas, era uma relação de entreajuda e respeito.
A partir de um determinado momento houve uma “revolução” tecnológica, que invadiu as “mentalidades” e tudo se alterou. De repente, quase sem ninguém se aperceber, as “playstations” e os computadores substituíram as brincadeiras de rua e aprisionaram os nossos filhos, condenando-os ao isolamento dos seus quartos, os telemóveis “roubaram” a magia da saudade, e “apagaram” a ansiedade, que nos causava aquele “aperto” carregado de carinho no coração, expondo os nossos actos a uma vulgaridade tal, que a maioria dos sentimentos simplesmente se perderam para sempre.
Assisti incrédulo (enquanto almoçava), há poucos dias, às imagens televisivas de uma aluna de 15 anos a agredir uma professora, pelo motivo de esta, lhe querer retirar o telemóvel que estava a perturbar a aula. Nesse momento, pensei serem irreais aquelas imagens da professora no meio de umas dezenas de “selvagens”, que tal qual, um grupo de “hienas” investia sobre uma vítima indefesa. Não vi só a aluna que agrediu e evitou a fuga da professora, reparei também na cumplicidade das outras personagens que não conseguiram ter capacidade de intervenção em defesa da razão, e que aproveitaram a situação para “curtirem”, regozijando-se com palavras “bárbaras”, repletas de sentimento ignóbil pela sociedade. Eu vi! Ninguém me disse. Eu vi igualmente alunos que mataram professores e colegas e se suicidaram em seguida, nos Estados Unidos. Vejo também, que os “valores fundamentais” são hoje, fósseis da “pequinês” humana que um dia deixou de ser humilde, e não se importou de os trocar por outros que as “modernices” lhes impuseram, para os quais, só os filhos estão adaptados.
Por outro lado, fico “pasmado” quando reparo que os professores mostraram uma força enorme para se manifestarem contra o “sistema de avaliação” dos mesmos, e nada fazerem para reivindicarem o seu estatuto de professores com autoridade na sala de aulas.
Pronto desculpem! Não vou dizer mais nada do muito que tinha para dizer. Mas é tão só a minha opinião. É claro que tenho direito á opinião, mas toda a gente tem o direito de não de estar de acordo com ela. Por isso, não vou dizer que estamos a entrar na “Era dos morcegos”. Daqueles que dormem de dia e andam de noite, sem serem padeiros, guardas-nocturnos e outras profissões (muito dignas) que dão “o pão-nosso de cada dia”.
Mas a minha dúvida subsiste!
De quem é a culpa?
É da tecnologia? É do Governo? É do Saddam Hussein?

Para finalizar, quero aqui fazer referência a algo que aprendi na escola (quando se dava atenção ao que o professor dizia, e era considerado imprescindível na nossa educação), e que era o facto de Portugal ser considerado um País pouco desenvolvido pelo motivo de ter na sua economia uma taxa elevada do Sector Primário (agricultura), e que os Países mais desenvolvidos tinham como taxa maioritária o Sector Terciário (Indústria). Agora que já passaram alguns anos, e reparo que a agricultura é rara neste País, tento reencontrar a confiança, a esperança, o amor e o respeito, mas em vez disso, encontro por todo o lado o ódio, a revolta, a indignação, a frustração, o egoísmo e a hipocrisia.
Será por isso que ainda hoje me refugio no Sector Primário?
Amanhã, um passarinho me responderá!


Manuel António

domingo, 23 de março de 2008

OS CAÇADORES MERECEM RESPEITO










Actualmente, existem em Portugal aproximadamente 260 000 caçadores. Não significando contudo, que todos sintam a caça da mesma maneira. Logicamente que uns preferem caçar às espécies menores (com cães), outros às espécies maiores e outros ainda só às espécies migratórias. Independentemente do gosto de cada um, chama-se a este prazer “Actividade Cinegética” ou somente “Caça”.
Mas será que esta Actividade é sentida da mesma forma por todos aqueles que a exercem? Será que o “gene” dos nossos antepassados está presente no “ADN” de todos os caçadores?
Para uns sim, para outros não!

Uns, acham que qualquer pessoa que seja educada entre caçadores, será concerteza também caçadora. Outros acham (nos quais eu me incluo) que não será bem assim.
Para mim ser caçador, é sentir algo muito profundo originado por impulsos genealógicos, que por alguma razão “inata” e sem haver qualquer incentivo familiar, tem a força necessária para despontar e nascer. É o caso de muitos, que não tendo influência de alguém com laços, ou sem laços familiares, na vertente da “Arte Venatória”, só por eles, conseguem o estímulo necessário ao crescimento e amadurecimento de uma vontade interior, até conseguir “exteriorizá-la” e dar-lhe corpo e alma.
Há depois os casos (maioritários), que por incentivo e influência de alguns familiares se transformaram em caçadores (quase por obrigação) da mesma forma e razão que os seus “professores” com os quais aprenderam as “lições de caça”.
Deste modo se o “Mestre” era “caçador respeitador”, então o aluno conseguiu assimilar o necessário e essencial do respeito e irá dignificar a Arte que a Deusa Diana criou. Mas se o “professor” lhe ensinou a parte marginal da caça e menos digna, então não tenhamos dúvidas, que esse aluno irá conseguir desenvolver novas técnicas e até surpreender o “Mestre”.
Infelizmente, (tal qual um embriagado) este não o reconheça, existem bastantes.

Aos olhos dos caçadores (os verdadeiros), este tipo de “transeuntes do monte” são imediatamente reconhecidos e não são aceites como tais, mas aos olhos do cidadão comum são confundidos com os autênticos, provocando-lhes uma certa relutância, em relação a todos.
O verdadeiro caçador, tem atitudes de respeito tanto pelos semelhantes como pelos animais e desenvolve acções de preservação da floresta.

Ninguém consegue imaginar animais a deambular sem floresta, nem floresta sem animais e muito menos caçadores sem ambas as coisas.
Quando falo que o caçador deve ser o primeiro a preservar, não quero com isto dizer, que não deva abater animais, senão não se chamaria caçador. Refiro-me que deverá antes de mais prestar um serviço à fauna (semear para colher) ou inserir-se em alguma Associação vocacionada para essa vertente venatória, disponibilizando-se para colaborar em actos de gestão, ou comparticipando determinado valor monetário para promoção de actividades dirigidas ao desenvolvimento do objecto dessa Associação. Esta através dos seus corpos gerentes, saberá efectuar uma estratégia planificada de gestão, que utilizará de modo a criar as condições necessárias à alimentação, refúgio e abrigo das espécies cinegéticas.

Contudo a comparticipação financeira, não poderá ser sentida como uma “dispensa” ou uma “isenção” da obrigação do capital de trabalho, que necessariamente terá de ser exercido, devendo mostrar interesse em disponibilizar-se, não se limitando a transferir toda a obrigação a terceiros.
O caçador deverá sempre estar presente, atento e interessado em tudo que possa contribuir para aumentar a qualidade da Colectividade a que pertence. Não é só na altura do “defeso” (intervalo entre duas Épocas Venatórias), como muitos pensam que os animais se alimentam, por isso o trabalho é constante, embora aumente na época das sementeiras e do calor (Verão).

Não existe nada mais compensador do que iniciar uma Época Venatória, conhecendo o Capital Cinegético existente, o terreno, a qualidade e capacidade das espécies, as zonas de querença, refúgio e alimentação. É um sentimento de orgulho, a tocar a “vaidade”, intransmissível e que só alguns caçadores têm o privilégio de o sentir, porque conseguem abdicar de outros “prazeres”.

Alguns de vós, estarão a pensar que para tratar do campo e dos animais existem as Associações Ecologistas e de Defensores da Natureza. Pois é, meus amigos! Os Ecologistas e os Amigos da Natureza, teremos de ser nós!
Já alguém viu Associações dessa natureza, distribuir alimento aos animais, fazer repovoamentos onde há escassez de espécies, ou após um fogo tratarem dos animais que sobrevivem em agonia e têm carência de tudo? Já alguém os viu em tempo de seca, construírem e distribuírem bebedouros para evitarem baixas na fauna, fazerem reflorestações ou fazerem limpezas de Matas?

Esse papel, somos nós que o desempenhamos, sem direito a subsídios ou a ajudas financeiras de qualquer ordem, somente com a contribuição de alguns (verdadeiros) amantes da Natureza (os caçadores).
Mas são as tais Associações que têm o protagonismo e os subsídios, acusando os caçadores de destruidores e o Estado (que os alimenta e a nós nos explora) de cúmplices, etc, etc. E eles?...falam, falam e não fazem nada!

Nós somos realmente e devemos ser cada vez mais, os verdadeiros amigos da Natureza (sem protagonismos), porque temos a missão de recuperar e melhorar as espécies cinegéticas e o seu habitat natural, para garantirmos o futuro do nosso “hoby” e podermos alimentar o nosso “gene” que nos aprisiona.

Dentro das nossas limitações, temos feito tudo o que podemos para dar um contributo, no sentido de prestar um serviço à caça, aos animais e aos caçadores. Os resultados vão melhorando lentamente, em conformidade com o trabalho realizado.
Vamos continuar a efectuar a estratégia planificada de implementação de culturas, comedouros e bebedouros para prepararmos o próximo ano venatório.

Saudações Cinegéticas!
Manuel António

segunda-feira, 17 de março de 2008

PRESERVEMOS NATURALMENTE O QUE É NATURAL



Quem gosta; gosta sempre!
Qualquer coisa serve de pretexto para fugirmos da "floresta de betão" e procurarmos a melodia e as cores do campo.
A apanha de "tortulhos" da espécie (amanita ponderosa) que aparecem nos nossos campos (em determinadas zonas), levam muitas pessoas a "vasculhar" cada palmo de terra, á procura deste fungo de altíssima qualidade gastronómica.
Deixo aqui algumas fotos que tirei, destes "tortulhos", e faço um apelo áqueles que efectuam alguns quilómetros á procura deles, para não tocarem nos animais que nesta altura reproduzem, coincidindo com a altura em que estes "fungos" aparecem nos campos.
Por favor, não toquem nas "luras" dos coelhos, nos ovos das perdizes e afastem-se imediatamente, assim que "tropeçarem" numa jovem lebre.
Mesmo não sendo caçador, penso que será uma alegria para qualquer um, sentir que o campo tem habitantes e que não é um deserto. Aproveite e tire umas fotos!
É por esse motivo, pela perturbação que as pessoas causam aos animais, prejudicando a sua reprodução e sossego, que a maior parte dos terrenos têm placas a proibirem a "apanha" de cogumelos, espargos, agriões, etc.
Os proprietários e as entidades concessionárias, têm esse direito!
Por isso, ninguém poderá levar a mal, quando se depararem com esses sinais.
Preservemos os nossos campos e os seus habitantes!!
Manuel António

quinta-feira, 13 de março de 2008

DEIXEM O MONTE EM PAZ




Todos sabemos que a sociedade de hoje tem modelos de vida e de pensamentos diferentes dos de antigamente. Foram vários os factores que originaram esta “metamorfose” nas nossas vidas, que tem vindo a desenvolver mentalidades hostis e embaraçosas àqueles que ainda teimam em senti-la no binómio “ liberdade e respeito mútuo”.
Na cidade sente-se e respira-se a cada momento, falta de consideração, mas se sairmos desta, e nos deslocarmos até ao campo à procura do sossego e o repouso necessário ao nosso espírito, deparámo-nos com o mesmo “sintoma social”. Já não bastavam os incêndios provocados (por interesse de terceiros), e os amontoados de lixo industrial e doméstico que de uma forma aleatória “vestem” a paisagem de plástico e metal, para agora aparecer (mais recentemente) uma nova “praga”.
Equipam-se com “armaduras”, que nem cavaleiros, montam motos 4 x 4 e “cavalgam”por tudo o que é caminhos (públicos ou privados) devastando-os, e tudo que os ouse utilizar.
É gritante e aflitivo, para não dizer “chocante” a forma como estes Senhores “se passeiam” no campo, alterando os seus ecossistemas, destruindo os seus acessos e pondo em risco a cada curva, qualquer “transeunte” que se arrisque a tirar partido de uma Natureza que deveria ser de todos.
Que me desculpem aqueles de uma forma correcta, utilizam as “moto quatro”, usando-as em pistas e circuitos concebidos para essa modalidade, que por acaso, são em número reduzido ou quase inexistentes. Aos outros, que pensam que são “os novos cavaleiros do futuro” montando os seus “cavalos de ferro” e que julgam estar a conquistar “terras de ninguém”, destruindo caminhos de acesso a terrenos privados, alterando o sossego do gado ovino, caprino, bovino e respectivos proprietários, “aniquilando” toda a espécie de “fauna silvestre” que se atravesse nos seus caminhos e que desprezam todas as normas de segurança rodoviárias que obrigatoriamente devem ser respeitadas, seja no asfalto ou fora dele, não tolero.
Fico incrédulo, como até hoje, as Associações que dizem defender a Natureza e que tão bem sabem acusar os caçadores, parecendo até que a sua existência se cinge a esse fim e para receberem subsídios do Estado, se mantêm em silêncio e nada denunciarem.
Será que não sabem, ou não querem saber?
Realmente, a velocidade a que circulam, e “embuçados” com o capacete, torna o reconhecimento de cada um destes “Invasores” impossível, mas o silêncio de pessoas, Associações e Instituições que deveriam fazer algo, ou no mínimo denunciar um caso que está a tornar proporções catastróficas, fazem suspeitar que por baixo daqueles capacetes, poderão haver caras conhecidas.
Pobres não serão concerteza, pois estes não conseguiriam comprar “um burro”, muito menos um “cavalo”.
Quem ainda não participou numa montaria, e não assistiu ou ouviu dizer que em pleno exercício desta, um grupo de “motar’s” se “infiltrou” dentro da mancha, destruindo todo o trabalho de um ano da entidade gestora, fazendo fracassar as expectativas de dezenas de Monteiros. Quantas montarias foram igualmente privadas do êxito possível, por as mesmas pessoas, terem já percorrido toda a mancha, ainda antes da colocação das “armadas”, não se percebendo depois, o porquê, da ausência das “reses”.
Pessoalmente, tenho alguns “encontros imediatos” com estes “intrusos”, nos quais poderiam ter saído pessoas “aleijadas”. Há três anos, quando procedia à marcação das “portas” para a realização de uma montaria, numa parte da área a “montear” em que a sinalização das mesmas se podia fazer com a carrinha, eu deslocava-me “pendurado” nesta, no lado de fora, em cima do “apoio de pés” da viatura, no lado do motorista que ía parando em cada “porta”, na qual, eu descia para a numerar e assim sucessivamente. Em determinado local do trajecto, próximo de uma curva acentuada, aparecem como um relâmpago, duas motos 4 x 4, que vinham totalmente “atravessadas”ocupando toda a extensão desta, sem hipóteses de poderem parar, travando nós a nossa viatura instintivamente fazendo-me quase cair. Quando se esperava que o choque fosse inevitável, os nossos protagonistas, aceleraram ainda mais continuando atravessados e endireitaram as motos quase em cima da carrinha, num movimento “arrepiante” passando pelo lado esquerdo aonde eu me encontrava a uma velocidade “alucinante” e a milímetros do espelho da viatura e de mim, mas tocando-me de que maneira por dentro, não conseguindo evitar chamar uns nomes aos pais deles. Embora tenham sido em vão, porque nem os filhos nem os seus progenitores quiseram ouvir.
Desde aí, vejo-os constantemente (esses e muitos mais) e sinto os efeitos nefastos que esses Senhores trazem à floresta, aos animais domésticos e selvagens, e muito especialmente à fauna cinegética.
Todos conhecemos a tendência que as lebres têm para irem passear para os caminhos, sabemos também que é para aí que as perdizes levam os perdigotos, para circularem mais facilmente e infelizmente todos conhecemos o fim trágico que uma grande parte de animais encontra nas estradas e caminhos, estimando-se que sejam em maior número do que aqueles que são abatidos pelos caçadores, no pouco tempo que nos é permitido exercer a actividade venatória.
Como já referi anteriormente, este problema não passa somente pela “invasão” de um espaço, onde eu penso haver claramente uma incompatibilidade entre todos os “protagonistas” e se ter destruído o sossego e segurança de toda a fauna, mas passa também por encontrar e denunciar os responsáveis que “cumplicemente” promovem e colaboram na destruição de um património rural, como são os caminhos, estradões, veredas, etc. patrocinando eventos desta natureza, fora dos circuitos oficiais, ignorando os prejuízos que daí advêm, deixando lesados muitas pessoas que necessitam desses caminhos para poderem trabalhar as suas terras.
Por favor, sejamos mais responsáveis por aquilo que a todos pertence, vá ao campo, mas não desta forma.
Não sinto de forma alguma, prazer em falar de um assunto destes, muito menos sentir que esta realidade tende a aumentar o número de praticantes. Sinto sim a obrigação, tal como devem sentir todos os responsáveis e entidades gestoras das Zonas de Caça de “olhar” por toda a fauna e seus habitat’s, e que “por algum motivo” nos propusemos defender.
A nós mesmos, impomo-nos obrigações, e tudo faremos para as cumprir. Por respeito à caça e aos caçadores, tudo fazemos para conseguir condições de alimento, refúgio e tranquilidade às “espécies cinegéticas”, esgotando no monte toda a nossa disponibilidade, desenvolvendo um trabalho que achamos importante e que continuadamente ficamos a aguardar que dê-a os seus frutos e não queremos deparar-nos com algo que explicitamente, nos garanta o fracasso.
Há já alguns anos que tudo fazemos para melhorar as nossas Zonas de Caça, efectuando desmatações e culturas cerealíferas, colocando pontos de alimentação permanentes bebedouros naturais e artificiais, diminuindo as jornadas de caça no processo de espera, etc. Por isso, estamos agora a colher os frutos da “árvore” que plantámos. Soubemos efectuar uma gestão de implementação de técnicas orientadas no sentido directo de fomentar o capital cinegético e agro-rural, em sintonia com todos os recursos naturais e agentes locais. Nesse ponto, temos a consciência plena de que tudo fizemos para respeitar todos os agentes envolvidos, quer fossem a caça, os caçadores ou os proprietários.
Não é o que se passa com os “invasores” que me refiro neste artigo, que não respeitam nada nem ninguém, e têm incentivos e patrocínios de Instituições Públicas, (em Raid’s e Provas TT), para virem destruir o espaço rural e florestal, que contém caminhos públicos e privados, mas acima de tudo, por serem os locais onde moram os animais, e mais grave ainda, o facto de nunca aparecerem as Associações Ambientalistas a protestar seja o que for, causando-me enormes dúvidas sobre “o objecto” dos seus estatutos, ou o porquê da sua existência.
Continuaremos a desenvolver o trabalho que até aqui temos vindo a efectuar em Zonas de Caça Municipais e iremos continuá-lo nas mesmas, e noutro novo projecto de Z.C.T. Mas tudo o que for nocivo e estranho ao que nos propusemos defender, terá de ser denunciado e combatido.
Todos os que fazem parte do nosso projecto e connosco colaboram (ou vierem a colaborar), terão de assimilar esta forma de pensamento, porque só assim a “corrente” se dirigirá no mesmo sentido, e levará a água ao moinho.

Manuel António

segunda-feira, 10 de março de 2008

Percurso Pedestre

Se gostas do Campo, respirar ar puro, ver belos quadros naturais, sentir o sol, o vento, a chuva, (seja o que for), "desde que natural", então aconselho-te a vir fazer estes 20 Km.
Tenho a certeza, que te fará bem. Pois garanto-te que irás dormir que nem um anjinho. Apostas?

quinta-feira, 6 de março de 2008

Á DESCOBERTA DAS CORES DA NATUREZA




Conforme anunciei no "Preâmbulo" deste "blog", o objectivo do mesmo, é divulgar áqueles que por aqui queiram dar uma "espreitadela", as actividade realizadas ou a realizar, em plena Natureza, com particular relevo para as que eu organize ou participe. Pois só deste modo, poderei senti-las e transmiti-las com o rigor que consiga, através das palavras "escritas" e da reportagem fotográfica, para tentar "seduzir" os que, ainda não descobriram a poderosa "terapia" da mãe Natureza.
Como também já referi noutro artigo, há várias actividades e eventos que podem servir de pretexto para irmos ao encontro das maravilhas que estão tão próximas de nós, mas, que muitos teimam em achar que estão tão longe.
O pedestreanismo, a canoagem, a caça, a pesca, as actividades hípicas, o cicloturismo, o atlestismo, os simples passeios no campo ou a "caça" fotográfica, são simples actividades (entre outras) que podemos disfrutar e usá-las como pretexto para "nos perdermos na paisagem".
Jamais aceitarei actividades como os "rallys" e provas "TT", ondem entrem jipes, motos e motos 4 x 4, como actividades aceitáveis e dignas de "tocarem" na natureza. Além do consumo evitável de recursos escassos (combustíveis) que esbanjam, e que todos nós acabamos por pagar a factura, estas actividades, quer sejam organizadas por Associações "anti-Ambientalistas" ou efectuadas isoladamente, levam aos animais selvagens o terror, retirando-lhes o sossego e a tranquilidade natural, destruindo também os caminhos, trajectos e veredas. Aceito-as como invasões violentas do espaço rural e faunístico, nada tendo a ver com o espírito conservador que se pretende. Sobre este assunto, publicarei brevemente um artigo chamado "Deixem o monte em paz", já que com a chegada da Primavera que vem "vestir" o monte com um "novo traje", estes "intrusos" tendem em aumentar a sua actividade.
Mas voltando ao tema inicial, e porque nem só a mais "ancestral arte" (a caça), é a única que pratico, em sintonia com a natureza (ver poema "Sou Caçador"), quero divulgar outras que também vou efectuando além do "hobby" normal, de alimentar os animais selvagens (dentro da minha área de intervenção) e de criar condições de alimento, como as culturas e sementeiras para as espécies cinegéticas.
No dia 20 de Abril, far-se-á um percurso pedestre, que chamarei "A rota do caçador". Este fim de semana, irei medir o trajecto, que já está escolhido "na minha mente" para o poder divulgar com maior rigor, aos possíveis interessados em participar nele.
Prometo um percurso bonito, por terras por mim muitas vezes "palmilhadas", não só atrás das perdizes, mas também a levar alimentação às mesmas, e aos outros animais como as lebres, veados e Javalis.
Depois do dia 20 de Abril, aqui "postarei" para vós, as fotos e artigo que pretendo efectuar, sobre o mesmo.
Quem tiver oportunidade de participar, não deve deixar de o fazer, porque pode realmente valer a pena. Assim que tiver o panfleto pronto, aqui o mostrarei.
Até já!

domingo, 2 de março de 2008

Cultura, Arte e ...Caça!


Ao contrário do que se diz ou possa pensar, a caça é para pessoas civilizadas e com cultura, senão vejamos:
- Desde o princípio da humanidade que o homem caça. Fazia-o por necessidade e para preservar a sua existência. Inclusive, toda a evolução tecnológica que este veio desencadeando durante a pré-história, foi orientada em redor da caça, no aperfeiçoamento dos métodos e utensílios desta.
Pode-se dizer que foi a caça (como sustento), e, maior responsável da sua sobrevivência, que o estimulou a pensar e a desenvolver a sua inteligência. Nesse tempo, caça, era a única cultura.
Muitos séculos depois, com o homem já organizado politicamente e integrado em Povos constituídos por Monarquias, a caça, já não era para todos.
Os homens já não eram todos iguais, estavam divididos em classes, que iam desde a Fidalguia até à Plebe (pobres). Os terrenos e os instrumentos de caça pertenciam aos Reis e Nobres que possuíam grandes Coutos Senhoriais espalhados por todo o reinado, podendo assim caçar as espécies conforme a época do ano, em função da situação geográfica de cada Couto, ex., (D. Manuel II, tinha um palacete em Monforte da Beira, para caçar lebres, a cavalo). A arte da caça era tida, como sendo o melhor treino para iniciar e formar jovens Cavaleiros, dentro da Realeza (Príncipes) e Nobreza.
Utilizava-se o cavalo e as armas, como na guerra, coisas que a pobreza não tinha, além de não terem terrenos para exercer.
Nesse tempo, a caça além de ser uma cultura, era uma Arte.
Com a implantação da República e com ela a mudança abrupta das mentalidades, despertou-se nos membros das classes menos abastadas (a pobreza) a vontade de imitar o seu Senhor, caçando nos terrenos deste, a pé e com um pau, ou com arma e cão.
Aí o objectivo da caça, já não era o de respeitar qualquer espécie, nem a propriedade alheia, nem tão pouco o de só matar a fome, era também o de ganhar algumas moedas com a venda de peças de caça, àqueles que sendo velhos, doentes ou incapazes, não a podiam exercer.
Deteriorou-se aí o sentido da Arte e Cultura da caça.
Ainda hoje se houve falar aos mais velhos, desabafos do género: “antigamente é que era, um homem sozinho com a sua paralela, limpava 20 coelhos e outras tantas perdizes numa jornada, e caçava todos os dias”.
Para mim, essas palavras são o retrato do tempo em que a caça deixou de ser uma Arte, mas sim o princípio de uma escola de caçadores que têm vindo durante estas décadas, invertendo o verdadeiro sentido dela. Para quê, matar 20 coelhos e outras tantas perdizes, se nem sequer as conseguia consumir todas e ainda não existiam congeladores, voltando no dia seguinte a repetir a dose?
Além de outros factores, a diminuição das espécies e a descredibilidade do caçador perante os olhares de quem não exerce a caça, começou aí, e teima em continuar. Com menos intensidade, é certo, porque felizmente alguns pseudo-caçadores, que formados por professores dessa escola, não conseguindo nos dias de hoje, o resultado equivalente ao tempo em que se iniciou, vão desistindo. Mas outros há, que não desistem de modo algum, e a vão encarando como uma guerra ou uma competição, enchendo o monte da sua ganância, egoísmo e desrespeito com aqueles que encaram a caça como uma Arte.
O verdadeiro caçador, durante uma jornada de caça deve sentir-se feliz mesmo sem dar um tiro, desde que veja durante o seu trajecto, vários animais. Contrariamente, se durante um dia inteiro no monte, em permanente busca das espécies cinegéticas, não vir alguma, então deve sentir-se triste, pois isso significa que o fim está próximo.
A caça deve ser uma Arte, nós caçadores, temos o dever de restituir-lhe esse estatuto.
Em pleno Séc. XXI com a extinção do analfabetismo, e formação de novas mentalidades, devemos consciencializar-nos e organizarmo-nos de uma vez por todas, para repormos as coisas no lugar.
O ordenamento total da caça, vem dar-nos essa oportunidade. As Z.C.T., as Z.C.A. e as Z.C.M., cada qual com o seu método de funcionamento e gestão, irão absorver totalmente a comunidade de caçadores (250.000) e funcionar como núcleos de caça. Deste modo, cada caçador deverá fazer juízo de si próprio, tirando ilações válidas daquilo que é melhor para si, integrando-se no modo de regime ordenado que melhor lhe convier, ou parar por aqui. Assim, as atenções daqueles que continuarem, deverão estar centradas na sua zona de caça, interessando-se pela sua qualidade, dando inclusive, o seu contributo em trabalho. Só deste modo, a caça voltará a ter Arte, dentro da nossa Cultura.

Dentro desta “linha de ideias”, pretendo criar uma Z.C., que já existe na minha mente “como projecto”, e esse, é um “Paraíso cinegético” com muitas culturas, alimentação em abundância, sossego e principalmente paz e tranquilidade para o caçador e sua família. Sim! Porque aquele homem vestido de verde “floresta”, sempre avistado na companhia de um cão, também é pai de família, e conhece os seus deveres.
Como referi, esse projecto ainda só existe na “minha cabeça”, logo veremos se teremos capacidade de construir e manter esse “Paraíso”. Assim hajam pessoas com a mesma ideia e vontade, e, ...a obra nascerá!
Sejamos todos caçadores e conscientes!