quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

EDUCAÇÃO E BOM SENSO NA CAÇA


Hoje em dia está muito em voga falar-se nos direitos dos animais, na sua protecção e preservação. Fala-se por estar na moda, por ser um tema com relativo consenso, e porque quem normalmente dele fala se julga um expert na matéria, julgando ser um tema isento de conhecimento aprofundado. Enfim, na maior parte das vezes fala-se simplesmente por falar, e no meio destas prosas é inevitável, mais tarde ou mais cedo, falar da figura do caçador.
Sendo um tema muito vasto e muito particular deixemos as diversas actividades relacionadas com animais (como as touradas, a pesca, etc.) e falemos apenas sobre a caça, pretendendo com estas linhas sensibilizar o caçador comum, que deve saber defender-se destes “ataques hostis” e tentar melhorar a opinião que a sociedade em geral tem, para com a caça e com todos os caçadores.
A caça, que em tempos foi uma actividade essencial à vida humana, tornou-se, hoje em dia, num evento de carácter desportivo. Esta actividade, como qualquer outro desporto, cativou o interesse de muitas pessoas que, com o passar dos anos, formaram um colectivo de desportistas (cerca de 250 000), ao qual nos habituámos a chamar caçadores. Assim sendo, estamos todos nós catalogados na mesma forma e no mesmo grupo, o que é totalmente errado, pois nós praticantes desta arte “ancestral”, infelizmente, não somos todos iguais e muito menos temos os mesmos objectivos.
A caça, para uma elite de caçadores é uma paixão. Uma paixão igual a outra qualquer, igual ás paixões facilmente assimiladas e inquestionáveis pela nossa sociedade, como é o caso da paixão que temos pelos nossos filhos, pela nossa mulher, pelos nossos irmãos e, também igual às paixões de difícil compreensão, pelo menos por mentes pouco abertas, como é o caso da paixão pela nossa terra, pelo nosso clube e em certos casos a religião.
Por vezes ouvimos dizer que “fulano ou sicrano” tem o vício da caça. É preciso esmiuçar bem estes dois termos. Um vício pressupõe, a grosso modo, um início e um fim com um prazer no meio, sendo cada uma destas fases perfeitamente definidas e que fora delas cai no esquecimento. A paixão é, ao longo de toda a sua existência, algo de constante, com alma e sempre presente.
A caça é uma paixão, porque para alguns é não só, um desporto ou uma actividade, mas algo que nos acompanha no dia-a-dia, que nos preocupa e que ocupa um espaço no nosso coração ao lado de todas as outras paixões. A caça exige trabalho, investimento, sacrifício, e só por fim nos dá prazer. Este prazer, ao contrário do que muitos pensam, não se busca no acto em si, mas consegue-se num todo que leva uma época a preparar, e que, ao longo dos anos vai aumentando de intensidade.
Assim, o simples cidadão deve, antes de colocar tudo no mesmo saco, estar consciente de que a caça é muito exigente ao nível de formação humana e, se essa formação não é a melhor na generalidade, havendo também quem se abstenha dos princípios básicos do respeito para com o seu semelhante, não quer dizer necessariamente que sejamos todos uns mal-educados, irresponsáveis, broncos e sem sensibilidade. Uma grande parte dos praticantes da actividade/desporto caça, ainda não percebeu a sua essência. Essa grande parte nunca vai perceber (o que é realmente pena), e é essa gente que transmite “para fora” a imagem do caçador. Infelizmente, todos os dias encontramos caçadores que têm como único objectivo matar, seja por que meios forem, o maior número de espécies cinegéticas, ou não, para assim poderem afirmar-se.
Só uma parte “desta família” aprenderam a caçar, como verdadeiros caçadores, movidos pela paixão da caça no seu todo. Todo aquele que se sente como tal, sabe que aquilo que o define como caçador não é o número de peças abatidas que apresenta no final da jornada, mas sim o prazer, intrínseco que obtém da actividade/desporto caça, e que só ele consegue definir e saber a diferença entre um caçador com “C” grande, e um deprimente “matador”.
Embora ainda haja bastantes, parece-me que esta figura do “matador”, tende a desaparecer, pelo motivo de que, as dificuldades impostas pela nova lei das armas, e o desaparecimento do regime livre em Portugal, lhe causam apetência para deixar de renovar “o uso e porte de arma”, para se tornar “furtivo”. Infelizmente, é isso que eu constato que está a acontecer, por saber e ouvir da boca de muitos que não irão mais tirar as licenças, mas jamais ouvi algum dizer que deixará de caçar. Este fenómeno do “furtivismo”, está a aumentar a olhos vistos, o que prova que as dificuldades impostas no acto venatório, estimula e incentiva, aqueles que durante anos se disfarçaram de caçadores, para agora tomarem o seu verdadeiro lugar de autênticos “marginais”.
Espero que a partir de agora esta “reciclagem” apure e una de vez os verdadeiros caçadores, para que todos sejamos poucos na missão que temos obrigatoriamente que assumir, no sentido de recuperarmos a nossa fauna cinegética, com muito rigor, trabalho e disciplina, Já que não poderemos contar com o Estado, que só quer de nós o dinheiro das nossas licenças, taxas e impostos, para que possamos assegurar o futuro deste sentimento que nos “corre nas veias” de calcorrearmos todas as “saliências do monte atrás das “vermelhudas”.

Um grande Abraço, aqueles que tal como eu, não conhecem a palavra “defeso” e encaram esta época como sendo a mais importante da caça, e têm a coragem de disponibilizar algum tempo a semear e cultivar para as espécies cinegéticas.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

SEJAMOS COERENTES



Há uns dias, assisti a uma conversa entre dois amigos meus, onde o tema era sobre as coisas maravilhosas que cada um viu durante as suas férias no estrangeiro. Pelo que eu percebi, as férias deles eram só mesmo, no estrangeiro, nem sequer se punha a hipótese de poderem ser em Portugal, porque segundo o que ouvi, todos os anos passavam férias num País diferente, e então, estavam a recomendar um ao outro, os vários lugares que já tinham visitado. Até aí, tudo bem!
Mas eu fico sem perceber, pasmado e até indignado, quando ouço frases do tipo: “em Punta las Cañas, vi o pôr-do-sol, mais lindo do mundo”; “na Hungria, vi o nascer do sol mais fascinante”; “ no Egipto, vi a noite mais estrelada”, etc. etc.

Ora, para mim essas coisas, não são mais do que “abstracismos” de quem quer dar ênfase ao facto, e uma grande falta de conhecimento da Terra, da Região e do País que escolheram para viver.
Eu até compreendo, que se admire e aprecie os monumentos, os usos e costumes de cada sítio ou País, e se ache isso maravilhoso e fascinante, porque são coisas não habituais no quotidiano de cada turista. Como o é, para o turista desse mesmo local, quando chega a vez dele nos visitar no “nosso cantinho”, por encontrar coisas diferentes, mas já não consigo entender quando se fala do pôr do sol, do luar, etc. Neste aspecto, tem de haver comparações. Tem de se conhecer primeiro o “nascer do sol, o pôr do sol e o luar” da terra onde habitam, coisa difícil e rara de acontecer. Pois na terra onde fazem as suas vidas, (nos dias livres) normalmente, levantam-se ao meio dia, calçam os chinelos, vêem um bom filme no DVD, á tarde vão lavar o “popó” com passagem por uma grande superfície comercial e depois do jantar, tomam café num “bar-pub”. Como se pode, desta maneira, ver o nascer do sol, ou o brilho fascinante de uma noite de luar, não bastando para isso levantar a cabeça, porque vista da cidade é ofuscada pelo espectro da luz artificial e tapada pela nuvem de anidrido carbono e outros gases que “oxigenam” a floresta de betão. Aqui, aonde ainda há gente que pensa que o leite nasce nas prateleiras dos supermercados e que os cabritos, são “nacos de carne” de promoção das grandes superfícies, e depois acham maravilhoso, quando um dia algures, lá na Tunísia, descobrem que uns “bichinhos com cornos” se chamam cabritos, e também se comem.

Em Janeiro de 2007, levei a acompanhar-me (a uma montaria em Malpica do Tejo), um Senhor de nacionalidade Brasileira, Juiz de profissão, que me tinha sido apresentado por um amigo. Este, mesmo não sendo caçador, logo mostrou interesse em acompanhar-me à referida montaria, porque não queria perder nada de Portugal. Já no local, lia-se nos seus olhos, nas suas expressões e atitudes que estava fascinado com tanta beleza. Confidenciou-me no final, que aquilo que tinha visto era das coisas mais belas (para nós, simplesmente as margens do Tejo Internacional), pelo simples facto, de na terra dele, e quase em todo o Brasil não haver grandes depressões geográficas, mesmo sendo um enorme País.
Este Senhor, também apreciou de que maneira, o nosso campo, pelo simples facto de na terra dele ser diferente. Mas se em vez de me ter acompanhado um Senhor Brasileiro, fosse um dos tais Portugueses, também teriam visto um Portugal desconhecido, mas esses, “que podem mas não querem”, pensam que só no estrangeiro é que nasce o sol.
Neste aspecto, é um privilégio ser caçador, por constituir este um argumento válido, para se poder assistir às luxúrias da natureza, em permanente metamorfose, e poder sentir com a alma a verdadeira essência dos valores outrora primordiais e imprescindíveis, na relação dos nossos antepassados com a mãe natureza.

O caçador, é um descobridor, apreciador e coleccionador de maravilhas naturais, e tem gozo e orgulho em usufruir delas. Este, conhece os mais variados “nascer do sol”; os mais variados “pôr-do-sol” e os mais variados “luares”. O caçador, sabe muito bem que o nascer e pôr-do-sol, mesmo sendo vistos do mesmo local, durante vários dias, podem ser todos diferentes. As condições climatéricas, no momento e no local onde se assiste, e onde se dá o fenómeno, condiciona o espectáculo, ou seja, um pôr do sol, pode ter tons mais alaranjados ou mais avermelhados ou ser visto parcialmente conforme as nuvens que estejam à sua frente, e o mesmo se aplica ao nascer do sol e à intensidade do luar.
Das muitas belezas e fenómenos naturais que se assiste, e não é necessário sair de Portugal, destaco um, sem me atrever a afirmar que é o mais bonito do Planeta, que é o facto, de quando as nuvens repousam sobre os rios, ribeiros e linhas de água (por baixo dos nossos pés), emergindo delas, serras, montes e elevações, pintadas de sol, “agigantando” toda a paisagem, criando a ilusão de estarmos perante os “Himalaias”. Destaco ainda a trovoada, que já surpreendeu quase todos os caçadores, que “vomita” com imensa violência, por cima das nossas cabeças, e em todas as direcções, raios mortíferos “de lume”, ensurdecendo-nos com os seus milhares de “decibéis” que fazem estremecer o solo, para minutos depois, e com o “troar” já longe, nos “gratificar” com um belíssimo arco-íris, imponente nas suas cores. Tudo isto (e muito mais) é belo, e é “made in Portugal”.
O caçador guarda para si, um sem fim de “fotografias mentais” e de verdadeiras lições de “vida e morte” que preencheriam muitas páginas de livros, que jamais serão escritos.

Ser caçador, não é só caçar, é também reconhecer que após a época venatória (chamada a época do defeso), há necessidade de se efectuar um trabalho orientado no sentido de proporcionar alimento e condições óptimas de procriação às espécies cinegéticas, e executá-lo. Há sempre várias maneiras de realizar esse trabalho (em equipa ou isolado). Só desta maneira, além de se garantir o futuro da actividade venatória, preservando a fauna silvestre, poderemos continuar a regozijar-nos com as maravilhas que a “mãe natureza” expõe à frente dos nossos olhos, mas que infelizmente, ainda muitos teimam em não reparar.
Por vezes, nem sequer há necessidade de sair do “nosso cantinho”, para apreciar maravilhas “exclusivas”, que estão à “nossa porta” e à nossa disposição. Nesse sentido, nós, caçadores, somos “privilegiados” em relação àqueles que vivem no meio da selva de cimento (e que daí não saem), e têm como “Aurora” e “Ocaso”, a luz dos candeeiros públicos.

Manuel António

P.S.- Quando falo em “caçador”, refiro-me àqueles que sozinhos ou com cães, vão para o campo, com paixão e respeito pela natureza, pelo acto em si, e para dar “jus” ao nome. O caçador, deve cumprir a lei, respeitar os outros, os bens alheios e os animais. Aos restantes, eu nunca chamarei caçadores.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

LUFADA DE AR PURO - (PREÂMBULO)


A ideia de criar um “Blog”, não é, nem nunca poderá ser visto somente, como a concretização de uma mera fantasia, de introduzir nele, pouco mais do que o perfil do seu criador. Esta iniciativa, deverá ser bem ponderada e analisada.
A definição de objectivos, é outro elemento que deverá pesar na concretização do referido projecto, antes de dar-lhe “voz” no mais potente “meio de informação”. Ou há motivo e vontade de o “alimentar”, ou não existe motivo e motivação, e nesse caso, vale mais “ficar a dormir”.
Infelizmente, o nosso computador está entulhado de lixo electrónico, que nos ocupa algum precioso tempo, quando procuramos algo de concreto, e somos desviados para “sítios” com nomes interessantes e que nada têm dentro, a não ser autênticas “aberrações”, e que primam por serem somente projectos ocos de contexto, iniciados por alguém sem a mínima convicção do que é o respeito.
O “cybernauta” (o verdadeiro), procura informação útil e introduz informação susceptível de ser classificada de importante, para um número razoável de usufruidores do maior meio de comunicação mundial, que é a internet.
É lógico que tudo isto, nada mais é do que uma utopia ou um paradoxo, em termos análogos, no sentido de que não somos todos semelhantes, logo, todos temos pensamentos diferentes. É por aí que, “quem é”, pensa que “só ele é”, e esquece-se que quando nasceu já existia muita gente, e que quando partir, não acabará o mundo por isso.
Desculpem-me, mas, sem querer, já estava a “divagar” nos meus “fantasmas” e reconheço que pode haver o perigo deste “palavreado” ser considerado “palha” por quem agora, está a ter dificuldade em entender o que eu quero transmitir.
Resumindo! Eu, pretendo agora iniciar um “Blog” que tem como objectivo, mostrar a quem tiver a “ousadia” de entrar nele, que além da “Floresta de betão”, das grandes superfícies Comerciais e do “nevoeiro” de Co2, anidrido carbono e outros gases, existem (ainda) alguns locais aonde se pode praticar uma terapêutica, que favorece o esquecimento aos problemas, que a todos (sem excepção) nos afligem, provocando autênticos “cancros psicológicos”, que nos roubam a paciência, a calma, a paz de espírito e a tranquilidade.
Cada vez mais, somos ofendidos, desprezados, espoliados e ignorados pela sociedade em geral, que perdeu o respeito e evoluiu no sentido de ganhar uma personalidade egoísta, que só vê em cada um de nós, uma potencial fonte de receita. Principalmente os nossos incompetentes Governantes que nos vêem como simples “formigas operárias” que têm a obrigação de encher os seus celeiros. Este seria um assunto fantástico para discutir, mas sinceramente, até me causa “pele de galinha”.
Como ía dizendo, é precisamente para esquecer tudo isto “botar para trás das costas”, como dizia um Presidente de Junta de Freguesia que eu conheci (uma espécie de “deixa andar”), que alguns de nós (os diferentes dos outros), necessitam de se refugiar dos “podres” da Sociedade, e encontrar a paz de espírito que nos permita alimentar o nosso ego, e fazer-nos sentir bem, em consciência, longe dos homens e perto da natureza. Irei tentar através de “artigos escritos” e fotos (exclusivamente da minha autoria), regalar-vos os olhos e “desvendar” alguns locais fantásticos, deste Portugal, geograficamente maravilhoso, mas catastroficamente comandado por pessoas que nos conseguem convencer com promessas, e que depois nos “escarram” na cara e nos “espoliam”. Seja através dos relatos das actividades e eventos que organize ou participe, seja através de fotos “silenciosas”, mas repletas de “perfumes” e cores que só a “paleta” da Natureza contém, irei tentar não deixar que se defraude, quem por aqui quiser “passear” e tudo farei para que dê por bem empregue, o tempo dispensado.

Quero tentar demonstrar-vos que os fenómenos naturais, como a chuva, o vento, a neve, o gelo, o frio, a geada, o nevoeiro, etc., são uma dádiva de Deus, para quem tem o privilégio de os poder sentir na pele, e nunca uma desgraça. Pois só alguns “predestinados”, que têm a capacidade de sentir o prazer dos “rigores do tempo”, conseguem comparar sensações, ter o poder de sacrifício, dar valor à mais ínfima partícula, conhecer e aferir os valores naturais e humanos.

Neste “Blog”, irei igualmente dar notícias de um projecto que pretendo executar. Será um projecto para pessoas, que tal como eu, gostem do campo, dos animais, das actividades no Monte e de sentir uma grande “LUFADA DE AR PURO”.
Saudações!

Manuel António