domingo, 23 de março de 2008

OS CAÇADORES MERECEM RESPEITO










Actualmente, existem em Portugal aproximadamente 260 000 caçadores. Não significando contudo, que todos sintam a caça da mesma maneira. Logicamente que uns preferem caçar às espécies menores (com cães), outros às espécies maiores e outros ainda só às espécies migratórias. Independentemente do gosto de cada um, chama-se a este prazer “Actividade Cinegética” ou somente “Caça”.
Mas será que esta Actividade é sentida da mesma forma por todos aqueles que a exercem? Será que o “gene” dos nossos antepassados está presente no “ADN” de todos os caçadores?
Para uns sim, para outros não!

Uns, acham que qualquer pessoa que seja educada entre caçadores, será concerteza também caçadora. Outros acham (nos quais eu me incluo) que não será bem assim.
Para mim ser caçador, é sentir algo muito profundo originado por impulsos genealógicos, que por alguma razão “inata” e sem haver qualquer incentivo familiar, tem a força necessária para despontar e nascer. É o caso de muitos, que não tendo influência de alguém com laços, ou sem laços familiares, na vertente da “Arte Venatória”, só por eles, conseguem o estímulo necessário ao crescimento e amadurecimento de uma vontade interior, até conseguir “exteriorizá-la” e dar-lhe corpo e alma.
Há depois os casos (maioritários), que por incentivo e influência de alguns familiares se transformaram em caçadores (quase por obrigação) da mesma forma e razão que os seus “professores” com os quais aprenderam as “lições de caça”.
Deste modo se o “Mestre” era “caçador respeitador”, então o aluno conseguiu assimilar o necessário e essencial do respeito e irá dignificar a Arte que a Deusa Diana criou. Mas se o “professor” lhe ensinou a parte marginal da caça e menos digna, então não tenhamos dúvidas, que esse aluno irá conseguir desenvolver novas técnicas e até surpreender o “Mestre”.
Infelizmente, (tal qual um embriagado) este não o reconheça, existem bastantes.

Aos olhos dos caçadores (os verdadeiros), este tipo de “transeuntes do monte” são imediatamente reconhecidos e não são aceites como tais, mas aos olhos do cidadão comum são confundidos com os autênticos, provocando-lhes uma certa relutância, em relação a todos.
O verdadeiro caçador, tem atitudes de respeito tanto pelos semelhantes como pelos animais e desenvolve acções de preservação da floresta.

Ninguém consegue imaginar animais a deambular sem floresta, nem floresta sem animais e muito menos caçadores sem ambas as coisas.
Quando falo que o caçador deve ser o primeiro a preservar, não quero com isto dizer, que não deva abater animais, senão não se chamaria caçador. Refiro-me que deverá antes de mais prestar um serviço à fauna (semear para colher) ou inserir-se em alguma Associação vocacionada para essa vertente venatória, disponibilizando-se para colaborar em actos de gestão, ou comparticipando determinado valor monetário para promoção de actividades dirigidas ao desenvolvimento do objecto dessa Associação. Esta através dos seus corpos gerentes, saberá efectuar uma estratégia planificada de gestão, que utilizará de modo a criar as condições necessárias à alimentação, refúgio e abrigo das espécies cinegéticas.

Contudo a comparticipação financeira, não poderá ser sentida como uma “dispensa” ou uma “isenção” da obrigação do capital de trabalho, que necessariamente terá de ser exercido, devendo mostrar interesse em disponibilizar-se, não se limitando a transferir toda a obrigação a terceiros.
O caçador deverá sempre estar presente, atento e interessado em tudo que possa contribuir para aumentar a qualidade da Colectividade a que pertence. Não é só na altura do “defeso” (intervalo entre duas Épocas Venatórias), como muitos pensam que os animais se alimentam, por isso o trabalho é constante, embora aumente na época das sementeiras e do calor (Verão).

Não existe nada mais compensador do que iniciar uma Época Venatória, conhecendo o Capital Cinegético existente, o terreno, a qualidade e capacidade das espécies, as zonas de querença, refúgio e alimentação. É um sentimento de orgulho, a tocar a “vaidade”, intransmissível e que só alguns caçadores têm o privilégio de o sentir, porque conseguem abdicar de outros “prazeres”.

Alguns de vós, estarão a pensar que para tratar do campo e dos animais existem as Associações Ecologistas e de Defensores da Natureza. Pois é, meus amigos! Os Ecologistas e os Amigos da Natureza, teremos de ser nós!
Já alguém viu Associações dessa natureza, distribuir alimento aos animais, fazer repovoamentos onde há escassez de espécies, ou após um fogo tratarem dos animais que sobrevivem em agonia e têm carência de tudo? Já alguém os viu em tempo de seca, construírem e distribuírem bebedouros para evitarem baixas na fauna, fazerem reflorestações ou fazerem limpezas de Matas?

Esse papel, somos nós que o desempenhamos, sem direito a subsídios ou a ajudas financeiras de qualquer ordem, somente com a contribuição de alguns (verdadeiros) amantes da Natureza (os caçadores).
Mas são as tais Associações que têm o protagonismo e os subsídios, acusando os caçadores de destruidores e o Estado (que os alimenta e a nós nos explora) de cúmplices, etc, etc. E eles?...falam, falam e não fazem nada!

Nós somos realmente e devemos ser cada vez mais, os verdadeiros amigos da Natureza (sem protagonismos), porque temos a missão de recuperar e melhorar as espécies cinegéticas e o seu habitat natural, para garantirmos o futuro do nosso “hoby” e podermos alimentar o nosso “gene” que nos aprisiona.

Dentro das nossas limitações, temos feito tudo o que podemos para dar um contributo, no sentido de prestar um serviço à caça, aos animais e aos caçadores. Os resultados vão melhorando lentamente, em conformidade com o trabalho realizado.
Vamos continuar a efectuar a estratégia planificada de implementação de culturas, comedouros e bebedouros para prepararmos o próximo ano venatório.

Saudações Cinegéticas!
Manuel António

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