sexta-feira, 25 de julho de 2008

A NATUREZA ESTÁ DE LUTO







A forma como veste a natureza é fascinante. Enlouquece e embriaga os seus amantes, seduzindo-os com a sua vasta paleta de cores, que vai usando conforme as exigências do tempo. A esse leque de cores, que durante milhões de anos soube usar naturalmente, juntou-se mais uma, que a não ser pela noite, não se vislumbraria normalmente na paisagem; o negro profundo. Esta cor, sinónimo de luto e catástrofe, é infelizmente hoje em dia, a cor mais predominante nos nossos campos, fruto de mentalidades mesquinhas e hipócritas, geradas pela ganância e arrogância da sociedade moderna, que esquece os princípios básicos na formação das mentalidades.
O mundo está cheio de seres gananciosos, egoístas e invejosos que desprezam o respeito com os semelhantes e declaram a sentença de morte aos valores fundamentais e convivência em harmonia.
Chamam-lhes os tempos modernos, eu chamo-lhe o genocídio global.
Lembro-me quando tinha 16 ou 17 anos, para além do futebol de rua e das passaradas no campo com outros amigos, respeitando a propriedade alheia e as pessoas, fazia parte de um grupo de adolescentes que á noite e aos domingos à tarde se juntavam numa esplanada ou num bar, para tomarmos uma cola ou um sumo e falarmos da música de top, cinema e outras coisas banais. Quase todos os miúdos se conheciam (pelo menos de vista), e tinham os seus grupos, mas nem todos passavam o tempo da mesma forma. O modo de diversão que alguns grupos adoptavam, era a deitar fogo às papeleiras de plástico e caixotes do lixo, partir as árvores novas, partir antenas e roubar os símbolos dos carros, desafiar e maltratar os outros miúdos e pessoas idosas, etc. Nesse tempo, eu ficava estupefacto com a estranha forma de divertimento, e não compreendia como era possível tal procedimento.
Nos dias de hoje, reconheço essas pessoas já adultas, e mais espantado fico, quando reparo que a maioria deles usa farda e representam a lei e outros cargos importantes da sociedade.
Estarão essas pessoas psicologicamente preparadas e capazes de agirem de um modo isento e imparcial no desempenho da sua actividade? Não serão essas mentalidades, que em pequenos deitavam fogo aos caixotes do lixo, que o fazem agora nas florestas, retirando daí algum proveito próprio?
Perdoem-me a impertinência das perguntas, mas a quantidade de injustiças que se assiste diariamente em todos os sectores e de todas as formas, levam a pensar (quem ainda pensa) que talvez as pessoas erradas estejam nos sítios errados.
Quem pode ter a coragem
de pintar de negro a natureza, assassinando o património florestal e cinegético de um povo, prejudicando os proprietários, a fauna, a flora, os ecossistemas, o ambiente, o clima, etc, etc.?
O flagelo dos fogos não são obra do acaso, são as mãos e mentalidades criminosas que não existiam num passado recente, mas que emergem hoje, de um novo homonídeo com uma nova mentalidade destruidora. Esses homonídeos, não olham a meios para atingir os fins. Estão entranhados pelos vários sectores sócio-económicos, são isentos de remorsos e agem em seu interesse.
É devido aos fogos florestais, que existem hoje grandes empresas privadas de aeronaves de combate a incêndios, grandes empresas de buldozer’s, grandes empresas de madeiras tratadas para repor cercas, sinalizações das Zonas de Caça, postes de telefone, etc. Qualquer destas empresas obtém mais lucro num verão, do que em vários anos (excluindo os respectivos verões). Além disso, a inveja de alguns “pseudo-caçadores” que não podendo caçar em determinados sítios, queimam não só o património florestal, como todo um capital cinegético, empobrecendo e afectando toda a caça do País, provocando a escassez e até a extinção em alguns locais de determinadas espécies (animal e vegetal), que deste modo não poderão nunca contribuir para uma actividade sustentável, geradora principal de riqueza nos meios rurais em que se encerem e à sua Região, como acontece com as lides venatórias nos outros Países.
Havendo provas de que são os caçadores que se auto-destroem, mais vale acabar com a caça. Pois a receita (que não é pouca) arrecadada pelo Estado, através das licenças de caça, pagamento de taxas das Zonas de Caça, uso e porte de armas, etc., já não chega para cobrir os pagamentos efectuados anualmente aos aviões, helicópteros, buldozer’s, ordenados de Sapadores Florestais, etc., e que mais tarde ou mais cedo se irá ressentir na economia, tendo todos nós que pagar a factura.
Como devem calcular, eu estou (e qualquer caçador que o seja verdadeiramente, deve estar) muito triste, desmotivado e revoltado, com o que tem estado a acontecer em todo o País, desde há uma década para cá. As Zonas de Caça, que por vezes esperam anos esplêndidos, após muito trabalho, dedicação e empenho, ardem em 100%, após fogos
iniciados em sítios estratégicos.
Eu já vi, lebres em verdadeira agonia, correrem em chamas pelos caminhos até virarem cadáveres carbonizados, perdizes cercadas por várias frentes a suicidarem-se nas chamas, javalis em fuga a arderem e a atearem mais fogo por onde passam, etc., etc.
Quem poderá ter a coragem de sentir-se feliz por provocar situações destas, e inclusive, sentir-se homem?
ASSASSINOS, são como terão de sentir-se.

As Entidades Gestoras, após a catástrofe de um fogo, têm de arranjar coragem para começar de novo. Toda a sinalização que ardeu tem obrigatoriamente de ser reposta, pois a legislação impõe que a Zona de Caça esteja devidamente sinalizada até ao princípio da época venatória. Além disso, é importantíssimo fornecer imediatamente alimentação por toda a área ardida (mesmo no centro das cinzas), para que os animais que conseguiram sobreviver e se encontrem em agonia, possam arranjar facilmente alimento, “no meio do inferno”. Pois quem assim não proceder, e ficar á espera que sejam as “Associações Ambientais” a efectuar esse trabalho, vai ficar concerteza com “calos no rabo”, porque terá que esperar até nascerem “cornos” aos coelhos
!

Manuel António

1 comentário:

Fernanda Cruz disse...

Na batalha da vida só vencem os fortes e um homem forte sempre determina o seu destino,por isso só é vencido aquele que admite a si mesmo que está derrotado.Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer e TU isso tens continua na labuta da vida,Bicho do mato.