quinta-feira, 15 de maio de 2008

PEREGRINAÇÃO A FÁTIMA 2008







Já passaram 4 anos, desde o momento que decidi organizar a 1ª. Peregrinação ao Santuário de Nª. Srª. de Fátima, depois de ouvir várias histórias sobre a forma "indigna" com que algumas organizações tratavam os pereginos que nelas confiavam.
Fome, sede, falta de condições mínimas de conforto e higiene no local para pernoitar, além do preço elevado que essas organizações pediam (e continuam a pedir), foram as razões que me levaram a tomar a decisão de tentar fazer algo diferente.
Na nossa organização, não conta o objectivo lucrativo e o peregrino pode usufruir de todas as condições que o seu dinheiro pode proporcionar, além de outras contrapartidas que conseguimos através de Entidades que nos apoiam e através do esforço dos voluntários que aceitam a tarefa com enorme nobreza, abdicando de afazeres pessoais e férias para assumirem uma missão colectiva de não deixar que os peregrinos que confiaram em nós, sofram.
Foi com este objectivo no pensamento, que o nosso grupo partiu no dia 9 de Maio de Castelo Branco.
Penso que conseguimos prestar (mais uma vez) um serviço digno aos peregrinos que connosco quiseram durante 4 dias e 3 noites conviver, e, assim, cumprirem a sua promessa perante Nª. Srª. de Fátima, e ao mesmo tempo, provámos a nós próprios que temos capacidade de organização.
Durante esse tempo, organizadores e peregrinos, formaram um grupo coeso, de entreajuda e respeito, esquecendo-se um pouco do resto do mundo, entregando-se totalmente ao bem-estar e união do mesmo e à consumação dos objectivos delineados.

O trajecto é efectuado sob grandes emoções, causadas pelo sofrimento e esforço que alguns sentem durante o percurso, conseguindo ter a capacidade de ignorar tudo, superando-se com o firme pensamento de sentirem a alegria da chegada. Essa é a personalidade do peregrino, força de vontade, persistência, arrojo, espírito de sacrifício e muita humildade. Quem os acompanha, apercebe-se de coisas que não imaginava, e depara-se com uma realidade diferente daquilo que poderia imaginar. O facto de vermos pessoas com os pés numa lástima, aguentando dezenas de "borregas" que rapidamente se transformam em feridas e, logicamente em muitas dores e sofrimento, os músculos totalmente "petrificados", e terem ainda coragem de continuar no dia seguinte, é no mínimo constrangedor.
É claro que alguns irão pensar (os anti-tudo) que é um sofrimento causado, e que só lá estão e sofrem porque querem. Mas tem de se compreender, que a promessa dos peregrinos é mesmo essa, sofrer. Sofrer, para se sentirem bem com elas e com Deus, para se sentirem melhor com a sua consciência e para se sentirem servidores e submissos da fé que possuem. Ninguém pode ir contra isso.
Em todas as Religiões existe o sacrifício, como purificação. Existe a crucificação na Religião Católica (Filipinas), os esquartejamentos de adaga e sabre na Religião Muçulmana (Chiitas), as cabeçadas no muro das lamentações (Muçulmanos Islamitas), etc. São fenómenos religiosos que todos têm obrigação de respeitar, tal como os que têm alguma fé, devem respeitar os "Ateus", que são aqueles que pensam que estão neste mundo porque os pais deles quiseram (brincar), e que não devem nada a ninguém, rindo-se às gargalhadas com estes fenómenos. Mas Deus também lhes irá perdoar, o vizinho do lado (O Demo da Barca), é que talvez não.
Mas realmente o que importa, é falarmos da nossa viagem até ao Santuário de Nª. Srª. de Fátima e dos apoios que obtivemos durante o percurso.
Foram 41 peregrinos e 10 elementos na organização que constituíram o evento, havendo somente uma desistência (na 2ª. etapa) de um peregrino.
Contámos com o apoio da Câmara Municipal de Proença-a-Nova que
nos facultou os bangalows do complexo turístico de Aldeia Ruivas, da Câmara Municipal de Sertã, que nos disponibilizou as instalações do Polidesportivo de Cernache, da Associação Recreativa e Cultural Sandoeirense através da pessoa do seu "simpatiquíssimo" Presidente (Pedro) e do Chefe dos Escuteiros de Sertã que igualmente nos disponibilizou a sua Sede. Estiveram também connosco, a Associação do Bairro da Carapalha, Centro de Cultura do Centro Regional de Segurança Social de C. Branco e a ACAPO, que nos disponibilizaram viaturas de apoio, e lógicamente ao Centro de Cultura e Desporto da Câmara Municipal de Castelo Branco, que assumiu o transporte de regresso aos peregrinos através do aluguer de um autocarro. A todas estas entidades, os nossos sinceros agradecimentos. Agradecemos ainda à Sub-Região de Saúde de C. Branco a disponibilidade de algum material médico de apoio e aos elementos da Cruz vermelha de Castelo Branco.
Como já disse, penso termos cumprido com mérito o compromisso que assumimos, no entanto, manter-me-ei atento ás opiniões dos participantes, de modo a fazer uma análise e decidirmos se vale a pena continuarmos.
Espero que sim!
Manuel António

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando se ouvem contar histórias sobre as peregrinações a Fátima, não se faz a mais pequena idéia da envolvência de um grupo. É preciso estar junto do grupo, olhar o rosto dos peregrinos à chegada e ver estampado, o cansaço, o sofrimento, a dor, para compreender o que leva aquelas pessoas a percorrer todos aqueles quilómetros, motivados pelos mais variados sentimentos.
Eu estive junto deste grupo de peregrinos, dando-lhes apoio, durante quatro dias. Foi uma experiência enriquecedora para mim, nunca me senti tão útil e necessário, como naqueles quatro dias. As amizades que fiz, o convívio, o partilhar alegrias e sofrimentos, transmitiu-me um bem-estar tal, que nem o cansaço e as poucas horas de sono,foram capazes de afastar esse sentimento.
A todo o grupo, o meu Bem-Haja, por me terem deixado partilhar de uma alegria que há muito não sentia.

Moroso.