quinta-feira, 8 de outubro de 2009

DISCÍPULOS (versus) JUDAS DE DIANA




A EVOLUÇÃO DA CAÇA

A caça foi ao longo dos tempos, componente integrante na estruturação de civilizações. Os primeiros Deuses que o homem elegeu revelavam figuras animais que supostamente os protegiam da sua preocupação principal: a sobrevivência!
Entende-se assim, que a faceta utilitária da caça tenha sido a que primeiro se revelou.
No Paleolítico o homem caçava para matar a fome! As pinturas rupestres que hoje se conhecem revelam as preces do homem primitivo para que houvesse uma caça abundante, visto dela depender. No Neolítico o homem sedentário, com gado domesticado, concebe armadilhas e artefactos para capturar animais, mas não vive totalmente da caça uma vez que também é agricultor. Usa os seus engenhos em momentos escolhidos, tornando-se deste modo caçador “semi-desportivo”.

Esta actividade pelo tempo fora, sempre integrou a dupla vertente utilidade/lazer, mas esta duplicidade estaria sempre bem definida de acordo com a posição social daqueles que caçavam.
De facto, a data altura, ser bom caçador era qualidade “exigida” a um Rei. Considerada na sua forma superior, a caça revelava-se uma disciplina vigorosa. Era considerada um excelente treino para os guerreiros e todos aqueles que bem caçavam, eram tidos como valentes e corajosos.
Nesta altura, a caça, era um grande acontecimento social, reservado às classes mais altas e mesmo as senhoras podiam participar evidenciando luxos e práticas privilegiadas. Este sentimento de superioridade era invejado por quem não podia participar. Na verdade, o povo nunca usufruiu do prazer de caçar, mesmo quando obrigado a isso. D. Afonso V organizava quatro caçadas por ano, ao encargo dos moradores do concelho. Estes, no entanto, revelavam certo desagrado pelo acontecimento, sobretudo quando o risco e esforço despendido era bem maior do que o quinhão que lhes correspondia.
Por outro lado, chefes, governadores, reis e guerreiros, cada vez mais incluíam a caça nos seus tempos de lazer, como ocupação predilecta.
Consequentemente surgiria a evidente necessidade de limitar o exercício, de modo a proteger inúmeras espécies. Com este tipo de controlo, a caça adquire um estatuto de privilégio.
Em Portugal, a protecção da caça surge através de restrições, multas e penas. Também se adopta um período de defeso. O primeiro defeso oficial foi promulgado por D. Afonso III, em 1252, e decorria desde o dia de cinzas até Santa Maria de Agosto.

A CAÇA, HOJE

Continua a existir, nos nossos dias, carência de caça e abundância de caçadores. Mais por desporto do que por necessidade, muitos se regalam com a época em que tiram as caçadeiras dos armários e “desatam por aí aos tiros a tudo o que mexe”. Felizmente, também temos ainda quem se preocupe com limites e excessos e faça da caça uma ocupação nobre. Muitos se interrogarão quanta nobreza pode haver em terminar “perfurado” pelos “bagos” de chumbo….mas não podemos deixar de admirar a exigência e o respeito daqueles que, ao longo do ano se entregam a um duro trabalho, para criar condições de alimento, refúgio e sossego aos animais, para capturarem apenas o essencial e no tempo certo.
Obviamente, penso que já todos entenderam que estou a falar de caça selvagem, das espécies indígenas (autóctones) e das que ainda chegam até nós, através dos percursos e rotas migratórias. É verdade que hoje temos 70% do território Nacional Ordenado, e que essa alteração provocou profundas mudanças no mundo cinegético: A diminuição do número de caçadores por escassez de recursos financeiros que os priva de pagarem para caçar; o surgimento de Empresas específicas na criação de animais de cativeiro com “estatuto” de espécies cinegéticas, através de meios bem artificiais; o aumento do nº. de caçadores furtivos (desta matéria, falarei noutra peça), são os principais responsáveis pelo estado actual do nosso “hobbie” que herdámos por via genealógica, dos nossos antepassados. Das figuras de ordenamento possíveis, não irei falar das Zonas de Caça Municipais, das Sociais, nem das Associativas (fica para outra altura), e somente destacarei o que me ocorre sobre as Turísticas. São uma grande parte destas “figuras de ordenamento” que escoam, consomem e esgotam todo o capital de produção das “tais” Empresas vocacionadas para a criação de espécies de cativeiro (muitas delas de muito má qualidade), alimentadas com produtos de composição muito artificial á base de nitrofuranos e hormonas.

SEPARAÇÃO DE VALORES

É claro que eu defendo a criação de Empresas, pois são elas que criam riqueza, emprego e dão estabilidade ás famílias, mas o modo como reagem estes animais quando libertados(?) da “gaiola” e o motivo porque são “empurrados” para fora dela, é que eu me refiro e critico.
Estas Z.C.T. que optam pelo sistema de caça intensiva, proporcionando jornadas de caça diárias desde o primeiro dia do calendário venatório ao último, a grupos que as adquirem por valores dez vezes acima do custo de cada animal, que é colocado nesse dia ás 7h da madrugada, para uma hora depois, andarem a “pisá-las” e darem-lhes “pontapés” no “rabo” para que possam “fingir” um voo, de modo a que esses “excelentes caçadores” possam “fazer de conta” que o são. Muitas dessas perdizes, acabam na boca do cão sem que tenham tido tempo e vontade para fazerem qualquer tentativa de “levante”, entregando-a este, conforme a encontrou: pequena, magra e mole!
Perante tal facto, e sabendo que as pessoas que aderem a este tipo de “filosofia cinegética”, sabem que estão a caçar(?) espécies de cativeiro, começo a constatar que estamos perante um tipo de caçadores, que de caçadores nada têm, com a agravante de que pensam que são excelentes caçadores e que possuem excelentes cães! Dá vontade de rir! E riu-me sempre que vejo um desses Senhores “deslocado” do seu local de caça (uma espécie de campo de treino) numa Z.C.T. qualquer, na qual, adquire anualmente “X” caçadas , a dizer que não há perdizes, ou que as poucas que há são “rijas” ou estão “escaldadas” e “acussadas” e que por isso não vale a pena ir atrás delas, para os “cabeços”, pois não vale a pena por isto, por aquilo, etc. etc. ! Desculpas “esfarrapadas” é o que é! Muito mais me riu, quando o seu cão que até é campeão “daqui e dali” e de mais “não sei onde” na hora de cobrar uma “vermelhuda” das autênticas, passa por cima dela como se fosse por cima de um pau ou uma pedra, pelo facto de as emanações que esta exala, nada terem a ver com “farinha”, aroma pelo qual “o campeão” orienta os seus “ventos”. Tenho a certeza disso! Cão de Concurso, ou de campo de treino, não serve para procurar a pura, a genuína, a real “Alectoris rufa”. Penso que o seu dono também não!!
Bem, não importa! Também é verdade que pelas leis correntes que legislam sobre o acto venatório, não proíbe esta prática, nem se o cão conhece o cheiro da perdiz, ou não, nem tão-pouco proíbe os terrenos de caça tipo “campo de futebol” onde são lançadas as “farinhentas”! ….e peço imensa desculpa aos mais cépticos, ou a alguém que ao ler estas “palavras” se sinta susceptibilizado, mas eu sou um “amante” assumido da preservação da nossa autêntica e selvagem “rainha do monte”, tal como o meu avô e o meu pai a conheciam: brava, instintiva, poderosa e de voo firme!
Mas claro que não é fácil encontrá-la, e muito boa gente que a apregoa como selvagem, no seu couto, mente! O que é incrível, é que os próprios clientes que compram as jornadas de caça “os habitués” gostam de se enganar a si próprios e criar a ilusão de que andam atrás de animais selvagens, só porque gostariam que assim fosse! A realidade é que não são, e estão a “anos luz” das suas “prim(i)tivas”, como também não considero caçadores os Senhores que se dedicam a este “exercício”!
Ser caçador é outra coisa! É ter paixão pelo “autêntico” e força de vontade para ir até onde for necessário para o encontrar, “perder-se” no monte, suar, esfarrapar- se e mesmo que “leve um bigode” destas “avezinhas” em vez de desanimar, conseguir motivar-se ainda mais para estudar uma nova estratégia, aguardando pacientemente pelo próximo domingo; É ter a capacidade de sacrifício para calcorrear a serra, vezes sem conta, até encontrar o bando que o irá “pôr de rastos”; É ter a nobreza de aceitar com enorme prazer, o facto de ter perseguido um bando de 20 “vermelhudas” durante toda a manhã e ter conseguido abater somente uma; É ter a compreensão e convicção do real valor do “animal” que abateu, não o abandonando ou desprezando após um “lance” em que não se conseguiu a morte rápida da perdiz, ou em que o seu “cobro” se torna difícil; É contribuir e participar em projectos de reabilitação das espécies autóctones, de modo a certificar-se que os animais mais fortes e “sábios”que conseguiram sobreviver á Época Cinegética, terão condições óptimas de alimentação, sossego e refúgio, para que possam dar continuidade ao ciclo natural de multiplicação da espécie, e assim, garantir a qualidade das jornadas futuras; É ter coragem de abdicar de algumas jornadas, se sentir que o “censos” da espécie está baixo!

No passado dia 4 de Outubro, tocou a “trombeta” que iniciou a abertura á perdiz vermelha. Os caçadores (os verdadeiros) partiram para locais aonde ainda existe a verdadeira “alectoris”, palmilhando caminhos de terra batida, envoltos em nuvens de pó, para chegarem até ela. Os outros (espécimes), partiram nos seus “Mercedes”, via estrada asfaltada até á “capoeira” (desculpem a minha sinceridade), com as suas brilhantes “polainas” para os protegerem do….sol(??), ansiosos por “pisarem” as 10 perdizes a que têm direito “no pacote”.
Para o verdadeiro caçador, até tem uma grande importância o facto de haver esta “brincadeira”, porque se assim não fosse, não haveria modo de aferição comparativa, para se sentirem realmente caçadores. Pois na nobre “arte” de caçar, sempre houve distinções e diferenças (desde os primórdios), conforme referi na 1ª. parte deste artigo, e assim continua e continuará, até porque as Empresas que fornecem as “pobres” e as que, as “condenam” á “execução fácil” mediante uns “molhos de notas”, necessitam de enriquecer (enganei-me), digo, sobreviver!!
Ah pois é!
Daqui a 15 dias voltarei ao monte, para “levar mais um baile” das minhas “amiguinhas” porque elas não querem ver-me todos os dias de arma na mão, atrás do meu cão que me guia, gostam sim de me ver todos os dias com o saco de trigo e milho às costas, e eu, adoro fazer-lhes a vontade! Amanhã, lá estarei para regozijar-me com o seu canto!
Manuel António

terça-feira, 14 de julho de 2009

O APOGEU DOS TEMPOS



Eu não sou especial, nem tão pouco diferente! Somente, deixei de compreender as pessoas e sinto que nasci “fora de época” e que não pertenço “a este lugar”. Sinto-me “prisioneiro” aqui, naquele que devia ser o meu espaço! Sinto-me tolhido de pensamentos, anestesiado de movimentos e castrado na personalidade. Tudo isso aqui! Naquele que devia de ser o meu lugar! …mas não! Quando dei por mim, já era “impotente”! Nada mais do que um normal “transeunte” que leva encontrões da multidão.
Por isso, o meu silêncio! Por isso, o meu afastamento! Agora permaneço no canto que ninguém quer e tomo o meu lugar de “figurante” atento ao desenrolar deste “filme”, ainda sem nome.
Quero falar! Quero gritar e expulsar a angústia que me “asfixia” a vontade de ser e estar, mas … instintivamente, fico calado. Afasto-me! Saio de mim! Refugio-me no meu “ser” e falo com os animais. Quem neste mundo poderá me ouvir? Quem têm essa paciência?
É tudo tão “vão” e “leviano”! É tudo falso e provisório! Tal qual, qualquer projecto eleitoral apresentado por “qualquer” candidato, com o fim de ganhar “o tacho”.
Estou cansado! Chego até a pensar se afinal não será esta vida o inferno, por onde passamos para podermos mostrar “ao Divino” se merecemos ,ou não, o “outro lado” (Paraíso). Talvez seja por isso, que sempre constatei, que os melhores morrem sempre mais cedo e começo a pensar que será uma recompensa de Deus, pelo facto de terem passado a “prova” ,e por isso, merecem o céu.
Aqui tudo é “fictício”, tudo é improvisado, tudo é “fachada”, e cada Ser humano, vê noutro uma “potencial” fonte de receita. O respeito, a amizade, a complacência, o perdão e a solidariedade, são “fósseis” do bom senso que existiu, mas que ninguém se lembra e que se tornaram obsoletos a partir do dia em que oferecemos a primeira consola de jogos ao nosso filho, com “montes” dos jogos mais vis e violentos; a partir do momento que montámos um sistema de hi-fi e outro de TV no seu quarto e lhe permitimos que fechasse a porta para não o incomodarmos; a partir do dia em que achamos engraçado, que o menino dormisse todo o dia, por ter passado a noite fechado no quarto a jogar, e permitir que faltasse na mesa com o pai e a mãe, ao pequeno-almoço e almoço, fazendo-lhe “a papinha” matinal ao jantar, para o levar ao “pub” e estar com os amigos, tornando-o a buscar ás 6h “da matina”, para voltar a dormir durante o dia e acordar á noite para…..! (Aí, demos-lhe o primeiro curso de “Morcegoide”); a partir do momento que para nos dedicarmos ao trabalho, o entregámos ao Infantário, pensado que os outros fariam o nosso papel de pais e ficámos descansados para “também” nos dedicarmos ao lazer.
A partir daí o mundo mudou! Sem nos apercebermos criámos novas mentalidades, novas formas de raciocínio e “deturpámos” toda a educação que até aí tínhamos orgulho de ter tido como base na nossa formação como homens e mulheres.
Agora colhemos os frutos que semeámos!! Não? Estou enganado? Então experimentem “simplesmente” tirar o telemóvel ao filho de 16 anos? (Aparelho que extinguiu o “nobre” sentimento da saudade). Aposto, que na maioria dos casos “no mínimo”, deixam de falar aos pais e desprezam-nos, para não falar noutros casos mais complicados). São agora estas novas mentalidades que conseguem (sem vergonha) estacionar o Mercedes “sacado ao papá” ou a sua Moto-quatro no lugar de estacionamento prioritário a deficientes nos Parques Públicos e nas grandes Superfícies Comerciais, mostrando a sua rapidez de raciocínio. São estas mentalidades que após “a queima das fitas” e de mais uma noitada de (quase) “coma-alcoólico” se enclausuram em casa á espera que numa noite qualquer, enquanto “abanam o capacete” na discoteca, apareça uma grande Empresa a oferecer-lhes um “chorudo” ordenado. Enquanto isso não acontece, vão “exigindo” que os escassos recursos dos pais, continuem a sustentar os seus “protagonismos” de “meninos ricos”.
De mansinho (com cara de anjos e com o diabo no corpo), vão tomando “de assalto” a casa, o carro, o dinheiro e vão expulsando os seus proprietários que aos poucos “empurram” para o “Lar da 3ª. idade”, pago pela reformas dos próprios (auto-pagam-se).
De riso nos lábios, dizem que é o novo sistema (moderno), e que por isso, tiram os pais de casa para “morrerem” por se tornarem estorvo neste ritmo de vida (selvagem), que um dia nós iniciámos. Eu chamo-lhe falta de amor e respeito pelos outros, pelos seus, por si próprios, por tudo e por nada e porque são moralmente “miseráveis”.
Só podemos culpar-nos a nós próprios, homens e mulheres que vivemos nas últimas décadas do Século passado (por isso somos ignorantes), por nos termos “enfadado” da vida saudável e maravilhosa de pura convivência e verdadeira amizade imbuída dos mais nobres sentimentos, pensámos que tudo isso era pouco. Por isso, quisemos dar mais, que mais não foi do que conseguirmos o que temos.
É triste termos que andar em “zigue-zag” logo pela manhã, no trajecto para o nosso trabalho para não atropelarmos corpos “noctívagos” que “griparam” nos vícios da noite e que estendidos pelo chão, “jazem” nas esplanadas e jardins dos bares e pub’s. É triste assistirmos a corpos que “rebolam” na relva dos Jardins Públicos “fazendo amor??” (com as calças “vestidas”ao fundo do rabo, e com os boxer’s até ao pescoço) com os bolsos a “abarrotar” de preservativos que lhes foram distribuídos na escola, em frente aos nossos pés, enquanto voltamos de mais um dia de trabalho.
Tudo isto, é uma gota no oceano do que me faz sentir “desencaixado” nesta época, pois não consigo esquecer os bons costumes, o bom senso os valores fundamentais que outrora “fabricaram” homens com dignidade e honra. Por isso, sinto-me “marginalizado” e sou acusado de “atrofiado” por aqueles que não sabendo o sentido dessas palavras são “ocos” de sentimentos.
Pensava que o “meu tempo” era o período desde que nasci até ao momento em que morrerei, mas, constato que estava errado e que o “meu tempo” já morreu....e eu fiquei “viúvo” de esperança no futuro.
Manuel António

terça-feira, 19 de maio de 2009

PEREGRINAÇÃO (Consumada)






Chegámos! Muito obrigado por nos terem ajudado!

Eram estas as palavras mais ouvidas, quando no dia 12 de Maio, pelas 15h, o nosso grupo de 52 peregrinos entrou “na terra santa” do Santuário de Nª. Srª. de Fátima. Lágrimas, abraços, cânticos, sorrisos e muita emoção, fundiram-se com beijos e palavras de agradecimento. Estava assim liquidado o nosso trabalho!!
É muito compensador ouvir palavras carregadas de verdadeiro sentimento. As expressões e acções do momento não enganam e transmitem mais do que as próprias palavras. Confesso que nestas ocasiões, o carinho e calor humano que nos envolve despertam-me “um pouco” o sentimento de vaidade que imediatamente tento novamente “adormecer”, trocando-o pelo sentimento de “dever cumprido”.
Toda a logística de apoio, somente foi possível pelo empenho que todos os voluntários que se disponibilizaram a trabalhar neste “projecto” aplicaram, cumprindo com rigor o seu papel individual (previamente estudado), absorvendo para si a responsabilidade dos objectivos, assumidos por todos.
Igualmente importante, foram os apoios das Associações que se dispuseram a facultar as viaturas necessárias para transportar os mantimentos, refeitório, haveres pessoais dos peregrinos, além dos locais de dormitório e descanso. A todos eles, um OBRIGADO muito sentido de toda a equipa que após a saída de Castelo Branco, deixaram de ser 52 peregrinos e 11 elementos de apoio, para passarem a ser um só. Um grupo coeso e solidário que ultrapassou todos os obstáculos que encontrou pelo caminho. Cansaço, lesões, borregas, feridas e chuva, foram simplesmente neutralizados e consideradas coisas de somenos importância, pela vontade de chegar das pessoas que “dopadas” de um fantástico espírito de sacrifício, ignoraram por completo.
Fica a nostalgia e a vontade de voltar a sentir aquelas “estranhas” vibrações e sensações, que de outra forma são impossíveis de serem sentidas.
Não prometemos que para o ano voltemos a organizar outra peregrinação, pois não temos compromissos assumidos com nada nem ninguém e o lucro não consta dos nossos objectivos, mas o sentimento que fica é de saudade! Se voltarmos a ter os apoios das Associações que nos ajudaram durante o trajecto, concerteza iremos encontrar novamente esses sentimentos.
Até lá…..recordaremos!
Manuel António

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Peregrinação ao Santuário de Nª. Srª. de Fátima


Nos dias 9, 10, 11 e 12 de Maio próximo, irei (pelo 5º. Ano consecutivo) organizar uma peregrinação a Nª. Srª. de Fátima, juntamente com um grupo maravilhoso de pessoas que têm a coragem de abdicar dos seus "afazeres" pessoais e profissionais , para se tornarem voluntários deste "projecto", apoiando os peregrinos, que dificilmente atingiriam os seus objectivos sem "alguma" ajuda. A essas pessoas, eu quero agradecer do fundo do coração e prestar-lhes aqui a "homenagem" merecida de "Pessoas Nobres" com sentimentos.
O facto de os peregrinos pagarem, é pelo facto de não conseguirmos ninguém que patrocine uma Peregrinação, porque afinal de contas, não tem interesse para as televisões nem vende jornais e nada tem a ver com os ralis "todo-o-terreno" que destroem os caminhos públicos e particulares, os ecosistemas, afugentam os animais selvagem que se "suicidam" contra as redes das herdades. Nem tem a ver com os "futebóis" que arrastam excursões dos "mídia", por isso, em vez de pagarem, recebem. Uma pergrinação é somente a tentativa de cumprimento de um dever "psicológico"que algumas sentem necessidade de assumir, para se sentirem bem com elas e com Deus. É uma manifestação de fé, dentro de uma religião, que não é mais nem menos que qualquer outra, que também têm as suas manifestações de fé assimiladas pelos seus crentes, independentemente da religião em causa. Todas elas tem um Deus, por isso, por mais nomes ou formas que lhe dêem, é sempre um Deus, e para mim, sempre o mesmo. Todos os Deuses (sem radicalismos), levam á paz e nunca á guerra! Á paz interior e á paz entre todos os seres do mundo!
Para conseguirmos ter a capacidade de apoiar todos os peregrinos com a dignidade que eles merecem, só podemos assumir um número limitado de pessoas (55) para um grupo de 11 pessoas no apoio. Aos outros que não conseguiram lugar neste grupo (á volta de 60 pessoas), eu peço imensas desculpas, mas a capacidade dos locais de dormitório e a qualidade no apoio logístico e médico, assim o obrigaram.
O nosso objectivo não é o lucro, mas sim sentir o calor humano que nasce num grupo que se une á medida que aparecem as dificuldades físicas e começam a sair lágrimas misturadas com sorrisos dos rostos destas pessoas que vão ignorando o sofrimento á medida que se vão apercebendo que não estão sózinhas e que todos nós, somos um só. Ouvir um "doce" obrigado de uma voz que "chora" dorida de felicidade ao avistar o santuário, é o melhor pagamento do mundo.
Após a peregrinação e depois de também eu ter efectuado a minha oração para que seja banida a hipocrisia da face da terra e principalmente do seio daqueles que nos "escravizam" e nos ofereceram o "inferno", quando nos prometeram o "céu", cá estarei para contar um pouco da história desta viagem de 4 dias e 3 noites.
Até lá!
Manuel António

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Rota dos Grifos









No próximo dia 19 de Abril (Domingo), realizar-se-á um percurso pedestre no Parque Natural do Tejo Internacional. A saída é do recinto da Nª. Srª. das Neves ás 8h com rumo ao Tejo Internacional em frente a Herrera d’el Cântara. O “passeio” tem a distância de 18,5 Km e será efectuado dentro do Parque…., que de Parque só tem o nome, como é vulgar acontecer em Portugal, aonde se criam “job’s bué da fixes” para haver o pretexto de dar “churudos” salários aos que ocupam esses “tachos”.
Iremos ver o trabalho efectuado pelos “Naturistas” de gabinete, que nunca puseram os pés nessa imensa área que chamam “Parque Natural do Tejo Internacional”, a não ser aquando (de gravata pendurada a condizer com a cor do partido), com pompa e circunstância vão largar uns Grifos, para que os jornais registarem, mas os quais, já não têm a coragem de escrever depois, que não basta largar e que é necessário alimentar. Não dizem também que os Grifos morrem á fome ou são abatidos pelos Agricultores e Criadores de gado que vêem os seus animais atacados por aves que há milhões de anos são necrófagas, e que agora “empurradas” pelo “instinto de sobrevivência que renasce da fome” se tornam normais “predadores” para atacarem animais vivos.
Deixem-se de “fantochadas”!!
A crise só ataca os pobres e os desprotegidos, porque o lugar dos “Incompetentes” colocados e alimentados com o “nosso dinheiro”, em lugares criados para “pagar favores políticos” estará sempre salvaguardado.
Independentemente de tudo isso, iremos ver o campo verdadeiramente selvagem e abandonado, e se tivermos sorte, veremos algum “Cervídeo” alimentado por caçadores que além de serem “espoliados” pelo Estado que nada faz pela Actividade Cinegética (Além de encher os cofres á custa desta actividade), têm de alimentar os animais (cinegéticos).
Esperemos que não chova nesse dia, apesar de ser imensamente necessária. Mas neste momento que escrevo… lá fora a chuva cai!
Na próxima semana, mostrarei algumas fotos do evento.
Até lá!
Manuel António

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A MUTAÇÃO DOS TEMPOS E MENTALIDADES




Estamos “acabadinhos” de entrar num novo ano, que agora desponta, deixando para trás outro ano, que (penso eu), não deixa saudades. Em termos pessoais, só cada um saberá, mas em termos Nacionais e Internacionais, acho que estaremos todos de acordo que cada ano que finda é pior do que o anterior. Além da maldade dos homens, que provoca crises, guerras (como a que está a decorrer na Faixa de Gaza), mortes e sofrimentos, a “mãe Natureza” também tem vindo a mostrar a sua insatisfação, e vai provocando igualmente mortes e sofrimentos. Ultimamente tem-se ouvido falar que o ciclone “tal” foi o mais forte e devastador dos últimos 100 anos, que o terramoto no sítio “tal” foi o mais potente e mortífero dos últimos 500 anos, que a tempestade tropical “tal”, foi a mais destruidora do último milénio, etc., etc.. Porque será?
Apetece-me aqui reflectir um excerto bíblico que um colega (na brincadeira) está constantemente a referir: “…chegará o dia em que os vivos, terão inveja dos mortos…”.
Eu devo confessar que nunca li a Bíblia, nem sei se já alguma vez se concretizaram algumas profecias que “deambulam” pela sua mensagem, mas alguns “transcritos” que se vão ouvindo, dão que pensar. Não há dúvida que a natureza está a responder aos danos que nós (portadores da racionalidade(?)) lhe causámos, principalmente desde que começou a Era Moderna. Depois que inventámos a Indústria e os seus dejectos, os motores, a energia nuclear e os testes com bombas radioactivas (para intimidar Nações), etc., etc., o mundo mudou. Mudou o planeta e mudou a mentalidade dos seus habitantes, principalmente daqueles que se julgam o apogeu da civilização.
Os princípios básicos do respeito, educação e amizade foram adulterados, inevitavelmente, face a uma Sociedade “consumista e egoísta”. Esses princípios básicos, estão obsoletos e desenquadrados no presente e mais estarão amanhã (no futuro). Estamos a assistir à extinção daquela “espécie” de humanos que preferem sofrer, magoar-se ou terem um desgosto, a passarem por cima da honra e da palavra. Nos dias de hoje, a arrogância e a prepotência são confundidas com qualidades inatas de líder, e a mesquinhez com um acto de sabedoria, enquanto que a perseverança e a dedicação, confundidas com actos ocasionais de exibicionismo e não com qualidades. Por trás da formação destas opiniões, estão bases de incidência como o factor Político, Social ou Académico e todo um jogo de interesses que “encaixam” no panorama sócio-económico actual e que não permite outros métodos racionais de aferição, a não serem os que naquele momento servem todo um conjunto de conveniências. Tal qual, um Juíz dá sentenças diferentes para casos análogos e liberta criminosos rejeitando provas evidentes como imagens de vídeo, para arranjar argumentos (como é possível num País de Direito(?)), assim, os mesmos actos concebidos pelas pessoas, são interpretados, assimilados e criticados de diferentes formas, consoante o estatuto da personalidade que os praticou. A “mesmíssima” coisa efectuada por um político ou por um “ignorante” qualquer com “canudo” adquirido no projecto (Novas Oportunidades) que em três períodos de seis meses passa da 4ª. Classe a Dr., e uma pessoa qualquer que recebe a sua “esmola” pelo trabalho que efectua dignamente já com os descontos efectuados, sem nenhuma hipótese de fugir aos impostos e que por esse motivo não pode declarar rendimento mínimo sendo punido pelo facto de o seu filho não ter direito a Bolsa de Estudo, não é aceite da mesma maneira pela Sociedade, sendo ainda que, o filho “dos tais” que se apresenta de carro “top de gama” no estacionamento da Universidade, têm uma “B.E.” porque o “Papá” declara ordenado mínimo e a “Mamã” não trabalha.
Lembro-me de uma frase escrita há muito tempo, pelo “imortalizado” Charlie Chaplin, que se integra na perfeição: “…de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus…o homem! Chega a desanimar da verdade e a rir da honra, para ter vergonha de ser honesto”.
Em todos os sectores da vida, nos deparamos com “tabuleiros de xadrez” repletos de “peças trocadas” que minuciosamente são coladas com estratégia por pessoas influentes, de modo a tirarem benefícios dessa disposição, mesmo que por vezes tenham de “vigarizar” a lei.
Senão reparem: O Território Nacional, está quase Ordenado e no prazo de pouco tempo, estará completamente. As figuras do Regime Ordenado existentes, são as Zonas de Caça Turísticas, Associativas, Municipais e Sociais (??). Não há dúvida, que se quisermos ter espécies cinegéticas durante muitos anos, teria de ser tomada esta medida, que até já peca por tardia. Pois só assim, se consegue proporcionar alimentação, protecção e sossego aos animais (embora seja nula a comparticipação do Estado), mas também é certo, que esta medida irá dividir os caçadores por extractos sociais. Estão assim de volta as “coutadas particulares”, que embora sejam criadas com base em metodologias marginais (os chamados métodos inteligentes), laboram com a maior tranquilidade, e são até estas “coutadas” que estão no “top tem” das Zonas de Caça, pois as autoridades competentes, continuam a teimar em desconhecer a existência delas (não se sabe bem porquê). Toda a gente sabe que as Zonas de Caça Associativas, devem ser constituídas por Associações, de modo a servir os seus sócios, na proporção de 50 ha por Associado. No entanto, todos conhecemos Associativas constituídas por Associações fictícias, com sócios fictícios, que emprestam a carta de caçador em troca de uma caçada (para a constituição da mesma), sendo depois essa Associativa de uma só pessoa, (normalmente, o dono do monte), que irá convidar quando lhe convier, uns amigos (quase sempre, gente influente na Sociedade), que por sua vez, o irão compensar futuramente de alguma maneira, por fazerem essas caçadas, geralmente bem proveitosas.
Este tipo de gestão não está de forma alguma prevista na lei, mas que existe, acho que ninguém tem a mínima dúvida. Então poder-se-á afirmar que este tipo de procedimento que em nada serve e dignifica a Arte Venatória, por violar (para além de outros) o direito da igualdade, consagrado no nº. 2 do Artº. 13º. da Constituição da República Portuguesa: “Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever…”. Além disso, contribuem para a tal divisão dos caçadores por extractos sociais, porque nessas Zonas de Caça, só entram Doutores, Políticos, Engenheiros, “Profissionais de Farda”, etc.
Eu sou a favor que a totalidade do Território Nacional seja Ordenado, mas, de maneira a que sejam dadas oportunidades iguais aos caçadores. É óbvio que ninguém consegue ser sócio de todas as Associações, nem pagar caçadas em todas as Turísticas, mas no mínimo, cada caçador nunca deveria ter motivo para mentalizar-se que em determinada Z.C. nunca poderá caçar, porque a si (por ser quem é), fechar-lhe-ão as portas. Excluindo estes casos, penso que com o Ordenamento, existe mais organização e mais qualidade, havendo sem dúvida um melhoramento e aumento dos efectivos cinegéticos, demonstrando-se que só é possível colher dois grãos se pelo menos se semear um.
Espero que os casos de sucesso continuem a melhorar em 2009 e que os outros, consigam tirar ilações e conclusões dos erros cometidos, para que não voltem a cometê-los e que tenham o discernimento necessário para entenderem de vez, que o caçador merece respeito e que os animais muito mais. Por isso, não se podem voltar a marcar seis e sete Montarias numa Zona de Caça, só porque vêem nesta figura cinegética uma boa fonte de receita, e enganar os seus participantes colocando-os em olivais com pessoas a colherem azeitona, como faz um Organizador de Montarias(?) já bastante conhecido no Concelho de Castelo Branco.
Sejamos todos bem mais coerentes!
Manuel António