quarta-feira, 19 de janeiro de 2011





“VALE MAIS UMA IMAGEM QUE MIL PALAVRAS”
Se há coisas que me fascinam, uma delas é a fotografia! Nem sei porquê!
Pela lógica natural, o processo formativo e evolutivo de cada pessoa, desencadeia nelas conhecimento, vontade e “performance” adaptada e vocacionada para determinada área, desde que os condicionalismos da vida não as impeçam de aplicar o conhecimento adquirido. Era assim, que ainda não há muito tempo, o Ferreiro era filho de Ferreiro, o Sapateiro era filho de Sapateiro, etc. Todos sabemos que nos dias de hoje já não é assim! Se existe alguma simbiose relacionada com os factores anteriormente descritos, é somente a nível político onde o filho desse (Político), aprende a roubar “dentro da lei”.
Vivemos em época em que os nossos descendentes se “exilam” no seu quarto e se distraem a “matar” heróis virtuais na sua consola “escolar” (tipo Magalhães) ou Playstation, formando-se em “violência adaptada aos papás”, enquanto nós nos “babamos” de orgulho, porque o seu “guerreiro” que já “abateu” aviões, o super-homem e já partiu as pernas ao Cristiano Ronaldo, irá ser Dr., e por isso, não tem de aprender a trabalhar (em Portugal os Dr.’s não têm que trabalhar, somente têm que arranjar emprego e…mandar os outros trabalhar enquanto se “desgastam” a pesquisar na net as características e potência “em cavalos” para decidirem se compram um Mercedes ou um BMW).
Agora reparo! Já me desviei do tema inicial! Peço perdão!!
Continuando, estava eu a falar do processo evolutivo das pessoas que tendem a adquirir conhecimentos no meio aonde foram criados e se tornaram adultos. É nesse sentido, que não entendo como aparece o meu gosto e prazer pela fotografia e pintura, pois fui criado juntamente com o meu irmão, só pela minha mãe “analfabeta”, que se “matava” a trabalhar para nos sustentar e dar o essencial para não passarmos fome e não nos sentirmos inferiorizados ou complexados pelo facto de não termos um pai que ajudasse a ganhar o pão para a nossa família.
Mesmo assim, isento de de pré-formação (infantário ou pré-escola), isento de educação escolar em casa, eu destaquei-me desde muito cedo na escola, pelos desenhos e pinturas que fazia e que deixavam espantados os professores. Lembro-me como se fosse hoje, quando andava na escola primária do Ladoeiro (a minha terra Natal), na 2ª. Classe (7anos), que o professor pediu para todos fazermos um desenho sobre a Nª. Srª. De Fátima. Eu, sem nunca ter saído da aldeia, fiz um desenho retratando uma multidão enorme que acenavam á Santa que ía num “andor”, enquanto umas pessoas se arrastavam, outras postadas de joelhos e outras ainda, de terço na mão, em frente a uma Catedral que eu nunca tinha visto e num recinto que nunca tinha pisado. Gostaria de voltar a ver esse desenho, para poder apreciar se realmente estava tão bom assim! Embora me recorde dele, “fogem-me” os detalhes para poder aplicar o meu sentido crítico. Só sei que de repente, andava atrás do professor, de sala para sala (ele com o desenho na mão), a mostrar a todos os professores e alunos, aquele “fenómeno” como lhe chamavam, enquanto eu, de cabeça baixa e sem perceber bem porquê, já que para mim, tinha feito algo normalíssimo e recebia os aplausos dos alunos da 4ª. Classe e das salas das meninas (em 1967 na minha terra, os meninos estavam separados das meninas e os professores davam aulas aos rapazes e as raparigas tinham professoras).
Recordo-me de outra situação no ano seguinte, quando já na 3ª. Classe e a frequentar a catequese, a Catequista, inscreveu-me num concurso de desenho da diocese “não sei das quantas”, onde concorriam todas as turmas de catequese do Distrito de Castelo Branco com um desenho cada uma, para uma exposição a efectuar em Castelo Branco, no Pavilhão “da lata” da Câmara Municipal, que se encontrava na Devesa (agora Centro Cívico). Embora só um desenho pudesse concorrer, todos os alunos fizeram um, onde o tema era uma situação ou personagem da Bíblia. Após analisados pela Srª. Catequista, o meu, foi o seleccionado para representar a Catequese do ladoeiro. Depois de enviado (não sei para onde), deparo-me com ele no meio de centenas ou milhares, expostos nas paredes do pavilhão já referido, no dia do concurso, coincidindo com a primeira vez que vim á cidade de Castelo Branco, deslocando-me para o efeito com a Catequista e alguns colegas de catequese numa carrinha do Padre da Aldeia.
Não sei qual o método ou moldes como foram eleitos e votados os desenhos, só sei que de repente anunciaram que o desenho nº. “tal” tinha ganho o concurso, ou a categoria (da idade), ou algo assim! Enquanto todos me davam os parabéns, a Catequista chegou com o prémio: Um braçado de missais, uma bíblia, livrinhos de cânticos de igreja e outros alusivos á Doutrina Cristã. Além disso, uma caneta de metal que tinha quatro cargas e escrevia em quatro cores (era novidade para mim) e fiquei contente, por ela.
Aos dez anos e após ter feito o exame da 4ª. Classe, a minha mãe veio comigo e com o meu irmão, morar para Castelo Branco, onde havia mais oferta de trabalho e melhores condições educativas. Pois no ladoeiro os estudos terminavam na 4ª. Classe e, assim, eu e o meu irmão poderíamos continuar a estudar, como aconteceu. Nesse ano, fui matriculado na 5ª Classe, na Escola do Castelo e morava na Zona do Cemitério. Deslocava-me a pé para a Escola e para encurtar caminho, saltava o muro do Parque da Cidade pelo “Parque dos loureiros” aonde havia muitos medronheiros. Um dia, ao saborear os seus frutos que resplandeciam de “vermelho veludo”, adormeci encostado a um e quando acordei, era noite escura. Demorei a perceber o que tinha acontecido, como e porque estava ali….até que entendi que o fruto me tinha embebedado e que tinha faltado á escola. Voltei para casa, onde encontrei a minha mãe a chorar e muita agitação dos vizinhos á minha procura (ainda não havia telemóvel e nessa altura ainda só se oferecia como prenda da 4ª. Classe, um relógio “normalmente o primeiro”). Mas esta é uma história que “volta a fugir” do que realmente me proponho relatar aqui, e tal como muitas outras histórias, permanecerão na minha lembrança!
Nesse tempo, entretinha-me à noite a fazer desenhos, olhando para as figuras que ilustravam os livros do Walt Disney e de “Cowboys” que “devorava”, trocando-os com outros miúdos, depois de lidos. Todas as noites fazia um desenho a lápis de carvão, no meu “compêndio” para o efeito, que guardava
religiosamente e que mantive durante muitos anos, mas que hoje já não existe (não sei como desapareceu).
Talvez seja esta a única explicação possível, para poder compreender o meu gosto e interesse pela fotografia, sem ter tido qualquer base, formação ou incentivo que me estimulasse a fazer o investimento numa Reflex e correspondentes objectivas. Anteriormente, ás máquinas que possuo hoje, tinha várias que ainda utilizava rolo (iso 100, 200, 300, 400) de 12, 24 ou 36 fotografias. Tirei muitas centenas de fotos e gastei muito dinheiro nas suas revelações. Fascinava-me vê-las depois de 8 dias de espera e auto-criticava-me pela imperfeição da luz, sombra, motivo de fundo, ausência de brancos, antecipação ao disparo, etc. , e ficava ansioso por voltar a repetir para poder fazer melhor. O problema era (e ainda é) que na fotografia, muitas delas, não surgem nunca mais! São momentos únicos, e está-se lá naquele momento ou “mata-se” a oportunidade. Na fotografia o momento certo, é o do acontecimento e o fotógrafo tem de saber estar lá, sob risco de não conseguir tirar a foto, que nunca terá, se assim não for.
Eu posso dizer que vou tirar uma fotografia ao pôr-do-sol, e, tiro de certeza, nem que seja daqui a um mês ou um ano, mas de certeza que cada dia que eu volte a repetir, serão sempre diferentes. Do lote que eu conseguir, só uma será a melhor, independentemente de as outras também estarem bem, mas, a melhor só lá está porque eu procurei-a, senão teria de seleccionar outra como melhor. Ou seja, em cada lote de fotografias existe sempre uma melhor que as outras, mas poderá não ser o melhor possível, ou a que realmente “aprisione” o olhar de quem olha. Este é um exemplo para um motivo que se repete várias vezes, mas para aquelas situações que nunca voltarão a repetir-se e que acontecem sem dia e hora marcada?
É esta incerteza, a percepção do acontecimento, a constante procura, a leitura visual, a ansiedade e a satisfação do objectivo conseguido é que me “alimentam” a paixão por mais este “hobbie”.
Nos dias de hoje, é muito mais fácil obter uma excelente fotografia, graças á qualidade das máquinas que nada têm a ver com as obsoletas máquinas de há uns anos atrás. Falo somente de há meia dúzia de anos atrás, onde as máquinas digitais “Reflex” eram raríssimas, a maquinaria normal usava ainda película e os cartões de memória eram ainda uma miragem no mundo da fotografia. As máquinas digitais que existiam, utilizava como “armazenamento de fotos uma diskete de 1,44 MB, com qualidade fotográfica de 4 ou 5 megapixeis e super lentas quando chegava o momento de disparar o obturador. Eram do tipo: “accionava o botão do obturador quando avistava uma andorinha empoleirada no fio do telefone e só disparava, quando a andorinha já tinha regressado a África”.
Agora com as Reflex digitais, podemos tirar até 3 fotos por segundo, ou disparar em modo de disparo múltiplo, e…até parece uma metralhadora. Se a foto ficar com pouca luz ou com pouca cor, não importa! Pois os vários programas específicos para trabalhar com fotografia existentes no mercado, como o Photoshop, o photo Express, o Picasa 3, etc., são autênticos estúdios, que tratarão em segundos de suprimir as deficiências de luz, cor, definição, corte, tonalidade, entre outras.
É um luxo, retirar o cartão (até 64 Gigabytes) da máquina e introduzi-lo no computar para imediatamente ter acesso a um autêntico mundo, onde com a ajuda desses programas poderemos fazer o que quisermos com as fotografias, inclusive até efectuar fantásticas montagens, mas o básico tem sempre de estar lá (a foto obtida pela máquina fotográfica).
Eu considero-me um caloiro amador que gosta de fotografia, e estou muito longe de ser um fotógrafo. Além de não ter essa profissão não pago a modelos, nem estúdios para “sacar” um belo nu, e nada ganho por trabalho efectuado com a minha máquina, nem por vender alguma foto. Somente procuro saber “ler” alguns motivos que estão ali, mas que por vezes passam despercebidos a quem não se interessa pela modalidade.
Eu sou somente um “CAÇADOR” de imagens!
Manuel António

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

INADAPTADO



De repente, encontro-me estático a olhar aquelas crianças! Nem sei como parei e porque parei! Só sei que quando as vi, algo me “desligou” os movimentos e pensamentos por alguns instantes. Tento procurar o motivo que me “petrificou”, mas a normalidade do cenário envolvente era natural.
Naquela última tarde de Dezembro que encerrou o ano de 2009, nada saudoso para milhares de famílias que ficaram sem o emprego que lhes proporcionava o pão e a dignidade, eu, estou “dormente” como uma estátua, fixando “meia-dúzia” de crianças nascidas (talvez) na última década, que vestiam roupas “esfarrapadas” e bonés voltados à “retaguarda”, equipados com auscultadores e phones nos ouvidos, telemóveis na mão, dedilhados “à velocidade da luz”, enquanto falavam um dialecto que não entendo “adornado” com palavrões que conheço muito bem, os quais, me transmitiram o método e a forma que os seus pais adoptaram para a sua formação de homens, que (um dia) irão decidir o nosso destino.
Talvez tenha sido a homogeneidade que vi no grupo, que me tenha prendido a atenção! Enormes buracos numa “espécie” de calças, sem cinto, deixando os “quadris” à mostra e a cor dos “boxer’s” que quase chegavam ao “pescoço”, auscultadores e telemóveis (top de gama) que ostentavam tentando impressionar-se uns aos outros, dando a impressão de um ritual, pois a sua disposição em círculo, a “lenga-lenga”, as vestes e os “ornamentos” eram o que me transmitiam. Mas ritual de quê? Era essa a questão que levava, quando decidi continuar a minha marcha, enquanto o meu espírito “viajou” até ao momento em que também eu, menino, brincava com outras crianças, brincadeiras inocentes carregadas de fantasias que acendiam a luz da esperança e enfeitiçavam os corações. Nessas brincadeiras éramos Doutores, Professores, Polícias ou Ladrões (não Políticos). Hoje, a lembrança dessas brincadeiras provoca-me imensa saudade e instintivamente “obriga-me” a comparar tudo o que vejo, o que sinto e o que ouço. O resultado dessa comparação, é dor! Uma dor imensa, por ver que em trinta e poucos anos a diferença entre os dois grupos de crianças que referi, não se resumir somente ao facto da evolução tecnológica ter alterado o modo de vida delas, mas sim, por constatar que alterou o modo de pensar das pessoas e principalmente os padrões emocionais do Ser Humano. A evolução abrupta da tecnologia foi uma vacina que “matou” os valores genealógicos da personalidade natural e a transformou em personalidade “manufacturada”, conivente com interesses e objectivos a alcançar, por cada pessoa, no seio de uma Sociedade de competição, onde não cabem os valores fundamentais.
Não vale a pena estar a comparar os brinquedos que eu inventava e fabricava para poder brincar, e os brinquedos das crianças de hoje. Penso que toda a gente saberá (?) que nem sequer há comparação possível. Mas se analisarmos o facto desse brinquedo fabricado por mim, ou por uma criança da minha idade, ter carecido de iniciativa, sabedoria, invenção, destreza, amor, paixão, etc. e um brinquedo de hoje carecer somente de pilhas, talvez já valha a pena meditar um pouco sobre o assunto.
É evidente que a criança que fabricou o brinquedo para poder brincar, teve contacto com a madeira, cartão, cortiça, platex, martelo, pregos, alicate, chave de fendas, serrote, arame, etc. e com essa experiência aprendeu os seus nomes, o modo como se utilizavam e a utilidade de cada matéria-prima ou ferramenta, mas acima de tudo aprendeu a ter iniciativa e a trabalhar.
Experimentem pedir um alicate a uma daquelas crianças que eu vi de calças rotas (coitadinhos)! Verão que, “se tiverem a sorte de ela querer colaborar” lhes trará (talvez) um martelo ou uma picareta. Agora peçam-lhe para fazer 800.000 pontos no “Mortal Kombat” na sua consola de jogos ou no seu “ipod” de jogos incluído no seu telemóvel! Ficarão estupefactos, pois além de fazer os pontos, fará gestos com a cabeça e dará gritos e palavras de ordem, como se estivesse a “viver” essa guerra, sentindo-se o seu comandante.

NATAL DO COMÉRCIO
Já tive oportunidade de falar, noutras ocasiões, no modo como eu vejo e sinto o Natal. Aliás! Eu não o sinto! Não sinto o amor e a paz; Não sinto a harmonia e a concórdia; Não sinto a amizade e a verdade; Não sinto a compreensão e muito menos, a fé das pessoas naquilo que realmente originou o Natal, que foi o Nascimento de Jesus Cristo (para a religião Católica), pois noutras religiões, existem outras datas importantes festejadas com muito mais fé. O Natal de hoje é comercial e nada tem de religioso.
Perguntem às “tais” crianças, se sabem o que é o Natal?
A resposta não será tão surpreendente, por ser previsível e de certeza que será do tipo: Recebi estes auscultadores do “DJ Camané da Burakka”, este telemóvel 4G, estas calças Maluka, este “piercing” e um “computer, bué da fixe”! Experimentem depois tentar explicar-lhes que é a comemoração do aniversário de Jesus, e ouvirão: Ai o Jesus faz anos nesse dia? O “gajo” é “nice”, é “bué da bom”, e o Di Maria e o Saviola também. O Benfica este ano com ele vai ser campeão!
Todos sabemos do congestionamento de pessoas nas grandes superfícies comerciais em época Natalícia. As lojas e os parques de estacionamento, aonde nem os lugares especiais marcados a azul, escapam, sendo até os primeiros a serem ocupados (há muitos deficientes, neste País), ficam a “abarrotar”, porém nas igrejas contam-se pelos dedos das mãos, as pessoas que as visitam.
Mas voltemos às crianças que me fizeram reflectir e às novas tecnologias.
NOVAS TECNOLOGIAS
São tantos os aparelhos tecnológicos que fazem parte do nosso dia-a-dia que sem eles, a vida seria insuportável. Para algumas pessoas seria até impossível viver, como é o caso das pessoas que têm que usar uma bomba artificial que ajuda o coração doente (pacemaker); O caso das pessoas que utilizam próteses que substituem órgãos; O caso de pessoas que utilizam órgãos “implantados” de doadores (vivos ou mortos). Mas não é sobre esse assunto que quero aqui deixar a minha opinião, que não passará disso mesmo, “OPINIÃO”! Há tanta coisa para falar sobre o tema, que poderia passar o resto dos meus dias falando das novas tecnologias, de tal forma, que quando pensasse ter terminado, poderia aparecer nesse dia, outra novidade ou alteração, tornando obsoleto o transcrito sobre as mesmas. Veja-se o caso da informática! Um computador comprado hoje com capacidade e velocidade fantástica, equipado com sistema operativo e processador potentíssimo, tamanho de disco altíssimo, “amanhã” está obsoleto, porque (nem precisa de ser a concorrência) o mesmo fabricante lança uma nova versão com mais alguma coisa para atrair o cliente. São técnicas de mercado! Passa-se assim também no sector automóvel e quase em todos os sectores. Nas telecomunicações não é diferente!
É sobre esta parte (telecomunicações) que quero dar a minha opinião, por variadíssimos motivos e um deles tem a ver com “aquelas” crianças que prenderam a minha atenção, uns dias após o Natal, embora não tenha sido nesse dia, que eu formei a ideia sobre o que irei redigir!
Há muito tempo que tenho vindo a analisar a metamorfose, que penso ter ocorrido, na sociedade, provocada por “somente” um desses inventos recentes: O telemóvel!
Na minha opinião, este aparelho é um dos maiores responsáveis pela alteração (que noto) na personalidade social. Acabou, inclusive, com a divisão de classes (só neste sector), pelo facto de ter sido aceite por qualquer uma delas, tornando-se um aparelho indispensável, como o ar que se respira e a água que se bebe!
Não há Português que não tenha um telemóvel (pelo menos). Doutor, Engenheiro, Pastor, Polícia e Ladrão, todos utilizam o telemóvel como sendo uma imprescindível ferramenta de trabalho. É quase de 100% a média da relação telemóvel/pessoa, neste pequeno País que lidera “ranking’s” Europeus e (ou) Mundiais, como os do desemprego, analfabetismo, sinistralidade rodoviária, baixas fraudulentas, corrupção dos Gestores Públicos, pobreza, entre outros, que em nada dignificam aqueles que contribuem com os pesados impostos para pagar os altos salários (mais mordomias) dos nossos Altos Representantes.
Esta “telemóvel-dependência” que me refiro, abrange tanto o Português adulto, como o Juvenil, “impulsionada” pela prenda da moda em Portugal, neste Natal, nos Natais anteriores, nos Natais futuros, nos aniversários passados e futuros, nas ofertas “porque sim”, etc, que é o telemóvel.
Tenho a certeza de que as crianças que me referi, aparentando uma média, de idades na casa dos 13 anos, não estavam a apresentar os seus primeiros telemóveis, mas sim as suas novas versões “top model”, como uma das prendas de Natal. Se eu disser que já vi crianças com chucha na boca a jogar no telemóvel, talvez me chamem exagerado, por isso, continuarei o meu raciocínio passando por cima deste assunto.
CRISE
Crise? Sim, é verdade, eu sinto-a! Sim, é verdade que todos os dias contacto e convivo com pessoas que a sentem! É verdade que a Comunicação Social Portuguesa, além de ajudar o Benfica a “ser grande” “lavando” os cérebros dos mais incautos, alimentando os daqueles que têm uma “doença” (não tão rara) de colocar na sala da sua casa, onde recebe as visitas, um quadro com os dizeres “Quem não é do Benfica, não é bom pai, nem bom chefe de família”, também fala da crise, que veio para ficar (embora não seja para todos).
Não sendo eu, Catedrático, Dr. ou outra coisa que ostente algum “canudo”, entendo por crise: “A dificuldade em suportar a normalidade quotidiana na questão de alimentação, saúde, educação, higiene e manutenção do lar, mesmo mantendo uma fonte de rendimento, como o emprego, porque se assim não for, não considero crise mas sim catástrofe ou hecatombe”.
Mas para mim, a crise também se fabrica e nas mentalidades “fabricadas” de hoje, infelizmente a crise nunca mais terá fim!
Lembro-me que ainda não há muito tempo, quando os ordenados eram mais baixos (e os impostos também) as despesas essenciais eram: a alimentação, o vestuário, a educação (sem Magalhães) e com escolas públicas, a saúde (sem clínicas privadas), a água, o gás e a electricidade, conseguindo as famílias construir um “pé de meia” que serviria para comprar o “enxoval” dos filhos, ou suprimir despesas extraordinárias, no caso de uma infelicidade. Nos dias de hoje, as pessoas assimilaram um modo de vida que nada tem a ver com o referido no parágrafo anterior, assumindo-se com posições sociais e estatutos desproporcionados “muitas vezes” com a realidade das suas receitas. A razão que provocou este “modo de vida” (penso eu) terá a ver com a “revolução” tecnológica, que referi, interferindo inclusive, no modo e método como os pais começaram a educar os filhos e nas alterações formativas que daí advieram!
Assim sendo! As despesas essenciais das famílias de hoje são: a alimentação, o vestuário, a educação (escola e infantário), a saúde (estética), a electicidade, a água, o gás canalizado, a TV Cabo, a internet, o telefone fixo, os telemóveis (do pai, mãe, da filha e do filho), o condomínio, a prestação do “Mercedes”, o prémio do seguro do carro, o prémio do seguro da casa, o prémio do seguro de vida (obrigatório por motivos do crédito habitação), a anuidade do cartão multibanco, a prestação do cartão de crédito, etc.
Congelam-se os ordenados, podem os membros familiares perder o emprego, aumentam-se todos os consumíveis, os combustíveis, os impostos, etc, mas as despesas que acabo de salientar continuam essenciais. Não importa, como, porquê, quando ou quanto, mas abdicar de alguma destas despesas seria “matar” o orgulho e o “status” essencial que as famílias actuais se habituaram e terão de suportar, nem que seja aparentemente, até ao momento da respectiva penhora da casa ou do carro. Não é geral, mas muito na moda!
A FACE DA PERSONALIDADE
Volto a referir que tudo o que disse até aqui, é somente uma mera opinião pessoal, do modo como vejo a adaptação da sociedade aos tempos modernos. Embora eu não seja diferente dos demais, a minha adaptação às pessoas que se entregaram inteiramente á “guerra selvática” por um estatuto a qualquer preço, dentro desta sociedade de “plástico” não está a ser pacífica, entre o “eu” moderno e o “eu” que sou, conforme padrões genealógicos e formativos que minha mãe “plantou” em mim. Talvez seja “altaneiro” dizê-lo, mas penso ser muito mais, senão for verdadeiro comigo próprio antes de o ser com os outros, e não ter a coragem, para afirmar que penso saber ler a personalidade de cada pessoa através do olhar, através do riso, através da postura, através dos gestos, mas acima de tudo através do toque polifónico do seu telemóvel.
Na vida as pessoas têm tendência a personalizar o que é seu, como referência, ou sinal de exclusividade que transmita aos outros uma referência pessoal. Na natureza, os animais selvagens, como o lobo, o javali, o veado e até o cão doméstico, deixam marcas para informarem aos outros machos o seu espaço e atraírem as fêmeas! Neste caso, dos toques dos telemóveis não é bem isso, (marcação do território) mas sim (sem se aperceberem), a transmissão do seu carácter e muito dos seus prazeres a quem estiver mais atento e souber fazer a leitura. Quem não reparou e assistiu já a situações em que no meio de uma multidão, “sai do nada” a música do “bacalhau quer alho” e imediatamente um Srº de bigode, na casa dos cinquenta anos, de boné ou chapéu na cabeça “saca” do telemóvel de uma bolsinha de plástico ou couro que trás no cinto e desata aos “berros” com o individuo que ficou de ir lá a casa, buscar o carneiro para “cobrir” a ovelha. Quem ainda não reparou em situações idênticas aonde, de repente, começa a tocar o “ser Benfiquista” ou o “só eu sei” ou “os filhos do Dragão” e quando olhamos vimos alguém na casa dos 30 anos, que veste uma camisola, ou boné alusivo aos clubes em questão, atender o telemóvel? E aqueles toques gravados pela própria pessoa, com assobios e “palavras de ordem” em relação a mulheres, ou à sua própria pessoa como: “atende lá c***”! O que pensar dos seus autores e proprietários? Depois há toques com músicas “remix” de “Djs”, músicas clássicas, etc, que “encaixam” na perfeição nos proprietários dos telemóveis, que “exibem” essas músicas. Mas talvez, um dos sinais mais fortes de personalidade, é o facto de estarmos a falar com alguém, e de repente “disparar” a trompete que ordena a entrada dos toiros, nos campos de tourada, com aquele toque característico das praças de toiros “tá-tá-rá-rááá”, e essa pessoa pega no telemóvel e diz “tou chim”! chim sou eu!
Temos ainda os toques mudos vibratórios ou não, que ninguém se apercebe, mas que se notam, quando alguém, que esteve todo o tempo ao pé de nós, mudo, sinistro até, pega no telemóvel e fala quase sem lhe saírem palavras, tapando a boca e o telemóvel (com a outra mão). Há muitos mais exemplos, que para mim são deveras indicadores da personalidade de cada usufrutuário deste meio tecnológico, nascido há poucos anos.
A MORTE “rápida” DA SAUDADE
Além de tudo o que já disse em relação ao telemóvel, tenho também a opinião de que este aparelho acabou com alguns valores outrora fundamentais.
Matou a saudade, o respeito, a educação!
Lembro-me ainda (embora criança), das mães que choravam e enchiam a igreja com orações, de tanta saudade dos seus filhos que eram destacados para o Ultramar em missão militar, e só se comunicavam de meses a meses através de uma carta de avião dos CTT. Antes de abrirem cada carta, já as lágrimas “lavavam” os seus rostos, de coração “nas mãos” e um “nó” na garganta. A emoção, a incerteza do conteúdo, o tempo de demora da resposta à última carta enviada, a impaciência e a vontade de abraçar, construíam um sentimento (que se extinguiu), chamado saudade. Imaginemos agora, que nesse tempo já havia telecomunicações móveis como hoje, e que tal como agora, os intervenientes poderiam falar a cada minuto! Qual seria o sentimento?
Algo que me irrita bastante (sem falar do uso do telemóvel nas salas de aula, reuniões, etc.) é o facto de estar a falar com alguém um assunto importante e de repente tocar “o hino Nacional” no bolso dessa pessoa, que imediatamente pega no telemóvel e me volta as costas, deixando-me a falar sozinho, enquanto gesticula, ri e baila á minha frente a dança já conhecida, provocada pelo telemóvel neste tipo de situações! Irrita-me se for comigo esta falta de respeito, e irrita-me assistir á mesma situação, em que o “pendurado” é outra pessoa.
Outra situação nada agradável, mas muito na moda neste País, situado no “terminus” da cauda Europeia em questões formativas e educativas, é o facto de estarmos numa fila (com senha tirada) de uma consulta externa hospitalar, marcação de análises de um centro médico, serviços públicos e particulares de atendimento geral, ou até na fila da bilheteira do cinema, e quase chegada a nossa vez de atendimento, toca o telefone, que é imediatamente atendido, pela menina “Gertrudes” que simpaticamente nos ignora, deixando que a outra pessoa “da cama”, nos passe á frente. É falta de respeito e falta de educação! O motivo, penso eu, é o telemóvel aliado á “pobre” formação educativa que todos nós adoptamos para os nossos filhos “aprisionando-os” no quarto a “auto-educarem-se” com um jogo de guerra da PlayStation, talvez para podermos ter mais tempo para telefonarmos aos amigos.

Peço desculpa, mas embora tenha mais assunto para continuar com a minha opinião, tenho de terminar aqui, porque tenho um passarinho a “cantar” no meu bolso.

Manuel António

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

DISCÍPULOS (versus) JUDAS DE DIANA




A EVOLUÇÃO DA CAÇA

A caça foi ao longo dos tempos, componente integrante na estruturação de civilizações. Os primeiros Deuses que o homem elegeu revelavam figuras animais que supostamente os protegiam da sua preocupação principal: a sobrevivência!
Entende-se assim, que a faceta utilitária da caça tenha sido a que primeiro se revelou.
No Paleolítico o homem caçava para matar a fome! As pinturas rupestres que hoje se conhecem revelam as preces do homem primitivo para que houvesse uma caça abundante, visto dela depender. No Neolítico o homem sedentário, com gado domesticado, concebe armadilhas e artefactos para capturar animais, mas não vive totalmente da caça uma vez que também é agricultor. Usa os seus engenhos em momentos escolhidos, tornando-se deste modo caçador “semi-desportivo”.

Esta actividade pelo tempo fora, sempre integrou a dupla vertente utilidade/lazer, mas esta duplicidade estaria sempre bem definida de acordo com a posição social daqueles que caçavam.
De facto, a data altura, ser bom caçador era qualidade “exigida” a um Rei. Considerada na sua forma superior, a caça revelava-se uma disciplina vigorosa. Era considerada um excelente treino para os guerreiros e todos aqueles que bem caçavam, eram tidos como valentes e corajosos.
Nesta altura, a caça, era um grande acontecimento social, reservado às classes mais altas e mesmo as senhoras podiam participar evidenciando luxos e práticas privilegiadas. Este sentimento de superioridade era invejado por quem não podia participar. Na verdade, o povo nunca usufruiu do prazer de caçar, mesmo quando obrigado a isso. D. Afonso V organizava quatro caçadas por ano, ao encargo dos moradores do concelho. Estes, no entanto, revelavam certo desagrado pelo acontecimento, sobretudo quando o risco e esforço despendido era bem maior do que o quinhão que lhes correspondia.
Por outro lado, chefes, governadores, reis e guerreiros, cada vez mais incluíam a caça nos seus tempos de lazer, como ocupação predilecta.
Consequentemente surgiria a evidente necessidade de limitar o exercício, de modo a proteger inúmeras espécies. Com este tipo de controlo, a caça adquire um estatuto de privilégio.
Em Portugal, a protecção da caça surge através de restrições, multas e penas. Também se adopta um período de defeso. O primeiro defeso oficial foi promulgado por D. Afonso III, em 1252, e decorria desde o dia de cinzas até Santa Maria de Agosto.

A CAÇA, HOJE

Continua a existir, nos nossos dias, carência de caça e abundância de caçadores. Mais por desporto do que por necessidade, muitos se regalam com a época em que tiram as caçadeiras dos armários e “desatam por aí aos tiros a tudo o que mexe”. Felizmente, também temos ainda quem se preocupe com limites e excessos e faça da caça uma ocupação nobre. Muitos se interrogarão quanta nobreza pode haver em terminar “perfurado” pelos “bagos” de chumbo….mas não podemos deixar de admirar a exigência e o respeito daqueles que, ao longo do ano se entregam a um duro trabalho, para criar condições de alimento, refúgio e sossego aos animais, para capturarem apenas o essencial e no tempo certo.
Obviamente, penso que já todos entenderam que estou a falar de caça selvagem, das espécies indígenas (autóctones) e das que ainda chegam até nós, através dos percursos e rotas migratórias. É verdade que hoje temos 70% do território Nacional Ordenado, e que essa alteração provocou profundas mudanças no mundo cinegético: A diminuição do número de caçadores por escassez de recursos financeiros que os priva de pagarem para caçar; o surgimento de Empresas específicas na criação de animais de cativeiro com “estatuto” de espécies cinegéticas, através de meios bem artificiais; o aumento do nº. de caçadores furtivos (desta matéria, falarei noutra peça), são os principais responsáveis pelo estado actual do nosso “hobbie” que herdámos por via genealógica, dos nossos antepassados. Das figuras de ordenamento possíveis, não irei falar das Zonas de Caça Municipais, das Sociais, nem das Associativas (fica para outra altura), e somente destacarei o que me ocorre sobre as Turísticas. São uma grande parte destas “figuras de ordenamento” que escoam, consomem e esgotam todo o capital de produção das “tais” Empresas vocacionadas para a criação de espécies de cativeiro (muitas delas de muito má qualidade), alimentadas com produtos de composição muito artificial á base de nitrofuranos e hormonas.

SEPARAÇÃO DE VALORES

É claro que eu defendo a criação de Empresas, pois são elas que criam riqueza, emprego e dão estabilidade ás famílias, mas o modo como reagem estes animais quando libertados(?) da “gaiola” e o motivo porque são “empurrados” para fora dela, é que eu me refiro e critico.
Estas Z.C.T. que optam pelo sistema de caça intensiva, proporcionando jornadas de caça diárias desde o primeiro dia do calendário venatório ao último, a grupos que as adquirem por valores dez vezes acima do custo de cada animal, que é colocado nesse dia ás 7h da madrugada, para uma hora depois, andarem a “pisá-las” e darem-lhes “pontapés” no “rabo” para que possam “fingir” um voo, de modo a que esses “excelentes caçadores” possam “fazer de conta” que o são. Muitas dessas perdizes, acabam na boca do cão sem que tenham tido tempo e vontade para fazerem qualquer tentativa de “levante”, entregando-a este, conforme a encontrou: pequena, magra e mole!
Perante tal facto, e sabendo que as pessoas que aderem a este tipo de “filosofia cinegética”, sabem que estão a caçar(?) espécies de cativeiro, começo a constatar que estamos perante um tipo de caçadores, que de caçadores nada têm, com a agravante de que pensam que são excelentes caçadores e que possuem excelentes cães! Dá vontade de rir! E riu-me sempre que vejo um desses Senhores “deslocado” do seu local de caça (uma espécie de campo de treino) numa Z.C.T. qualquer, na qual, adquire anualmente “X” caçadas , a dizer que não há perdizes, ou que as poucas que há são “rijas” ou estão “escaldadas” e “acussadas” e que por isso não vale a pena ir atrás delas, para os “cabeços”, pois não vale a pena por isto, por aquilo, etc. etc. ! Desculpas “esfarrapadas” é o que é! Muito mais me riu, quando o seu cão que até é campeão “daqui e dali” e de mais “não sei onde” na hora de cobrar uma “vermelhuda” das autênticas, passa por cima dela como se fosse por cima de um pau ou uma pedra, pelo facto de as emanações que esta exala, nada terem a ver com “farinha”, aroma pelo qual “o campeão” orienta os seus “ventos”. Tenho a certeza disso! Cão de Concurso, ou de campo de treino, não serve para procurar a pura, a genuína, a real “Alectoris rufa”. Penso que o seu dono também não!!
Bem, não importa! Também é verdade que pelas leis correntes que legislam sobre o acto venatório, não proíbe esta prática, nem se o cão conhece o cheiro da perdiz, ou não, nem tão-pouco proíbe os terrenos de caça tipo “campo de futebol” onde são lançadas as “farinhentas”! ….e peço imensa desculpa aos mais cépticos, ou a alguém que ao ler estas “palavras” se sinta susceptibilizado, mas eu sou um “amante” assumido da preservação da nossa autêntica e selvagem “rainha do monte”, tal como o meu avô e o meu pai a conheciam: brava, instintiva, poderosa e de voo firme!
Mas claro que não é fácil encontrá-la, e muito boa gente que a apregoa como selvagem, no seu couto, mente! O que é incrível, é que os próprios clientes que compram as jornadas de caça “os habitués” gostam de se enganar a si próprios e criar a ilusão de que andam atrás de animais selvagens, só porque gostariam que assim fosse! A realidade é que não são, e estão a “anos luz” das suas “prim(i)tivas”, como também não considero caçadores os Senhores que se dedicam a este “exercício”!
Ser caçador é outra coisa! É ter paixão pelo “autêntico” e força de vontade para ir até onde for necessário para o encontrar, “perder-se” no monte, suar, esfarrapar- se e mesmo que “leve um bigode” destas “avezinhas” em vez de desanimar, conseguir motivar-se ainda mais para estudar uma nova estratégia, aguardando pacientemente pelo próximo domingo; É ter a capacidade de sacrifício para calcorrear a serra, vezes sem conta, até encontrar o bando que o irá “pôr de rastos”; É ter a nobreza de aceitar com enorme prazer, o facto de ter perseguido um bando de 20 “vermelhudas” durante toda a manhã e ter conseguido abater somente uma; É ter a compreensão e convicção do real valor do “animal” que abateu, não o abandonando ou desprezando após um “lance” em que não se conseguiu a morte rápida da perdiz, ou em que o seu “cobro” se torna difícil; É contribuir e participar em projectos de reabilitação das espécies autóctones, de modo a certificar-se que os animais mais fortes e “sábios”que conseguiram sobreviver á Época Cinegética, terão condições óptimas de alimentação, sossego e refúgio, para que possam dar continuidade ao ciclo natural de multiplicação da espécie, e assim, garantir a qualidade das jornadas futuras; É ter coragem de abdicar de algumas jornadas, se sentir que o “censos” da espécie está baixo!

No passado dia 4 de Outubro, tocou a “trombeta” que iniciou a abertura á perdiz vermelha. Os caçadores (os verdadeiros) partiram para locais aonde ainda existe a verdadeira “alectoris”, palmilhando caminhos de terra batida, envoltos em nuvens de pó, para chegarem até ela. Os outros (espécimes), partiram nos seus “Mercedes”, via estrada asfaltada até á “capoeira” (desculpem a minha sinceridade), com as suas brilhantes “polainas” para os protegerem do….sol(??), ansiosos por “pisarem” as 10 perdizes a que têm direito “no pacote”.
Para o verdadeiro caçador, até tem uma grande importância o facto de haver esta “brincadeira”, porque se assim não fosse, não haveria modo de aferição comparativa, para se sentirem realmente caçadores. Pois na nobre “arte” de caçar, sempre houve distinções e diferenças (desde os primórdios), conforme referi na 1ª. parte deste artigo, e assim continua e continuará, até porque as Empresas que fornecem as “pobres” e as que, as “condenam” á “execução fácil” mediante uns “molhos de notas”, necessitam de enriquecer (enganei-me), digo, sobreviver!!
Ah pois é!
Daqui a 15 dias voltarei ao monte, para “levar mais um baile” das minhas “amiguinhas” porque elas não querem ver-me todos os dias de arma na mão, atrás do meu cão que me guia, gostam sim de me ver todos os dias com o saco de trigo e milho às costas, e eu, adoro fazer-lhes a vontade! Amanhã, lá estarei para regozijar-me com o seu canto!
Manuel António

terça-feira, 14 de julho de 2009

O APOGEU DOS TEMPOS



Eu não sou especial, nem tão pouco diferente! Somente, deixei de compreender as pessoas e sinto que nasci “fora de época” e que não pertenço “a este lugar”. Sinto-me “prisioneiro” aqui, naquele que devia ser o meu espaço! Sinto-me tolhido de pensamentos, anestesiado de movimentos e castrado na personalidade. Tudo isso aqui! Naquele que devia de ser o meu lugar! …mas não! Quando dei por mim, já era “impotente”! Nada mais do que um normal “transeunte” que leva encontrões da multidão.
Por isso, o meu silêncio! Por isso, o meu afastamento! Agora permaneço no canto que ninguém quer e tomo o meu lugar de “figurante” atento ao desenrolar deste “filme”, ainda sem nome.
Quero falar! Quero gritar e expulsar a angústia que me “asfixia” a vontade de ser e estar, mas … instintivamente, fico calado. Afasto-me! Saio de mim! Refugio-me no meu “ser” e falo com os animais. Quem neste mundo poderá me ouvir? Quem têm essa paciência?
É tudo tão “vão” e “leviano”! É tudo falso e provisório! Tal qual, qualquer projecto eleitoral apresentado por “qualquer” candidato, com o fim de ganhar “o tacho”.
Estou cansado! Chego até a pensar se afinal não será esta vida o inferno, por onde passamos para podermos mostrar “ao Divino” se merecemos ,ou não, o “outro lado” (Paraíso). Talvez seja por isso, que sempre constatei, que os melhores morrem sempre mais cedo e começo a pensar que será uma recompensa de Deus, pelo facto de terem passado a “prova” ,e por isso, merecem o céu.
Aqui tudo é “fictício”, tudo é improvisado, tudo é “fachada”, e cada Ser humano, vê noutro uma “potencial” fonte de receita. O respeito, a amizade, a complacência, o perdão e a solidariedade, são “fósseis” do bom senso que existiu, mas que ninguém se lembra e que se tornaram obsoletos a partir do dia em que oferecemos a primeira consola de jogos ao nosso filho, com “montes” dos jogos mais vis e violentos; a partir do momento que montámos um sistema de hi-fi e outro de TV no seu quarto e lhe permitimos que fechasse a porta para não o incomodarmos; a partir do dia em que achamos engraçado, que o menino dormisse todo o dia, por ter passado a noite fechado no quarto a jogar, e permitir que faltasse na mesa com o pai e a mãe, ao pequeno-almoço e almoço, fazendo-lhe “a papinha” matinal ao jantar, para o levar ao “pub” e estar com os amigos, tornando-o a buscar ás 6h “da matina”, para voltar a dormir durante o dia e acordar á noite para…..! (Aí, demos-lhe o primeiro curso de “Morcegoide”); a partir do momento que para nos dedicarmos ao trabalho, o entregámos ao Infantário, pensado que os outros fariam o nosso papel de pais e ficámos descansados para “também” nos dedicarmos ao lazer.
A partir daí o mundo mudou! Sem nos apercebermos criámos novas mentalidades, novas formas de raciocínio e “deturpámos” toda a educação que até aí tínhamos orgulho de ter tido como base na nossa formação como homens e mulheres.
Agora colhemos os frutos que semeámos!! Não? Estou enganado? Então experimentem “simplesmente” tirar o telemóvel ao filho de 16 anos? (Aparelho que extinguiu o “nobre” sentimento da saudade). Aposto, que na maioria dos casos “no mínimo”, deixam de falar aos pais e desprezam-nos, para não falar noutros casos mais complicados). São agora estas novas mentalidades que conseguem (sem vergonha) estacionar o Mercedes “sacado ao papá” ou a sua Moto-quatro no lugar de estacionamento prioritário a deficientes nos Parques Públicos e nas grandes Superfícies Comerciais, mostrando a sua rapidez de raciocínio. São estas mentalidades que após “a queima das fitas” e de mais uma noitada de (quase) “coma-alcoólico” se enclausuram em casa á espera que numa noite qualquer, enquanto “abanam o capacete” na discoteca, apareça uma grande Empresa a oferecer-lhes um “chorudo” ordenado. Enquanto isso não acontece, vão “exigindo” que os escassos recursos dos pais, continuem a sustentar os seus “protagonismos” de “meninos ricos”.
De mansinho (com cara de anjos e com o diabo no corpo), vão tomando “de assalto” a casa, o carro, o dinheiro e vão expulsando os seus proprietários que aos poucos “empurram” para o “Lar da 3ª. idade”, pago pela reformas dos próprios (auto-pagam-se).
De riso nos lábios, dizem que é o novo sistema (moderno), e que por isso, tiram os pais de casa para “morrerem” por se tornarem estorvo neste ritmo de vida (selvagem), que um dia nós iniciámos. Eu chamo-lhe falta de amor e respeito pelos outros, pelos seus, por si próprios, por tudo e por nada e porque são moralmente “miseráveis”.
Só podemos culpar-nos a nós próprios, homens e mulheres que vivemos nas últimas décadas do Século passado (por isso somos ignorantes), por nos termos “enfadado” da vida saudável e maravilhosa de pura convivência e verdadeira amizade imbuída dos mais nobres sentimentos, pensámos que tudo isso era pouco. Por isso, quisemos dar mais, que mais não foi do que conseguirmos o que temos.
É triste termos que andar em “zigue-zag” logo pela manhã, no trajecto para o nosso trabalho para não atropelarmos corpos “noctívagos” que “griparam” nos vícios da noite e que estendidos pelo chão, “jazem” nas esplanadas e jardins dos bares e pub’s. É triste assistirmos a corpos que “rebolam” na relva dos Jardins Públicos “fazendo amor??” (com as calças “vestidas”ao fundo do rabo, e com os boxer’s até ao pescoço) com os bolsos a “abarrotar” de preservativos que lhes foram distribuídos na escola, em frente aos nossos pés, enquanto voltamos de mais um dia de trabalho.
Tudo isto, é uma gota no oceano do que me faz sentir “desencaixado” nesta época, pois não consigo esquecer os bons costumes, o bom senso os valores fundamentais que outrora “fabricaram” homens com dignidade e honra. Por isso, sinto-me “marginalizado” e sou acusado de “atrofiado” por aqueles que não sabendo o sentido dessas palavras são “ocos” de sentimentos.
Pensava que o “meu tempo” era o período desde que nasci até ao momento em que morrerei, mas, constato que estava errado e que o “meu tempo” já morreu....e eu fiquei “viúvo” de esperança no futuro.
Manuel António

terça-feira, 19 de maio de 2009

PEREGRINAÇÃO (Consumada)






Chegámos! Muito obrigado por nos terem ajudado!

Eram estas as palavras mais ouvidas, quando no dia 12 de Maio, pelas 15h, o nosso grupo de 52 peregrinos entrou “na terra santa” do Santuário de Nª. Srª. de Fátima. Lágrimas, abraços, cânticos, sorrisos e muita emoção, fundiram-se com beijos e palavras de agradecimento. Estava assim liquidado o nosso trabalho!!
É muito compensador ouvir palavras carregadas de verdadeiro sentimento. As expressões e acções do momento não enganam e transmitem mais do que as próprias palavras. Confesso que nestas ocasiões, o carinho e calor humano que nos envolve despertam-me “um pouco” o sentimento de vaidade que imediatamente tento novamente “adormecer”, trocando-o pelo sentimento de “dever cumprido”.
Toda a logística de apoio, somente foi possível pelo empenho que todos os voluntários que se disponibilizaram a trabalhar neste “projecto” aplicaram, cumprindo com rigor o seu papel individual (previamente estudado), absorvendo para si a responsabilidade dos objectivos, assumidos por todos.
Igualmente importante, foram os apoios das Associações que se dispuseram a facultar as viaturas necessárias para transportar os mantimentos, refeitório, haveres pessoais dos peregrinos, além dos locais de dormitório e descanso. A todos eles, um OBRIGADO muito sentido de toda a equipa que após a saída de Castelo Branco, deixaram de ser 52 peregrinos e 11 elementos de apoio, para passarem a ser um só. Um grupo coeso e solidário que ultrapassou todos os obstáculos que encontrou pelo caminho. Cansaço, lesões, borregas, feridas e chuva, foram simplesmente neutralizados e consideradas coisas de somenos importância, pela vontade de chegar das pessoas que “dopadas” de um fantástico espírito de sacrifício, ignoraram por completo.
Fica a nostalgia e a vontade de voltar a sentir aquelas “estranhas” vibrações e sensações, que de outra forma são impossíveis de serem sentidas.
Não prometemos que para o ano voltemos a organizar outra peregrinação, pois não temos compromissos assumidos com nada nem ninguém e o lucro não consta dos nossos objectivos, mas o sentimento que fica é de saudade! Se voltarmos a ter os apoios das Associações que nos ajudaram durante o trajecto, concerteza iremos encontrar novamente esses sentimentos.
Até lá…..recordaremos!
Manuel António

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Peregrinação ao Santuário de Nª. Srª. de Fátima


Nos dias 9, 10, 11 e 12 de Maio próximo, irei (pelo 5º. Ano consecutivo) organizar uma peregrinação a Nª. Srª. de Fátima, juntamente com um grupo maravilhoso de pessoas que têm a coragem de abdicar dos seus "afazeres" pessoais e profissionais , para se tornarem voluntários deste "projecto", apoiando os peregrinos, que dificilmente atingiriam os seus objectivos sem "alguma" ajuda. A essas pessoas, eu quero agradecer do fundo do coração e prestar-lhes aqui a "homenagem" merecida de "Pessoas Nobres" com sentimentos.
O facto de os peregrinos pagarem, é pelo facto de não conseguirmos ninguém que patrocine uma Peregrinação, porque afinal de contas, não tem interesse para as televisões nem vende jornais e nada tem a ver com os ralis "todo-o-terreno" que destroem os caminhos públicos e particulares, os ecosistemas, afugentam os animais selvagem que se "suicidam" contra as redes das herdades. Nem tem a ver com os "futebóis" que arrastam excursões dos "mídia", por isso, em vez de pagarem, recebem. Uma pergrinação é somente a tentativa de cumprimento de um dever "psicológico"que algumas sentem necessidade de assumir, para se sentirem bem com elas e com Deus. É uma manifestação de fé, dentro de uma religião, que não é mais nem menos que qualquer outra, que também têm as suas manifestações de fé assimiladas pelos seus crentes, independentemente da religião em causa. Todas elas tem um Deus, por isso, por mais nomes ou formas que lhe dêem, é sempre um Deus, e para mim, sempre o mesmo. Todos os Deuses (sem radicalismos), levam á paz e nunca á guerra! Á paz interior e á paz entre todos os seres do mundo!
Para conseguirmos ter a capacidade de apoiar todos os peregrinos com a dignidade que eles merecem, só podemos assumir um número limitado de pessoas (55) para um grupo de 11 pessoas no apoio. Aos outros que não conseguiram lugar neste grupo (á volta de 60 pessoas), eu peço imensas desculpas, mas a capacidade dos locais de dormitório e a qualidade no apoio logístico e médico, assim o obrigaram.
O nosso objectivo não é o lucro, mas sim sentir o calor humano que nasce num grupo que se une á medida que aparecem as dificuldades físicas e começam a sair lágrimas misturadas com sorrisos dos rostos destas pessoas que vão ignorando o sofrimento á medida que se vão apercebendo que não estão sózinhas e que todos nós, somos um só. Ouvir um "doce" obrigado de uma voz que "chora" dorida de felicidade ao avistar o santuário, é o melhor pagamento do mundo.
Após a peregrinação e depois de também eu ter efectuado a minha oração para que seja banida a hipocrisia da face da terra e principalmente do seio daqueles que nos "escravizam" e nos ofereceram o "inferno", quando nos prometeram o "céu", cá estarei para contar um pouco da história desta viagem de 4 dias e 3 noites.
Até lá!
Manuel António

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Rota dos Grifos









No próximo dia 19 de Abril (Domingo), realizar-se-á um percurso pedestre no Parque Natural do Tejo Internacional. A saída é do recinto da Nª. Srª. das Neves ás 8h com rumo ao Tejo Internacional em frente a Herrera d’el Cântara. O “passeio” tem a distância de 18,5 Km e será efectuado dentro do Parque…., que de Parque só tem o nome, como é vulgar acontecer em Portugal, aonde se criam “job’s bué da fixes” para haver o pretexto de dar “churudos” salários aos que ocupam esses “tachos”.
Iremos ver o trabalho efectuado pelos “Naturistas” de gabinete, que nunca puseram os pés nessa imensa área que chamam “Parque Natural do Tejo Internacional”, a não ser aquando (de gravata pendurada a condizer com a cor do partido), com pompa e circunstância vão largar uns Grifos, para que os jornais registarem, mas os quais, já não têm a coragem de escrever depois, que não basta largar e que é necessário alimentar. Não dizem também que os Grifos morrem á fome ou são abatidos pelos Agricultores e Criadores de gado que vêem os seus animais atacados por aves que há milhões de anos são necrófagas, e que agora “empurradas” pelo “instinto de sobrevivência que renasce da fome” se tornam normais “predadores” para atacarem animais vivos.
Deixem-se de “fantochadas”!!
A crise só ataca os pobres e os desprotegidos, porque o lugar dos “Incompetentes” colocados e alimentados com o “nosso dinheiro”, em lugares criados para “pagar favores políticos” estará sempre salvaguardado.
Independentemente de tudo isso, iremos ver o campo verdadeiramente selvagem e abandonado, e se tivermos sorte, veremos algum “Cervídeo” alimentado por caçadores que além de serem “espoliados” pelo Estado que nada faz pela Actividade Cinegética (Além de encher os cofres á custa desta actividade), têm de alimentar os animais (cinegéticos).
Esperemos que não chova nesse dia, apesar de ser imensamente necessária. Mas neste momento que escrevo… lá fora a chuva cai!
Na próxima semana, mostrarei algumas fotos do evento.
Até lá!
Manuel António

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A MUTAÇÃO DOS TEMPOS E MENTALIDADES




Estamos “acabadinhos” de entrar num novo ano, que agora desponta, deixando para trás outro ano, que (penso eu), não deixa saudades. Em termos pessoais, só cada um saberá, mas em termos Nacionais e Internacionais, acho que estaremos todos de acordo que cada ano que finda é pior do que o anterior. Além da maldade dos homens, que provoca crises, guerras (como a que está a decorrer na Faixa de Gaza), mortes e sofrimentos, a “mãe Natureza” também tem vindo a mostrar a sua insatisfação, e vai provocando igualmente mortes e sofrimentos. Ultimamente tem-se ouvido falar que o ciclone “tal” foi o mais forte e devastador dos últimos 100 anos, que o terramoto no sítio “tal” foi o mais potente e mortífero dos últimos 500 anos, que a tempestade tropical “tal”, foi a mais destruidora do último milénio, etc., etc.. Porque será?
Apetece-me aqui reflectir um excerto bíblico que um colega (na brincadeira) está constantemente a referir: “…chegará o dia em que os vivos, terão inveja dos mortos…”.
Eu devo confessar que nunca li a Bíblia, nem sei se já alguma vez se concretizaram algumas profecias que “deambulam” pela sua mensagem, mas alguns “transcritos” que se vão ouvindo, dão que pensar. Não há dúvida que a natureza está a responder aos danos que nós (portadores da racionalidade(?)) lhe causámos, principalmente desde que começou a Era Moderna. Depois que inventámos a Indústria e os seus dejectos, os motores, a energia nuclear e os testes com bombas radioactivas (para intimidar Nações), etc., etc., o mundo mudou. Mudou o planeta e mudou a mentalidade dos seus habitantes, principalmente daqueles que se julgam o apogeu da civilização.
Os princípios básicos do respeito, educação e amizade foram adulterados, inevitavelmente, face a uma Sociedade “consumista e egoísta”. Esses princípios básicos, estão obsoletos e desenquadrados no presente e mais estarão amanhã (no futuro). Estamos a assistir à extinção daquela “espécie” de humanos que preferem sofrer, magoar-se ou terem um desgosto, a passarem por cima da honra e da palavra. Nos dias de hoje, a arrogância e a prepotência são confundidas com qualidades inatas de líder, e a mesquinhez com um acto de sabedoria, enquanto que a perseverança e a dedicação, confundidas com actos ocasionais de exibicionismo e não com qualidades. Por trás da formação destas opiniões, estão bases de incidência como o factor Político, Social ou Académico e todo um jogo de interesses que “encaixam” no panorama sócio-económico actual e que não permite outros métodos racionais de aferição, a não serem os que naquele momento servem todo um conjunto de conveniências. Tal qual, um Juíz dá sentenças diferentes para casos análogos e liberta criminosos rejeitando provas evidentes como imagens de vídeo, para arranjar argumentos (como é possível num País de Direito(?)), assim, os mesmos actos concebidos pelas pessoas, são interpretados, assimilados e criticados de diferentes formas, consoante o estatuto da personalidade que os praticou. A “mesmíssima” coisa efectuada por um político ou por um “ignorante” qualquer com “canudo” adquirido no projecto (Novas Oportunidades) que em três períodos de seis meses passa da 4ª. Classe a Dr., e uma pessoa qualquer que recebe a sua “esmola” pelo trabalho que efectua dignamente já com os descontos efectuados, sem nenhuma hipótese de fugir aos impostos e que por esse motivo não pode declarar rendimento mínimo sendo punido pelo facto de o seu filho não ter direito a Bolsa de Estudo, não é aceite da mesma maneira pela Sociedade, sendo ainda que, o filho “dos tais” que se apresenta de carro “top de gama” no estacionamento da Universidade, têm uma “B.E.” porque o “Papá” declara ordenado mínimo e a “Mamã” não trabalha.
Lembro-me de uma frase escrita há muito tempo, pelo “imortalizado” Charlie Chaplin, que se integra na perfeição: “…de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus…o homem! Chega a desanimar da verdade e a rir da honra, para ter vergonha de ser honesto”.
Em todos os sectores da vida, nos deparamos com “tabuleiros de xadrez” repletos de “peças trocadas” que minuciosamente são coladas com estratégia por pessoas influentes, de modo a tirarem benefícios dessa disposição, mesmo que por vezes tenham de “vigarizar” a lei.
Senão reparem: O Território Nacional, está quase Ordenado e no prazo de pouco tempo, estará completamente. As figuras do Regime Ordenado existentes, são as Zonas de Caça Turísticas, Associativas, Municipais e Sociais (??). Não há dúvida, que se quisermos ter espécies cinegéticas durante muitos anos, teria de ser tomada esta medida, que até já peca por tardia. Pois só assim, se consegue proporcionar alimentação, protecção e sossego aos animais (embora seja nula a comparticipação do Estado), mas também é certo, que esta medida irá dividir os caçadores por extractos sociais. Estão assim de volta as “coutadas particulares”, que embora sejam criadas com base em metodologias marginais (os chamados métodos inteligentes), laboram com a maior tranquilidade, e são até estas “coutadas” que estão no “top tem” das Zonas de Caça, pois as autoridades competentes, continuam a teimar em desconhecer a existência delas (não se sabe bem porquê). Toda a gente sabe que as Zonas de Caça Associativas, devem ser constituídas por Associações, de modo a servir os seus sócios, na proporção de 50 ha por Associado. No entanto, todos conhecemos Associativas constituídas por Associações fictícias, com sócios fictícios, que emprestam a carta de caçador em troca de uma caçada (para a constituição da mesma), sendo depois essa Associativa de uma só pessoa, (normalmente, o dono do monte), que irá convidar quando lhe convier, uns amigos (quase sempre, gente influente na Sociedade), que por sua vez, o irão compensar futuramente de alguma maneira, por fazerem essas caçadas, geralmente bem proveitosas.
Este tipo de gestão não está de forma alguma prevista na lei, mas que existe, acho que ninguém tem a mínima dúvida. Então poder-se-á afirmar que este tipo de procedimento que em nada serve e dignifica a Arte Venatória, por violar (para além de outros) o direito da igualdade, consagrado no nº. 2 do Artº. 13º. da Constituição da República Portuguesa: “Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever…”. Além disso, contribuem para a tal divisão dos caçadores por extractos sociais, porque nessas Zonas de Caça, só entram Doutores, Políticos, Engenheiros, “Profissionais de Farda”, etc.
Eu sou a favor que a totalidade do Território Nacional seja Ordenado, mas, de maneira a que sejam dadas oportunidades iguais aos caçadores. É óbvio que ninguém consegue ser sócio de todas as Associações, nem pagar caçadas em todas as Turísticas, mas no mínimo, cada caçador nunca deveria ter motivo para mentalizar-se que em determinada Z.C. nunca poderá caçar, porque a si (por ser quem é), fechar-lhe-ão as portas. Excluindo estes casos, penso que com o Ordenamento, existe mais organização e mais qualidade, havendo sem dúvida um melhoramento e aumento dos efectivos cinegéticos, demonstrando-se que só é possível colher dois grãos se pelo menos se semear um.
Espero que os casos de sucesso continuem a melhorar em 2009 e que os outros, consigam tirar ilações e conclusões dos erros cometidos, para que não voltem a cometê-los e que tenham o discernimento necessário para entenderem de vez, que o caçador merece respeito e que os animais muito mais. Por isso, não se podem voltar a marcar seis e sete Montarias numa Zona de Caça, só porque vêem nesta figura cinegética uma boa fonte de receita, e enganar os seus participantes colocando-os em olivais com pessoas a colherem azeitona, como faz um Organizador de Montarias(?) já bastante conhecido no Concelho de Castelo Branco.
Sejamos todos bem mais coerentes!
Manuel António

sábado, 27 de dezembro de 2008

JÁ NÃO SINTO O NATAL



É com muita tristeza que confesso, que já não sinto o Natal!
Cada ano que passa, piora o meu sentimento em relação a este dia, que pelos tempos fora foi um marco comemorativo do nascimento de Jesus e “carregou” uma força de fraternidade, união e amor. Amor e respeito pelo semelhante!
Sempre compreendi o Natal, como sendo uma reflexão pessoal, aonde cada Ser Humano (Cristão), faz uma “arrumação” interior e arranja um “cantinho” para meter lá a paz e o amor necessário até conseguir o sentimento maravilhoso de uma limpeza espiritual. Era mágica a palavra “Natal”! Aqueles que tal como eu, sentiram os “Natais” de há trinta e tal anos, compreendem o sentido das minhas palavras.
Três décadas constituem somente o período, desde que uma pessoa nasce até ser homem ou mulher (ainda jovem), no entanto, classifico este período de tempo (os últimos 30 anos da história da humanidade), como sendo o que mais modificou o mundo em todos os sectores. Quem ousaria pensar (há 30 anos), que brevemente todos dependeríamos de umas “coisas” como os telemóveis e a internet? Ou que iríamos todos utilizar a mesma moeda em vários Países da Europa? Que após 30 anos, não seriam necessárias tantas escolas? Quem ousaria pensar que essas mesmas escolas iriam banir os livros e substituí-los pelo “brinquedo” (Magalhães) que irá ensinar as crianças a deixarem de pensar? Além destas mudanças, poderia referenciar mais um milhão delas, mas a formação e a educação dos nossos filhos e a forma como eles a interiorizam e aceitam, para mim é a mais “chocante”, porque faz deles adultos com ideologias e modos de vista tão diferentes que acabam por “chocar” com os padrões do bom uso, compreendidos pela maioria dos pais.
Por isso o mundo está a mudar! As ideias e os sentimentos são diferentes e já não se coadunam com a minha ideologia nem sentimentos. Sinto-me “FORA DE PRAZO”, por isso, o Natal já não é meu!
Não é só a missa do galo que deixou de ser celebrada á meia-noite, e passar a ser às 5h da tarde, por um Sr. que sendo mais pecador do que eu, faz de padre em troca de uns euros e afasta os crentes. Também não é pelo facto de as crianças, não conseguirem sentir emoção no momento da abertura de uma prenda que os pais se esforçaram para lhe conseguir dar. Tão-pouco é o facto de os verdadeiros sentimentos de amizade e boas-festas que eram ditos com voz e coração, terem sido substituídos por frases de sentimento (virtual), lançadas para os telemóveis e internet pelas operadoras (multimilionárias) que enchem a “carteira” á custa da falta de sentimento das pessoas que não têm coragem de o fazer de outro modo. Nem sequer é pelo facto de relacionar o sentimento de Natal das pessoas, com o acto de "enforcarem" o Pai Natal nas varandas e janelas, deixando-o a balançar na ponta da corda.
Não é só por isso, mas é também por isso! O Natal para mim é triste e de imensa SAUDADE! Passar um dia destes a fingir que tudo é como dantes e que estou adaptado, é muito angustiante para mim. Prefiro calçar as minhas botas gore-tex e sair logo pela manhã para o monte, como faço amiúde e partir o gelo, pisar a geada e sentir o “picante” do frio nas minhas mãos e na cara, enquanto distribuo alimento aos sobreviventes da época cinegética.
Faz-me falta o contacto com o campo e com os animais. Ali, liberto-me de todos os vícios humanos e …consigo RECORDAR O NATAL!
Manuel António

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

AONDE ESTÁ O MEU TEMPO?



Eu sei!
Estou irremediavelmente em falta com os compromissos assumidos, aqui, neste Blog, que me propôs “alimentar” .
O problema está no tempo e não em mim! Ele é demasiado escasso e muito veloz! Lembro-me quando o tempo ainda era abundante, se esgotava ao ritmo das minhas brincadeiras e sempre em proporcionalidade com os meus afazeres. Era eu uma criança! Difícil, era conseguir aproveitá-lo no seu “expoente máximo”. E agora? Nem quero pensar!
Não consigo acompanhar o ritmo a que se esgota e dou comigo a “dar cabeçadas na parede” para me lembrar do que não consegui “encaixar” dentro do “timing” que se esvanece sem piedade, desprezando os meus objectivos e ambições.
Já tentei (e tento) enganá-lo, reduzindo o sono, Mas sempre acabo com o sentimento de que o tempo “encolheu”.
Por isso corro, mas nunca chego! Por isso a angústia (que anda em sentido contrário ao do tempo) facilmente me encontra e me lembra o quão insignificante é a minha “massa molecular” neste Universo viciado por agentes nocivos aos valores fundamentais. Por isso a vontade de desistir vai ganhando força, dentro de mim e querendo que baixe os braços e me deixe “afogar” na corrente que segue no sentido do acaso, para que apague de vez o sentimento de que nasci “fora de tempo” e a sensação de que nesta Sociedade só “encaixam” os “bacharéis” do “logro”.
O tempo é proporcional á facilidade ou dificuldade que as pessoas encontram para viverem ou sobreviverem. Sobrevivem os que lhes falta tempo e vivem os que, o tempo lhes sobra.
Resta refugiar-me, para me encontrar e poder continuar a ser quem sou. É no campo que me sinto bem, por isso, tento sempre que possível usufruir da chuva, do sol, do vento, do frio e do calor, como se fossem dádivas de Deus, por serem fundamentais á renovação de todos os elementos naturais (vegetais e animais). A Natureza me atrai! É extasiante a sua beleza e os seus encantos. A luxúria das suas cores e dos seus perfumes embriagam-me os sentidos. Quero estar perto dela e respeitá-la até á morte.
Tenho tido o privilégio de estar muitas vezes com ela, longe da maldade dos homens para encontrar a paz de espírito, a força e a coragem para enfrentar os momentos em que não posso estar só.
É isso que quero! Estar só, tentar entender e usufruir do tempo!

Manuel António

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A "NOSSA" ABERTURA



Tenho referido várias vezes que para “colher é necessário plantar”. Não é novidade para ninguém que assim é, e nem sequer fui eu quem descobriu esta “fórmula” de vida. Penso, que tenha sido a persistência dos nossos antecedentes, na constante “luta” para conseguirem o seu pão, em épocas de precariedade de recursos e escassez de “tudo” que dominava a vida das famílias, que gerou esta evidente ilação.
Não estamos em época de precariedade de recursos, tão só, estamos em época de escassez de “vontades”. Pois a modernidade, ofereceu-nos a facilidade “tanganha” e “tolheu-nos o sentimento de orgulho que outrora existiu, de valorizarmos somente o que se conseguia com suor e lágrimas. Esse sentimento extinguiu-se como se extinguiram outros como o respeito e a honra, ou até mesmo alguns que ninguém ousaria, ao longo de toda a história da humanidade, pensar que também morreriam, como o amor. O amor pelos outros, o amor por nós próprios, o amor por Deus e o amor pelos nossos, são sentimentos que agora são sentidos (?) de forma distinta dos padrões verdadeiros que definiam o amor.
Foi num ápice, que tudo se desmoronou! Pois ainda me lembro de quando os filhos “amavam” os pais e estes os seus filhos, de quando as pessoas ajudavam os seus semelhantes (mesmo prejudicando-se), de quando os “aldrabões” e “gatunos” eram desprezados pelas pessoas e nunca conseguiam impor-se na Sociedade.
Fala-se da crise financeira, mas nunca ouvi falar de uma mais importante (para mim) que é a crise e a recessão dos princípios fundamentais que outrora construíam “mentalidades saudáveis”.
Mas aonde é que eu já vou? Desculpem!!
Não é o assunto que eu, agora, quero abordar, mas quase sem querer, as teclas “escorregaram” para aí.
Quando comecei este artigo de opinião, foi com a intenção de relatar a abertura da (nossa) Zona de Caça, que tal como as outras, existe para ter uma abertura e um encerramento em cada Época Venatória. A única diferença (com algumas) é que nos prezamos em criar condições de sossego, refúgio, alimentação e logicamente, procriação, para quando pudermos efectuar as nossas jornadas, podermos fazê-lo em consciência de que os animais abatidos, são excedentários e que os que ficarão serão suficientes para darmos continuidade ao que nos propusemos efectuar, que não é mais do que preservar as espécies autóctones (selvagens), tentando aumentar gradualmente o número dos seus efectivos e a sua qualidade genética (até parece um paradoxo). Passa também por criar um ambiente saudável, entre todos os que acreditaram neste projecto e despertar-lhes sentimentos “arquivados” e já alguma vez vividos, quiçá, há muito tempo, quando havia muita caça e poucos caçadores e os campos eram cultivados. Jornadas perfeitas, com respeito entre as pessoas e estas pelas espécies é outro dos objectivos deste espaço que pretende ser o “Éden”, como já referi noutra “peça” deste blog.
Em conjunto iremos conseguir um espaço aonde todos se sintam bem e possam deixar para trás a “hipocrisia” e a “injustiça” que coabita a nosso lado e nos persegue constantemente na “Selva Urbana”.
Foi com este espírito de “liberdade” que no dia 11 de Outubro, debaixo de um vento muito “acelerado” e de alguma chuva, que fizemos a abertura. O resultado está patente na foto que ilustra este artigo, embora não mostre as perdizes que “infelizmente”foram abatidas e não cobradas (5), passando a constituir alimentação ás raposas que também são espécie cinegética. Fomos nove caçadores “intactos” e um de “muletas”, que mesmo com a perna partida, optou por dar descanso á “cadeira de rodas” que “arrastando-se”, também foi atrás delas.
Falta referir que os nossos “amiguinhos” (cães) praticamente serviram para efectuar o “cobro”, embora estivessem presentes cães fantásticos, mas as “autênticas alectoris rufa” com a sua “bravura”, não quiseram saber disso e “saltavam” a muitas dezenas de metros com velocidades iniciais equiparadas ás do “pico”, sabendo tirar proveito do forte vento. Foi uma manhã bem passada, que ocupou todos os intervenientes, fazendo-os esquecer “a crise financeira”, a “queda da bolsa” o “trabalho” e até o “mundo”, enquanto corriam atrás do “fruto” por nós “semeado”.
A satisfação foi total, tanto na lide venatória como no convívio efectuado por todos durante o almoço (um saboroso javali acompanhado por uma deliciosa salada de agriões, colhidos á porta de casa), confeccionado por amigos que entendem e sabem da arte de cozinhar, os quais, eu muito lhes agradeço, e aproveito para os convidar (espero que aceitem) a efectuar o próximo almoço na próxima jornada. Pois sem os mesmos (dois Homens e duas Senhoras), estaremos condenados a comer sandes.


Manuel António

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

PAÍS REAL







Tenho dentro de mim, o gene do homem caçador, como muitos milhares de Portugueses. Tenho dentro de mim, a vontade de preservar esse gene, durante toda a minha vida, como sucede com os outros caçadores.
Sempre me senti no direito de pensar que isso só dependia de mim e das minhas capacidades físicas (como todos os outros pensavam), mas….de repente, comecei a vislumbrar no horizonte alguns “pontos de interrogação”, que ameaçam transformarem-se em algo mais do que simples sinais “ortográficos”, que se vão dissipando no ar.
Tenho vindo a constatar que as sucessivas alterações que têm vindo a acontecer no panorama cinegético e venatório dos Portugueses, que nasceram com o “ADN” do “Homo Neandertal” a correr nas veias, nada tem a ver com o ordenamento correcto e justo de uma actividade que enche de milhões de euros os cofres do Estado, ou com alguma estratégia que vise beneficiar as espécies animais “protagonistas” desta “Arte” milenar, que no passado chegou a ser exclusiva da Nobreza / Realeza. Distraía e enchia de prazer esta classe, de forma assídua, considerando-a o melhor treino para a arte de cavalgar e guerrear.
Tenho constatado que a “simples” crise de ouço falar “na comunicação social”, não é nada mais do que uma crise bem mais complexa do que alguns querem fazer crer, que penaliza a Classe Social baixa/média e nada penalizante para aqueles que a provocam, com a “insinuação” de que todos temos de fazer sacrifícios.
Com toda a minha ignorância, após o 25 de Abril de 1974, onde no dia seguinte, ouvi pela 1ª. vez a palavra “democracia”, assimilei (não sei porquê) que esse conjunto de letras eram “sinónimo” de “igualdade, liberdade e justiça social. Tenho agora a certeza de que estava “redondamente” enganado, e que a palavra “democracia” tem significados ambíguos e adulteráveis, pelos que, pensando serem os seus “proprietários” queiram atribuir-lhe, proporcionalmente às tendências da defesa dos seus interesses.
Refere o nº. 1 do Art. 13º. da Constituição da República Portuguesa, “que todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”.
O nº. 2 do Art. 5º. do D. L. nº. 5 /2006, de 23/02, diz que são autorizados a aquisição, a detenção, o uso e porte de arma da classe B, ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República, aos deputados, aos membros do Governo, aos representantes da República, aos deputados regionais, aos membros dos Governos Regionais, aos membros do Conselho de Estado, aos governadores civis, aos magistrados judiciais, aos magistrados do ministério Público e ao Provedor da Justiça. O nº. 1 do Art. 19º. esclarece que solicitadas pelo P.R., pelo P.A.R. e pelos Ministros, podem ser concedidas licenças especiais para uso e porte de arma das classes B e B1, a funcionários do seu serviço, mas ignora-se o Art. 23º., que exige o exame médico, com incidência física e psíquica, destinado a certificar se o requerente está apto, ou apto com restrições, á detenção, uso e porte de arma, bem como se está na posse de todas as faculdades psíquicas, sem historial clínico que deixe suspeitar poder vir a atentar contra a sua integridade física ou de terceiros, que é necessário para os outros cidadãos. Iguais? Quem?
Passando novamente os olhos pela C.R.P. reparo, no “Princípio da igualdade”, nº. 2 do Art. 13º. “Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual”
Ora, se eu estou com todas as minhas faculdades mentais intactas, reparo em “desigualdades, privilégios, benefícios e prejuízos.
Mas que lei é esta? Quem são os Senhores que a fazem? Que capacidades têm? Que País é este?
Peço imensa desculpa, pois talvez seja eu que já tenha os neurónios “atrofiados” para compreender o incompreensível, causado pelo desgaste de tanto pensar no “caos” que se tornou o meu País e nos lobbies que se alimentam dele.
O facto, é que com capacidade ou sem ela, tenho o direito de pensar que é injusto e até “inconstitucional”(??), o legislador (Governo), considerar que qualquer deputado ou membro do Governo ou até algum “Anacleto” autorizado por eles, seja mais apto psiquicamente que qualquer cidadão comum. Tenho até a certeza de que a maioria desses membros e deputados tem muito menos capacidades e se estivermos a falar de armas, pior ainda. O problema é que em Portugal (de agora), puxa-se demasiado “a brasa á sua sardinha” de maneira escandalosa, e o resto dos “figurantes” (pagadores de impostos), já estão habituados a nada fazerem para combaterem essas injustiças. Pois todos sabemos, que para que as forças do mal atinjam os seus objectivos, basta que as restantes forças nada façam, e pior ainda, que lhes sirvam de trampolim.
Estamos a viver a pior fase (penso eu) desde que Portugal teve um 25 de Abril, cheio de cravos em vez de ser repleto de outro elemento líquido, mais propício a uma revolta. Talvez os cravos tenham encorajado aqueles que desde aí, até hoje, vêm disputando o Palácio de S. Bento e o Palácio de Belém, com os seus infindáveis jardins, as suas garagens recheadas com os mais luxuosos e potentes “Mercedes” (blindados), tratados por vastas equipas de criados e criadas, governantes e governantas, jardineiros e afins, bem guardados por “regimentos” de seguranças que asseguram a integridade física dos Ministros, das mulheres dos Ministros, dos filhos dos Ministros, dos Secretários, Secretárias, Secretários dos Secretários, Secretários dos Secretários das Secretárias e dos namorados das Secretárias dos Secretários, além do apetrechado “rol” de “Ambrósios” que á conta de “abanarem” umas bandeirinhas conseguiram um “lugar ao sol”. Estes Srs., têm governado a seu “bel-prazer” um País que durante estes 34 anos, conseguiu criar um “fosso” intransponível entre “os poucos” ricos e “os muitos” pobres.
Eu, como “partícula” deste Universo, do meu “núcleo” vou-me apercebendo que além das peças estarem trocadas, os mais incompetentes “usuários deste espaço geográfico”, são os que mais procuram o seu lugar no topo da cadeia social, talvez por saberem das suas reduzidas capacidades, desperta neles uma destreza batalhadora e técnicas de “marketing” capazes de enganar o próprio pai, enquanto, aqueles que realmente são competentes, e por o sentirem, nada fazem para “aparecerem”, pensando que os outros também sabem disso. E sabem! Só que se esquecem, que a incompetência na sua luta pelo poder e pelo estatuto “abafam” e “isolam”, com todos os meios ao seu alcance, aqueles que conhecem com mais capacidades.
É assim que chegamos ao estado em que nos encontramos! A criminalidade violenta aumentou em várias centenas percentuais, incentivada por “eles” que (des)fizeram as leis “punitivas”, empurrando os que antes eram pessoas normais, a serem criminosos, para conseguirem pagar o empréstimo da casa, do carro, as propinas do filho, etc., após terem ficado sem emprego e apercebendo-se que neste País é proibido ser preso. Os que andam nisto, sabem perfeitamente que se forem detidos pelas autoridades, imediatamente serão libertados pelo Juíz. Assim foi com aquele que dentro da esquadra “enfiou” 4 tiros numa pessoa, á frente dos agentes, assim foi com aquele que violou, matou e esquartejou 4 raparigas, do mesmo modo que ainda indemniza pedófilos, por serem políticos (??). É assim que também muitas mães, para alimentarem os seus filhos têm de vender o corpo e é assim que grandes empresas com capitais do Estatais e Públicos, que têm como Gestores “reformados” do Estado a ganharem ordenados multimilionários, têm autonomia para fixarem e manterem os preços dos combustíveis nos valores mais altos Europeus, mesmo quando o barril do petróleo atinge o record do preço mais baixo dos últimos anos. É por isso que se fecham escolas e unidades de saúde em todo o País e se obrigam as pessoas a deslocarem-se muitos Kms para tentarem manter-se vivos ou não ficarem analfabetos, mesmo contradizendo o Art. 74º. da C.R.P. (Direito ao ensino e igualdade de oportunidades), que refere a gratuitidade de todos os graus de ensino.
É realmente um grande país o nosso!
Senão, vejamos! Com o que se poupou com o encerramento das escolas e com os ordenados dos professores que deveriam lá estar a dar aulas, investiu-se numa empresa para fabricar “o Magalhães” que irá ensinar as nossas crianças a ligar o computador (logo), acessórios e….jogos. Estão a ver o filme?
No meu tempo e nos outros tempos, o nosso cérebro era obrigado a trabalhar para sabermos que: “a Anita tinha três maçãs, mas que dando duas ao coelhinho, ficaria só com uma”. Não podíamos utilizar os dedos, nem calculadora e muito menos estarmos a jogar “a batalha naval ou o jogo do galo”. Como será agora? Posso estar enganado, mas auguro que no futuro quando perguntarmos aos nossos netos “com quantas maçãs ficou a Anita”, a resposta será: Espera, vou ligar o computador!
Este investimento foi efectuado com a poupança do encerramento das unidades escolares, e o que se fará com a poupança do encerramento das unidades de saúde? Sim! Porque estão aí á porta as eleições e terá obrigatoriamente de se efectuar um investimento com essas poupanças. Vou adiantar-vos o que ouvi dizer! Parece que é a distribuição gratuita a todos os Portugueses com idade igual ou superior àquela que lhes daria direito á reforma de 100% na anterior Lei da Aposentação (36 anos de descontos), de um caixão térmico e ar condicionado. Eu, infelizmente ainda não vou ter direito! Se morrer, a minha família vai ter que fazer uma petição á Segurança Social e logo se verá se aparece uma “cunhazinha”.
Manuel António

terça-feira, 29 de julho de 2008

PORQUÊ?






Ainda sou do tempo em que se aprendia na escola, que havia quatro estações do ano: Primavera, Verão Outono e Inverno. Recordo com saudade, as redacções que se faziam sobre as mesmas, onde cada aluno expressava o seu sentimento sobre cada uma delas. Recordo-me ainda que nessas mesmas redacções, e enquanto os outros meninos davam preferência à Primavera, por ser mais colorida e os passarinhos fazerem os ninhos, as borboletas beijarem as flores, etc., eu dava preferência ao Verão. Dizia nas minhas composições, que gostava mais do Verão porque, era a época das férias grandes, e podia ir para o rio tomar banho e pescar com o meu avô, além de ser a época da fruta e ser a altura de os meus primos que viviam em França nos visitarem.
Não me lembro de em tempo algum eu, ou outro colega relatar nas suas redacções, que o Verão trazia fogos, seca, catástrofe, etc. Era tudo demasiado belo e simples.
Em todo o tempo que se resumiu a minha infância, recordo-me que por duas vezes tocaram os sinos da igreja, e saiu toda a povoação a correr com baldes para o local, indicado por alguém, no qual lavrava um incêndio, que era imediatamente aniquilado por um cordão com dezenas de metros, constituído por homens e mulheres que numa sintonia quase mecânica, despejavam alguns poços. Raramente havia fogos, e os que apareciam eram sempre provocados por trovoadas.
Eram tempos simples, onde a simplicidade e “pacatez” das pessoas, não lhes permitia pensar em nada mais que não fosse ajudar com todos os meios ao seu alcance e com todas as suas forças, aqueles que de si necessitassem, por isso, tocava o sino, e esse sinal mais do que uma ordem era uma lei. Tudo funcionava no meio dessa simplicidade.
Desde aí, até agora não passaram muitos anos, no entanto, parece que estamos a séculos desse tempo. Nada é como dantes, tudo está alterado.
Não consigo entender como numa “vintena” de anos mudámos de mundo sem mudarmos de lugar. Neste espaço de tempo, houve uma metamorfose de mentalidades e interesses que ao entrarem em colisão entre si, geraram um conflito e uma ruptura com a natureza e tudo o que deveria ser natural.
E o que é natural?
Para mim, natural é tudo o que tem um percurso normal, culminando numa situação lógica.
E o que são as mentalidades em colisão?
Com excepção dos mais incautos ou descuidados, todos nós reparamos como presentemente, as pessoas não são colocadas profissionalmente, nem politicamente no lugar certo, ou seja, no lugar para que foram “talhados”.
Hoje, as pessoas são sobrevalorizadas ou subvalorizadas. São muito poucos, que estão no seu “patamar” lógico.
Houve um tempo, em que as pessoas construíam a pulso a sua posição na sociedade, através de todo um trabalho realizado em prol de qualquer actividade social ou política, e só depois adquiriam o seu estatuto, que lhe era reconhecido e conferido, por todos.
E hoje como é?
É tudo mais simples. Hoje existe no nosso vocabulário mais umas palavrinhas (compadrios, cunhas e favores políticos), que não eram reconhecidas e aceites antes, e que vieram mudar o mundo.
É deste modo, que aparecem nos cargos maiores da Sociedade e da Política, os sobrevalorizados e em “cargo nenhum” os subvalorizados. São precisamente estes, que não têm cargo nenhum, que conseguem compreender que na questão dos fogos em Portugal, os milhões de euros, pagos aos meios aéreos privados, para combate a incêndios, só estimulam e incentivam, a que cada vez haja mais e maiores fogos. Não é difícil adivinhar, que essas empresas privadas, facturam mais numa época de incêndios (antes, chamada verão) do que em dez anos sem os mesmos.
Os sobrevalorizados, não conseguem compreender que estão a comparticipar a continuidade dos fogos, e que esses milhões de euros, dariam para adquirir “quites” de incêndio para os já existentes helicópteros da força aérea e alguns “canaderes”, seleccionando ainda alguns efectivos das forças militares para pilotarem os mesmos, numa altura de paz e que só eles não vêem que a nossa guerra são os incêndios e as suas ideias “luminosas”, que do seu “poleiro” vão pensando formas de nos “assaltarem”.
Este ano o flagelo continua a devorar os hectares que restam da nossa mata, que há seis anos era a mais extensa floresta de pinho da Europa. Em Agosto de 2005, tínhamos contabilizado só nós, 41% da área ardida de toda a Europa. Como é possível toda esta passividade das forças Políticas Nacionais e não declararem GUERRA aos incendiários, como alguns países fizeram com o terrorismo, que neste caso, até acaba por o ser. Quando um país está em guerra, entram em acção as forças militares, mas, aonde estão elas?
Enquanto houver interesses privados (e outros), todos os anos a catástrofe será maior.
No meio de tudo isto, só a flora e a fauna perdem, tudo o resto fica a ganhar, inclusive, em algumas situações, até os proprietários saem a lucrar com o fogo.
As Associações Ambientalistas, que sobrevivem de subsídios, e que existem (dizem elas) para proteger a Natureza, que passam a vida a complicar (quando são chamadas a dar parecer) nas criações de novas Zonas de Caça, construção de pontes, novas vias, etc., aonde estão enquanto essa mesma natureza arde? E o fazem para isso não acontecer? E o que fazem para proteger os animais, e dar-lhes o apoio médico e alimentar que eles necessitam após o fogo?
Existe muita coisa que não faz sentido, e mais uma delas, é aquela do Serviço que informa o País com alertas laranjas e vermelhos, como se o calor, só por si, causasse algum fogo sem haver a acção descuidada ou propositada do homem (parecendo no entanto, ser de uma grande eficácia, como se tem notado no dia seguinte, com meia dúzia de fogos a deflagrarem em simultâneo precisamente nos pontos apontados por esse Serviço), ou o outro Serviço de Informação dos S.N.B., que informa constantemente pela rádio, enquanto conduzimos, quantos incêndios existem naquele momento em Portugal, ou se não há nenhum, num claro desafio a algum débil mental que esteja a ouvir e não goste que os Bombeiros descansem.
Enquanto os interesses particulares, privados e políticos se superiorizarem aos interesses Nacionais, enquanto cada pessoa, olhar o seu semelhante como sendo uma potencial fonte de receita, enquanto os que trabalham por conta de outrem, pagarem os impostos (que lhes são impostos) e os que trabalham por sua conta se “esquecerem” de o fazer, a nossa imagem manter-se-á bem “ made in Portugal”, e as estações do ano, no nosso País serão “infelizmente” duas: Inverno e Época dos Incêndios.
Cada vez estou mais convicto (embora contrariando muita gente), que temos de ser nós, caçadores, a pôr ordem neste flagelo. Há uns anos, quando tudo começou e os incêndios começaram a ter uma regularidade, era a nós precisamente, que se apontava o dedo acusador de pessoas pouco informadas, que pensaram ter resolvido o assunto, ao arranjarem um “bode expiatório”, sem nada fazerem para se certificarem da veracidade das afirmações. Havia realmente uma suspeita, pelo facto de estarmos numa fase de transição do regime livre para o regime ordenado, sem no entanto, isto significar alguma prova.
Alguns anos passados, com o regime praticamente ordenado, e os caçadores adaptados à nova realidade, os fogos continuam a aumentar, ou a manterem-se todos os anos. E agora, quem vão esses Conservadores da Natureza “de secretária” acusar?
Nós caçadores, somos os únicos que conhecemos realmente o campo, não retiramos lucro dele, e parece-me que somos dos poucos, que estamos interessados que ele se mantenha intacto.
Agora que o terreno cinegético está ordenado, cada caçador, “se o for realmente” tem obrigação de preservar, vigiar e trabalhar na sua zona de caça. Têm também obrigação de ajudar a combater o incêndio, se for caso disso, e a ajudar a recuperar o património cinegético e florestal perdido.
As Zonas de Caça, quando bem trabalhadas, e com boa cooperação dos seus associados, devem ter no futuro, um papel fundamental na prevenção de incêndios, se quisermos continuar a desfrutar do maior prazer que pode ter um homem/caçador, até à eternidade, constituindo esse um privilégio, que só durará, enquanto continuar a haver local e espécies cinegéticas para o podermos exercer.

NOTA: Procurei nas profecias de Michel de Nostradamus, se este tinha previsto algum dia, quiçá, cair neve com temperaturas de quarenta e tal graus, ou as Cidades serem engolidas por densos nevoeiros, debaixo de temperaturas infernais.
Não previu isso realmente, mas, o certo é que nós todos infelizmente, assistimos constantemente a esse fenómeno que eu interpreto, como sendo a proximidade do fim dos tempos, que coincidirá com o fim de todos os recursos naturais, inclusive, o próprio ar respirável.
DESCODIFICAÇÃO: A neve, é a chuva de cinza proveniente dos vários fogos, que cai, mudando de cor casas e carros, e o nevoeiro é o fumo proveniente dos mesmos que envolve tudo, até grandes distâncias.

Manuel António