Quando criei este “blog” apontei os objectivos do mesmo, os quais, estão dirigidos para as actividades realizadas em sintonia com a natureza. O presente artigo, poderá suscitar alguma estranheza em relação ao seu conteúdo, por este não estar directamente relacionado com um evento ou uma actividade. Mas se repararmos melhor, pretendo falar da natureza humana, e neste caso concreto, a maneira como (pessoalmente) analiso o modo de vida actual da nossa sociedade, não querendo, obviamente, generalizar todos os portugueses e todos os habitantes do planeta, mas somente transmitir a minha opinião em relação ao modo como eu sinto essa natureza.
Não é novidade para ninguém que este novo modelo de vida a que todos nos adaptámos “pacificamente”, nada tem a ver com o do tempo que há trinta anos imperava.
Não há dúvida que estas três décadas, formam o número mais restrito de anos que mais modificaram e alteraram o mundo durante os largos milhares de milhões de primaveras e épocas glaciares que este jovem planeta já gozou.
Lembro-me ainda perfeitamente, das estações do ano que integravam o programa escolar da minha infância, as quais: Primavera, Verão, Outono e inverno estavam perfeitamente definidas, cumprindo cada uma delas, os “timings” seculares estipulados para a sua longevidade. Recordo-me que nesse tempo além das inevitáveis redacções sobre o tema, onde era sempre a Primavera a estação mais bonita, havia em cada aldeia uma escola, e em cada escola o número suficiente de alunos para a encher.
Posso ainda ouvir os galos ao romper da madrugada (nesse tempo, só cantavam ao nascer do dia), enquanto lavava os “olhitos” com água aquecida numa panela de ferro que a minha mãe ponha ao lume, antes de me acordar para ir para a escola.
Consigo ainda sentir nas minhas papilas gustativas, o sabor daquele leite (ordenhado no dia anterior), acabado de ferver, que depois de bebido me desenhava um bigode de nata espessa, que “lambia” num ápice.
Recordo-me de tanta, tanta coisa, que hoje não são mais do que isso; Recordações!
Meu Deus! Como o mundo mudou, como mudaram as mentalidades, como tudo é tão diferente.
Ainda trago nos ouvidos a doce melodia do “bom dia” que ía saindo de todas as bocas que eu ía encontrando enquanto me deslocava livremente para todo o lado, e ver as portas abertas das casas, que recebiam com alegria qualquer “transeunte” que nelas quisesse fazer uma pausa para conversar e saciar a sede.
Nunca consegui compreender muito bem, como o mundo sofreu tão forte “mutação” em tão pouco tempo. Como os filhos daqueles pais, que eu ainda conheci adquiriram uma personalidade e pensamento, que em nada se coaduna com a formação “primária” que lhes foi transmitida pelos seus progenitores e aperfeiçoada pelos seus professores.
No tempo dos meus avós, filho de sapateiro, era sapateiro, de carpinteiro era carpinteiro e todos sentiam orgulho em continuar a profissão da família. A honra, era a mais nobre das acções, e a palavra, a senha que abria todas as portas.
Honra e respeito, são agora palavras “nostálgicas” para quem ainda conheceu a essência do seu poder.
Por vezes, dou comigo a pensar que mudei de mundo sem ter mudado de lugar. Não consigo reconhecer actos que hoje são considerados legítimos, nem tão pouco compreender acções efectuadas tão “levianamente” e impossíveis de acontecerem há trinta anos, como a falta de respeito pelo semelhante, ou a mentira, usada nos dias de hoje como um “ás de trunfo” por muita gente para atingiram mais rapidamente os objectivos, e utilizada amiúde pelos Políticos e Governantes.
Os “valores fundamentais” extinguiram-se a partir do momento que as pessoas se cansaram de respeitar e serem respeitadas e de amar e serem amadas, para se entregarem a um modo de vida “plastificado”.
Há trinta anos não existia tanta tecnologia e as pessoas conseguiam viver e fazer as suas próprias descobertas (caseiras), e transmiti-la aos filhos que, se desenrascavam perfeitamente a fazer um bico mais forte ao pião, a fazer uma “forcalha” mais bonita para a “fisga”, a construir um carrinho de rolamentos com travões de solas de sapatos ou a construir um papagaio de papel com jornais, canas e trapos. A relação entre pessoas, era uma relação de entreajuda e respeito.
A partir de um determinado momento houve uma “revolução” tecnológica, que invadiu as “mentalidades” e tudo se alterou. De repente, quase sem ninguém se aperceber, as “playstations” e os computadores substituíram as brincadeiras de rua e aprisionaram os nossos filhos, condenando-os ao isolamento dos seus quartos, os telemóveis “roubaram” a magia da saudade, e “apagaram” a ansiedade, que nos causava aquele “aperto” carregado de carinho no coração, expondo os nossos actos a uma vulgaridade tal, que a maioria dos sentimentos simplesmente se perderam para sempre.
Assisti incrédulo (enquanto almoçava), há poucos dias, às imagens televisivas de uma aluna de 15 anos a agredir uma professora, pelo motivo de esta, lhe querer retirar o telemóvel que estava a perturbar a aula. Nesse momento, pensei serem irreais aquelas imagens da professora no meio de umas dezenas de “selvagens”, que tal qual, um grupo de “hienas” investia sobre uma vítima indefesa. Não vi só a aluna que agrediu e evitou a fuga da professora, reparei também na cumplicidade das outras personagens que não conseguiram ter capacidade de intervenção em defesa da razão, e que aproveitaram a situação para “curtirem”, regozijando-se com palavras “bárbaras”, repletas de sentimento ignóbil pela sociedade. Eu vi! Ninguém me disse. Eu vi igualmente alunos que mataram professores e colegas e se suicidaram em seguida, nos Estados Unidos. Vejo também, que os “valores fundamentais” são hoje, fósseis da “pequinês” humana que um dia deixou de ser humilde, e não se importou de os trocar por outros que as “modernices” lhes impuseram, para os quais, só os filhos estão adaptados.
Por outro lado, fico “pasmado” quando reparo que os professores mostraram uma força enorme para se manifestarem contra o “sistema de avaliação” dos mesmos, e nada fazerem para reivindicarem o seu estatuto de professores com autoridade na sala de aulas.
Pronto desculpem! Não vou dizer mais nada do muito que tinha para dizer. Mas é tão só a minha opinião. É claro que tenho direito á opinião, mas toda a gente tem o direito de não de estar de acordo com ela. Por isso, não vou dizer que estamos a entrar na “Era dos morcegos”. Daqueles que dormem de dia e andam de noite, sem serem padeiros, guardas-nocturnos e outras profissões (muito dignas) que dão “o pão-nosso de cada dia”.
Mas a minha dúvida subsiste!
De quem é a culpa?
É da tecnologia? É do Governo? É do Saddam Hussein?
Para finalizar, quero aqui fazer referência a algo que aprendi na escola (quando se dava atenção ao que o professor dizia, e era considerado imprescindível na nossa educação), e que era o facto de Portugal ser considerado um País pouco desenvolvido pelo motivo de ter na sua economia uma taxa elevada do Sector Primário (agricultura), e que os Países mais desenvolvidos tinham como taxa maioritária o Sector Terciário (Indústria). Agora que já passaram alguns anos, e reparo que a agricultura é rara neste País, tento reencontrar a confiança, a esperança, o amor e o respeito, mas em vez disso, encontro por todo o lado o ódio, a revolta, a indignação, a frustração, o egoísmo e a hipocrisia.
Será por isso que ainda hoje me refugio no Sector Primário?
Não é novidade para ninguém que este novo modelo de vida a que todos nos adaptámos “pacificamente”, nada tem a ver com o do tempo que há trinta anos imperava.
Não há dúvida que estas três décadas, formam o número mais restrito de anos que mais modificaram e alteraram o mundo durante os largos milhares de milhões de primaveras e épocas glaciares que este jovem planeta já gozou.
Lembro-me ainda perfeitamente, das estações do ano que integravam o programa escolar da minha infância, as quais: Primavera, Verão, Outono e inverno estavam perfeitamente definidas, cumprindo cada uma delas, os “timings” seculares estipulados para a sua longevidade. Recordo-me que nesse tempo além das inevitáveis redacções sobre o tema, onde era sempre a Primavera a estação mais bonita, havia em cada aldeia uma escola, e em cada escola o número suficiente de alunos para a encher.
Posso ainda ouvir os galos ao romper da madrugada (nesse tempo, só cantavam ao nascer do dia), enquanto lavava os “olhitos” com água aquecida numa panela de ferro que a minha mãe ponha ao lume, antes de me acordar para ir para a escola.
Consigo ainda sentir nas minhas papilas gustativas, o sabor daquele leite (ordenhado no dia anterior), acabado de ferver, que depois de bebido me desenhava um bigode de nata espessa, que “lambia” num ápice.
Recordo-me de tanta, tanta coisa, que hoje não são mais do que isso; Recordações!
Meu Deus! Como o mundo mudou, como mudaram as mentalidades, como tudo é tão diferente.
Ainda trago nos ouvidos a doce melodia do “bom dia” que ía saindo de todas as bocas que eu ía encontrando enquanto me deslocava livremente para todo o lado, e ver as portas abertas das casas, que recebiam com alegria qualquer “transeunte” que nelas quisesse fazer uma pausa para conversar e saciar a sede.
Nunca consegui compreender muito bem, como o mundo sofreu tão forte “mutação” em tão pouco tempo. Como os filhos daqueles pais, que eu ainda conheci adquiriram uma personalidade e pensamento, que em nada se coaduna com a formação “primária” que lhes foi transmitida pelos seus progenitores e aperfeiçoada pelos seus professores.
No tempo dos meus avós, filho de sapateiro, era sapateiro, de carpinteiro era carpinteiro e todos sentiam orgulho em continuar a profissão da família. A honra, era a mais nobre das acções, e a palavra, a senha que abria todas as portas.
Honra e respeito, são agora palavras “nostálgicas” para quem ainda conheceu a essência do seu poder.
Por vezes, dou comigo a pensar que mudei de mundo sem ter mudado de lugar. Não consigo reconhecer actos que hoje são considerados legítimos, nem tão pouco compreender acções efectuadas tão “levianamente” e impossíveis de acontecerem há trinta anos, como a falta de respeito pelo semelhante, ou a mentira, usada nos dias de hoje como um “ás de trunfo” por muita gente para atingiram mais rapidamente os objectivos, e utilizada amiúde pelos Políticos e Governantes.
Os “valores fundamentais” extinguiram-se a partir do momento que as pessoas se cansaram de respeitar e serem respeitadas e de amar e serem amadas, para se entregarem a um modo de vida “plastificado”.
Há trinta anos não existia tanta tecnologia e as pessoas conseguiam viver e fazer as suas próprias descobertas (caseiras), e transmiti-la aos filhos que, se desenrascavam perfeitamente a fazer um bico mais forte ao pião, a fazer uma “forcalha” mais bonita para a “fisga”, a construir um carrinho de rolamentos com travões de solas de sapatos ou a construir um papagaio de papel com jornais, canas e trapos. A relação entre pessoas, era uma relação de entreajuda e respeito.
A partir de um determinado momento houve uma “revolução” tecnológica, que invadiu as “mentalidades” e tudo se alterou. De repente, quase sem ninguém se aperceber, as “playstations” e os computadores substituíram as brincadeiras de rua e aprisionaram os nossos filhos, condenando-os ao isolamento dos seus quartos, os telemóveis “roubaram” a magia da saudade, e “apagaram” a ansiedade, que nos causava aquele “aperto” carregado de carinho no coração, expondo os nossos actos a uma vulgaridade tal, que a maioria dos sentimentos simplesmente se perderam para sempre.
Assisti incrédulo (enquanto almoçava), há poucos dias, às imagens televisivas de uma aluna de 15 anos a agredir uma professora, pelo motivo de esta, lhe querer retirar o telemóvel que estava a perturbar a aula. Nesse momento, pensei serem irreais aquelas imagens da professora no meio de umas dezenas de “selvagens”, que tal qual, um grupo de “hienas” investia sobre uma vítima indefesa. Não vi só a aluna que agrediu e evitou a fuga da professora, reparei também na cumplicidade das outras personagens que não conseguiram ter capacidade de intervenção em defesa da razão, e que aproveitaram a situação para “curtirem”, regozijando-se com palavras “bárbaras”, repletas de sentimento ignóbil pela sociedade. Eu vi! Ninguém me disse. Eu vi igualmente alunos que mataram professores e colegas e se suicidaram em seguida, nos Estados Unidos. Vejo também, que os “valores fundamentais” são hoje, fósseis da “pequinês” humana que um dia deixou de ser humilde, e não se importou de os trocar por outros que as “modernices” lhes impuseram, para os quais, só os filhos estão adaptados.
Por outro lado, fico “pasmado” quando reparo que os professores mostraram uma força enorme para se manifestarem contra o “sistema de avaliação” dos mesmos, e nada fazerem para reivindicarem o seu estatuto de professores com autoridade na sala de aulas.
Pronto desculpem! Não vou dizer mais nada do muito que tinha para dizer. Mas é tão só a minha opinião. É claro que tenho direito á opinião, mas toda a gente tem o direito de não de estar de acordo com ela. Por isso, não vou dizer que estamos a entrar na “Era dos morcegos”. Daqueles que dormem de dia e andam de noite, sem serem padeiros, guardas-nocturnos e outras profissões (muito dignas) que dão “o pão-nosso de cada dia”.
Mas a minha dúvida subsiste!
De quem é a culpa?
É da tecnologia? É do Governo? É do Saddam Hussein?
Para finalizar, quero aqui fazer referência a algo que aprendi na escola (quando se dava atenção ao que o professor dizia, e era considerado imprescindível na nossa educação), e que era o facto de Portugal ser considerado um País pouco desenvolvido pelo motivo de ter na sua economia uma taxa elevada do Sector Primário (agricultura), e que os Países mais desenvolvidos tinham como taxa maioritária o Sector Terciário (Indústria). Agora que já passaram alguns anos, e reparo que a agricultura é rara neste País, tento reencontrar a confiança, a esperança, o amor e o respeito, mas em vez disso, encontro por todo o lado o ódio, a revolta, a indignação, a frustração, o egoísmo e a hipocrisia.
Será por isso que ainda hoje me refugio no Sector Primário?
Amanhã, um passarinho me responderá!
Manuel António